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Em meio à “terra arrasada”, quem será o novo técnico da seleção da Argentina?

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A confusão segue assolando o futebol argentino, em vista do que hoje representa a sua federação, a AFA. Martino renunciou, após inúmeros desgastes e agora a pressa é para encontrar um técnico que possa coamndar a Albiceleste. Nomes são muitos; dificuldades para fechar com um deles, maiores ainda.

Terra arrasada é o termo que melhor se presta ao estado em que se encontra a Associação de Futebol da Argentina, A AFA. Ninguém assume a responsabilidade para resolver o problema. Com medo de gastarem capital político, o máximo que os cartola fazem é pensar em ações conjuntas; ações assinadas por todos e que mascarem a responsabilidade pelos erros. Fosse somente isso e estaria bem. O fato é que sequer concordam em torno de como seria a cota de cada um na tomada de decisões.

É válido dizer que todos eles têm uma noção quase precisa de como anda a situação. Mas daí convém decretar: até por efeito disso cada um deles pensa muito bem antes de colocar o pé no que considera um terreno movediço. Após a Copa América, Martino desembarcou em Ezeiza disposto a entregar o cargo. Ninguém foi a seu encontro, pois sabia que recairia sobre suas costas a decisão em aceitar a renúncia. Todos eram indiferentes a Martino: nem gostavam e nem desgostavam do Tata. Simplesmente o toleravam, pois tinham coisas mais importantes a fazer. Em meio à crise, no que mais investiam era em algum tipo de ganho oportunista de capital político. Levaram a situação desta forma até o momento em que a crise assumiu a dimensão atual. A partir daí quaisquer associações de seus nomes à entidade significava não apenas perder a poupança de prestígio acumulado recentemente como todo aquele que construíram ao longo de suas vidas públicas.

Como dissemos em matérias anteriores, Martino não recebia salários há muitos meses e, no lugar de salários, chegavam-lhe às mãos apenas cheques sem fundos. Pior que isso era sentir-se só em termos de assumir toda a responsabilidade pela preparação da equipe, dar a cara a tapa e engolir um desgaste por dia. Difícil saber o que era esta situação. Fosse o que fosse, contudo, ela não chegava perto das dificuldades com a preparação da seleção olímpica. Os treinos começariam em 15 de junho, mas isto não aconteceu. O início foi remarcado então para a primeira semana de julho. Nada disso aconteceu.

Dois problemas permeiam os acontecimentos em torno da não preparação. O primeiro é que os negociadores da AFA para pleitear a liberação de jogadores não existiam. Pode parecer pouca coisa, mas os clubes não têm obrigação de liberar seus jovens para os Jogos Olímpicos. Isto requer negociação corpulenta, agressiva e baseada em chantagem, ameaças; brigas de bastidores das quais as pessoas não dispõem da mínima noção do caráter nefasto de seus rounds.

Pobre de quem, no entanto, pensava que o problema parava por aí. Quando retornou dos EUA, “el Tata” sequer podia treinar com os poucos nomes à sua disposição. Não havia grana para custear o operativo. Tanto é assim que nem mesmo havia a “platita” para as refeições dos atletas e para o seu mate do fim de tarde. Martino não aguentou, mandou a AFA para o inferno e depois se mandou.

Julio Orlaticoechea foi designado “por alguém” como o novo técnico da Olímpica argentina. Imediatamente, o treinador disparou esforços gigantescos para negociar a liberação de jogadores. A listinha aos poucos foi se formatando até chegar nos 18 nomes anunciados na data de ontem. Contudo, alguns já sustentam que ela não pode não ter utilidade alguma. Acontece que a Argentina corre riscos de ficar de fora da Olimpíada. O Uruguai já se apresentou para substitui-la. Em Buenos Aires, fecham em 50% as chances de que a jovem Albiceleste desembarque mesmo no Rio de Janeiro.

E quanto ao nome do técnico que vai comandar a Argentina nas Eliminatórias? Outra história. Qualquer nome que hoje apareça é mera especulação. O mesmo se pode dizer sobre o interesse dos técnicos em assumir essa “bucha-de-canhão”. Vejamos. Especulam-se Diego Simeone, Pocchetino, Bielsa, Sampaoli, Pékerman, Gallardo, Antonio Mohamed, Ramón Díaz, entre outros.

