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Desacreditados contra a América 2 – Estudiantes

A Copa Libertadores de 2010 teve sua marca na história do futebol argentino. O pais viu Boca Juniors, River Plate, Independiente, Racing e San Lorenzo presos em território nacional, sem conseguir “autorização” da Conmebol para cruzar a fronteira. Ficaram de fora da competição que, juntos, venceram 16 vezes. Isso motivou o Futebol Portenho a criar a série “Desacreditados contra a América”, exaltando a qualidade dos clubes menores na busca pelo título.

Na edição de 2011 o Independiente confirmou presença para salvar a honra dos grandes de um segundo vexame consecutivo. Mas a Argentina ainda está de crista baixa quando se trata desta competição internacional. Seu melhor time caiu nas quartas-de-final para o Internacional, atual campeão. Por isso, cabe não só aos Rojos, mas também ao Estudiantes, Vélez Sarsfield, Argentinos Juniors e Godoy Cruz a missão de resgatar o orgulho albiceleste.

Começando a parte 2 da série, nada mais justo que falar do atual campeão argentino e representante nacional mais forte na Copa passada. Uma vez mais, o Estudiantes de La Plata chega com a moral mais alta e o elenco mais temido de todos. É o conjunto comandado por Alejandro Sabella que tentará recuperar a glória perdida para os Colorados nos minutos finais de um jogo histórico, com gol de Giuliano em meio a fumaça de Quilmes.

Depois daquela derrota, o grupo do ex-auxiliar de Passarella sofreu algumas baixas: Angeleri, Clemente Rodriguez, Cellay, Sosa e principalmente Boselli. No entanto, Roncáglia, Mercado, Hernan Lopez e La Gata Fernandez chegaram prontamente como peças de reposição. Se uniram a base vitoriosa dos anos anteriores para buscar o título nacional que também escapou no primeiro semestre. Só que desta vez, com foco concentrado.

Os Pinchas até iniciaram ofuscados pelo bom começo do River de Angel Cappa. Também se incomodaram por algum tempo com o assédio da seleção sobre Sabella. Apesar destes problemas, nunca deixaram de figurar entre os primeiros na tabela, mantendo assim o favoritismo, algo raro nos campeonatos curtos. Só perderam dois jogos fora de casa, pois em Quilmes conseguiram ganhar de todo mundo.

Não eram perfeitos, afinal contavam com um ataque de um homem só e que raramente passava de dois gols por jogo. Justamente nisso que os platenses deixaram a desejar em comparação ao principal rival, Vélez Sarsfield. O jogo final diante do Arsenal foi um pequeno reflexo disso. Sofreram por longos 70 minutos com a falta de tentos e a proximidade de um desempate contra o Fortín.

A força e a regularidade do conjunto, porém, fizeram a diferença contra o time de Sarandí, tal qual no resto do Apertura. Ganharam com méritos, sacramentando o sucesso numa temporada em que ninguém marcou mais pontos que eles.

Os desacostumados e os fãs do “jogo bonito” os criticam. Reclamam que falta criatividade à equipe quando Verón não está num dia inspirado. Os resultados, porém, falam a favor de Sabella e sua estratégia. Os triunfos só voltaram depois que implantou seu tática de um futebol pragmático, com um trio de zaga firme, um meio-campo de toques pacientes para um ataque abastecido apenas nas horas adequadas.

Grupo difícil

Apesar da moral de campeões, os Pinchas encontrarão grandes dificuldades na Libertadores. No grupo 7, já sabem que devem passar pelo Cruzeiro (rival da final em 2009) e o Guarani (campeão paraguaio no primeiro semestre). Para piorar, o Corinthians ainda pode aparecer caso passe pela fase preliminar, o que faria desta a chave da morte.

Talvez por isso, as especulações sobre reforços estão mais fortes que nunca no Estudiantes. De confirmado, apenas as saídas do lateral Rojo (Spartak Moscou) e do zagueiro Fernandez (Napoli). Para suprir o elenco após estas vendas, se fala em incorporar Cvitanich (Ajax), Nelson Benítez (San Lorenzo), Barrientos (Catania) e até o velho conhecido JM Díaz (River Plate).

Independente de quem chegue ou saia, ou até do grupo tenebroso que tem pela frente, dificil imaginar que alguém tire dos platenses a banca de força maior na Argentina. Se o país quiser sua honra de volta na Libertadores, muito mais provável que a consiga por eles.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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