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Elementos em comum entre São Paulo e Rosario Central

A banca de maior campeão internacional entre os times do Estado e uma amizade com o Chacarita são os fatores que a princípio aproximam São Paulo e Rosario Central, também campeões em torneios alusivos aos anos de 1971, 1980 e 1987 – os paulistas no Estadual, os rosarinos no Nacional. Além disso, houve razoável número de quem foi tricolor e canalla. Vamos à lista:

Teófilo Juárez despontou nacionalmente em 1928 pela seleção de sua Santiago del Estero no campeonato de províncias, badalado na época. Foi o primeiro título do interior e rendeu sua transferência ao Rosario Central. El Indio Juárez ainda rodaria por Chacarita, Tigre e pelos gigantes River e Racing, destacando-se sobretudo por River (de onde chegou a assinar contrato com o Atlético de Madrid, mas forçou a saída em virtude da Guerra Civil Espanhola) e Tigre. No Tricolor esteve apenas no Rio-São Paulo de 1940, chegando a deixar um gol, logo rumando ao Palestra Itália (atual Palmeiras).

José Poy foi simplesmente o maior da posição na história são-paulina até Rogério Ceni. Não é exagero: foi outro eleito em votações promovidas a cada doze anos pela Placar nesse sentido, em 1982 (ao lado de Sastre) e em 1994 (ou seja, já após as façanhas internacionais de Zetti; teve os votos de Alberto Helena Júnior, Carlos Miguel Aidar, Éder Jofre, Gino Orlando, Bellini, Laudo Natel e Lima Duarte, dentre outros), sendo enfim relegado por Ceni na de 2006. Ceni, aliás, que teve em cardíaca decisão por pênaltis contra o Central na Libertadores de 2004 o seu maior momento pelo São Paulo antes dos títulos virem em série entre 2005 e 2008.

Os dois clubes são amigos do Chacarita. Teófilo Juárez jogou nos três!

Poy foi igualmente estrela de um São Paulo x Rosario Central, mas defendendo ainda a equipe argentina em amistoso. Descoberto pelos tricolores na ocasião, defenderia os arcos são-paulinos por treze anos. A titularidade veio em 1950, quando o concorrente Mário ocupou-se na seleção paulista e foi mal. Poy chegou a ser sondado até mesmo pela seleção brasileira para a Copa de 1954.

O goleiro ganhou quatro vezes o Estadual como jogador e outra em uma de suas diversas passagens como treinador, em 1975. Radicou-se no Brasil e não escondeu a alegria pelo título de 25 anos atrás vir sobre seu velho rival Newell’s, sendo inclusive informante tricolor sobre o adversário. 

Vale ainda citar que em Rosario o sobrenome ficou mais célebre por conta do primo Aldo Poy, presente na Copa do Mundo de 1974. Poy, afinal, marcou o gol que eliminou o rival Newell’s na semifinal do Nacional de 1971, evento mais lembrado que o próprio título (o primeiro do futebol rosarino no campeonato argentino). Um gol de cabeça que Aldo repete continuamente desde então. La Palomita de Poy (“a pombinha” é como os argentinos chamam o cabeceio de peixinho) é constantemente pressionada pela torcida canalla para entrar no Guinness Book como “o gol mais comemorado do mundo”. Contamos aqui.

Os Poy: o goleiro são-paulino José veio do Central, onde o atacante Aldo viraria figura divina

O ano de 1953 teve um recorde de estrangeiros no clube. Além de Poy, integrou o time naquele ano outro ex-Central, o atacante Eduardo Di Loreto, que na equipe argentina venceu a segunda divisão de 1951, mas não chegou a entrar em campo pelo tricolor. O técnico também era argentino: Alejandro Galán, ex-boxeador mais conhecido pelo codinome Jim Lopes, de longa trajetória em equipes paulistanas antes de fazer seu nome na terra natal, em trajetória inversa ao normal. Trabalhou no Central entre 1962 e 1963, obtendo um quinto lugar em 1962 enquanto o rival Newell’s padecia na segundona. 

O ponta Mário Sérgio esteve no Rosario Central por cerca de um semestre em 1979, brigado com o Botafogo. A estadia na Argentina não lhe foi feliz, com somente quatro partidas e sentimento de solidão, embora ele reconhecesse que serviu para incorporar a combatividade a seu estilo de jogo. Fez força para ir embora ao saber do interesse do Internacional, chegando naquele mesmo ao ao time que seria campeão nacional invicto. Mas foi pelo São Paulo que, já veterano, chegou à seleção, no embalo do bi estadual da “Máquina Tricolor” em 1980-81. Contamos aqui a trajetória rosarina da carreira do “Vesgo”.

O zagueirão paraguaio Celso Ayala chegou ao futebol argentino primeiramente para defender o Rosario Central, em 1994. Disputou apenas um Apertura bem nivelado: os canallas ficaram em nono, mas a seis pontos do vice. O campeão foi o River, que levou Ayala para uma carreira consagradora em Núñez. Ele esteve no São Paulo para a Copa João Havelange, em 2000, sob empréstimo (jogava no recém-rebaixado Atlético de Madrid, onda a dupla de seleção com Gamarra não fez o mesmo sucesso).

Mário Sérgio e Jonatan Gómez

Ayala foi avaliado como um dos dez melhores zagueiros do torneio pela Placar, chegando a estar até em segundo na Bola de Prata da posição, embora frequentemente se ausentasse por contusões ou por compromissos com a seleção paraguaia. Sua esposa não teria se ambientado e o defensor voltou ao River no início de 2001. Depois dele foi a vez de Edgardo Bauza. Como jogador, segue simplesmente sendo o quarto maior zagueiro-artilheiro do futebol, sendo o máximo goleador profissional do Central no clássico com o Newell’s. Deu o azar de ser contemporâneo e conterrâneo do segundo maior: Daniel Passarella, ainda mais fenomenal.

Bauza foi o artilheiro canalla também na campanha campeã nacional de 1980 e esteve também no título da temporada 1986-87, voltando a Arroyito para defender um elenco que acabara de vencer a segunda divisão e assim conseguiu um raríssimo bicampeonato com a elite. Teve sucesso também como treinador, comandando a equipe semifinalista da Libertadores de 2001, o mais longe que o Central chegou na competição. El Patón a venceria em 2008 e 2014, tirando no torneio a virgindade do futebol equatoriano (com a LDU) e a do San Lorenzo. Com esse cartaz, chegou ao São Paulo em 2015 e, com um elenco limitado, voltou às semifinais de La Copa, saindo apenas para assumir a seleção.

O último nome em comum foi o meia Jonatan Gómez. Foi profissionalizado no Rosario Central, vivenciando o rebaixamento em 2010. A partir dali rodou por diversos times, encontrando-se no futebol colombiano, sobretudo no bom momento do Santa Fe. Chegou em meados de 2017 a um São Paulo “argentino” (com Julio Buffarini e Lucas Pratto), mas não manteve a boa fase. No início desse ano, foi emprestado ao futebol saudita.

Maior momento de Rogério Ceni no São Paulo antes dos títulos em série de 2005-08 foi na decisão por pênaltis contra o Rosario Central, em 2004

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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