Diego Simeone não pretende atuar por uma seleção, pois não deseja perder a dinâmica de um clube. Ele tem energia demais para ficar vendo jogos e se encontrando raramente com o elenco para treinar. Além disso, o Cholo é acusado de não ter bom relacionamento com as estrelas. Há exagero na suspeita, mas há nela um fundo de verdade. Simeone não abre mão de que em seu esquema nenhum jogador é mais importante que o grupo dentro de campo. Neste sentido, seu esquema não reconheceria o brilho de Messi, por exemplo. Reforçariam esta tese o fato de que Vietto e principalmente Correa são subaproveitados no Atlético. Correa não é nenhum rebelde da causa coletiva, mas é claro que sua cabeça e seu futebol se irmanam na forte convicção de que em algumas situações sua capacidade individual de resolver um jogo esnoba da inflexibiidade do Cholo quanto à obrigação dos atletas em se doarem quase que somente para o jogo coletivo da equipe. Na final da Champions, o que mais os colchoneros precisavam era da individuaidade do ex-atacante azulgraná. Porém, Simeone preferiu perder a partida do que levar Correa a campo. Se a seleção se daria bem com Simeone é controverso, mas se ele parece pouco disposto a aceitar o seu comando, muitos dos cartolas da AFA estão no mesmo barco. Ao contrário do que dizem por aí, nem todos o querem à frente da Albiceleste.

Bielsa e Sampaoli são detestados por muitos dos dirigentes “que circundam” a AFA. O que ambos fizeram no Chile ninguém pretende que façam na Argentina. Inúmeros chilenos estão entre os jogadores mais importantes do mundo. Nem todos eles pelo destaque individual, mas pela inteligência tática que demonstram dentro da cancha. Isto vem acontecendo desde a época de Loco Bielsa: foram anos de ensino e, da mesma forma, um longo e necessário tempo de aprendizado. Mudaram o patamar do Chile definitivamente. Poderiam recuperar o nível da Argentina. Mas ningém na AFA pretende que algum técnico tenha tanto poder e destaque. Da mesma forma, Bielsa dificilmente aceitaria. Quanto ao “Hombrecito”, ele chegou a dizer que se o convite sugisse não titubearia em aceitá-lo. Mas entre esta afirmação e colocar na mesa as exigências para os cartolas, há um abismo quase intransponível.

Pochettino, Pékermán, Bauza e Turco Mohamed estão muito bem empregados e não deixariam suas equipes com facilidade. Principalmente os treinadores da Colômbia e Tottenham. Mohamed poderia ser o caso de quem pensaria seriamente no assunto. Mas tampouco ele agrada. Nem no Independiente el Turco receberia apoio para assumir o banco da Abiceleste.

Dois outros nomes são especulados. Um deles é Gallardo; o outro, Ramón Díaz. O primeiro está bem no River, mas os dirigentes teriam simpatia em liberá-lo para a seleção. Não sabemos de onde vem tamanha gentileza e se ela realmente é “gratuita”. Já Ramón Díaz é mais especulados por jornalistas argentinos do que pelos senhores “invisíveis” da AFA. No entanto, sua passagem pela seleção do Paraguai não foi das melhores. Custou muita grana para a federação guarani e devolveu pouco em termos de resutados. E como não poderia faltar a piada, “Narigon” Bilardo já se ofereceu para ser o chefe do banco albiceleste. De quebra, como é de seu costume, já tratou de criticar o “Hombrecito”: “Quem é Sampaoli? Estamos todos loucos?”. Além disso, perguntado sobre a possibilidade de Caruso Lombardi, Bilardo riu por alguns minutos. Mas aí ele está certo, pois Caruso de fato é uma piada pronta.

Sebastián Verón foi encarregado, ninguém sabe por quem, de tratar de buscar um novo técnico para a Albiceleste. Ninguém sabe sequer se ele é um representante formal para tal empreitada. Contudo, a AFA e a seleção argentina tem vivido de alguns esforços individuais. Foi assim na liberação de 18 ateltas para a Olimpíada; está sendo assim nos esforços relevantes de “La Brujita” Verón na busca de um novo comandante para a seleção principal.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

One thought on “Em meio à “terra arrasada”, quem será o novo técnico da seleção da Argentina?

  • e realmente, argentina passa por momentos difíceis, herança maldita do grandona mas, será preciso escolher presidente da afa, recuperar administrativamente a presidencial platina, devolver o futebol aos argentinos, dando padrão organizacional, reestruturar do associação de futebol argentino, buscar qualidade na gestao do futebol plantino. que material humano bom, argentina tem de sobra.

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