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Especial – Boca Juniors de volta à Copa Libertadores

Após a vitória sobre o Godoy Cruz neste domingo, está garantido: o Boca Juniors tem retorno assegurado para a Copa Libertadores em 2012. O segundo time mais vitorioso da competição intercontinental saiu da crise. Dois anos longe do resto da América, algo inédito desde a década de 90. Voltam o brio e a mística Xeneize que todos os adversários temem, mas dependendo do resultado no Apertura 2011, pode não ser um reencontro tranquilo.

Pelo fato de estar a um empate do caneco nacional, tudo leva a crer que os comandados de Julio Cesar Falcioni ocuparão o posto “Argentina 2”, como cabeças de chave do grupo 4. A única equipe totalmente definida neste posto é o Zamora-VEN, estreante no torneio. Outro dos participantes virá do Brasil, cuja vaga está em dúvida entre Fluminense e Flamengo. A última equipe vem da primeira fase, onde o Arsenal de Sarandí espera um time do Peru (Universitário, Huancayo, León de Huánuco ou Juan Aurich) como oponente.

Dentre estes possíveis adversários, algumas boas lembranças, enquanto outras o hincha bostero prefere esquecer. Caso conquiste a vaga confusa vinda da Sul-Americana, o Universitario de Lima reencontrará um dos principais rivais dos anos 70. Na capital peruana, davam trabalho ao Boca, mas no geral a vantagem é argentina (4 vitórias do Boca, 3 do Universitário e 1 empate).

Quanto à dupla Fla-Flu, duas sensações opostas. Contra os rubronegros, alegria vinda dos pés de Batistuta e Latorre depois de vencer nas quartas-de-final em 91. Já contra os Tricolores, a amarga eliminação em 2008, quando Migliore protagonizou falhas diante de Dodô, Thiago Neves e cia. no Cilindro. Os outros possíveis participantes do grupo 4 ainda não enfrentaram o Boca na história da competição.

Nenhuma destas equipes, porém, tem uma trajetória tão harmoniosa com o espírito da Libertadores quanto a do clube da Ribera. Uma história que começou conturbada, pois no ano da estreia, em 1963, o torneo Nacional ainda tinha mais importância. Todavia, o sucesso da trupe de Sanfilippo e Paulo Valentim ao longo do campeonato deu ânimo para ir atrás do título inédito para equipes argentinas. Olímpia, Universidad de Chile e Peñarol ficaram no caminho, mas não o poderoso Santos de Pelé.

O primeiro grande triunfo demorou até o fim dos anos 70. 14 anos após aquela final, seis desde a última Libertadores em que saíram da primeira fase com duas desistências. Sob o comando do brilhante Juan Carlos Lorenzo, e com Roberto Mouzo no ataque, tinham um estilo calculista bem parecido com o de Falcioni hoje, numa campanha que começou contra o River Plate, e terminou num triunfo nos pênaltis contra o Cruzeiro. No ano seguinte, a facilidade de começar tudo nas semifinais simplificou o caminho do Bi. Apenas o Galo Mineiro, as “Gallinas” e o Deportivo Cali numa volta olímpica invicta. Infelizmente, no ano seguinte o Olímpia quebrou a sequência.

Durante os anos 80, as oitavas-de-final foram o máximo aonde os Xeneizes chegaram. Na década de 90, como dito acima, Batistuta e Latorre levaram o clube a semifinal. Só os campeões do Colo-Colo puderam parar o ímpeto daquela equipe. Mas foi só. Em 94, a pior goleada da história na competição, para o Cruzeiro (1 x 6). Levou tempo até que o clube se tornasse a potência continental que é hoje. Tudo graças a um homem: Carlos Bianchi.

El Virrey já tinha um título de Libertadores com o Vélez. Com Riquelme, Palermo, Delgado, Samuel, Ibarra, Bermudez e Schelotto no elenco, foi ainda mais fácil. Ainda assim, alguns jogos foram tão difíceis a ponto de se tornarem memoráveis. As quartas-de-final, quando Palermo marcou mancando na Bombonera contra o River. As semifinais, quando o gol de Samuel no Azteca salvou o time da eliminação para o América. E a final, na decisão por pênaltis diante do Palmeiras em pleno Pacaembu.

Ainda sob o comando do Virrey, Vasco, Palmeiras e Cruz Azul (outra vez nos pênaltis), não resistiram a mais um Bi seguido do Boca Juniors, em 2001, diante do brilho ainda mais intenso de Schelotto. No ano seguinte, por coincidência ou não, o Tri não foi possível sem Bianchi. Só quando ele voltou, em 2003, que Tevez pode crescer e derrubar os Meninos da Vila do Santos, no Morumbi. Mas tê-lo no comando não era garantia de caneco, pois a retranca do Once Caldas impediu o Hexa.

Foi preciso uma espera de três anos e o retorno de outro grande ídolo para que a sexta volta olímpica se tornasse realidade. Riquelme viveu seu auge individual no Boca Juniors ao conduzir a equipe de Miguel Angel Russo quase sozinho na campanha de 2007. Vélez, Libertad, Cúcuta, Grêmio… Todos eles vítimas de um camisa 10 digno do número que vestia.

Román ainda é um dos protagonistas Xeneizes, mas já não é indispensável como naquela época. Aliás, do time que garantiu a vaga antecipada na Libertadores 2012, apenas Clemente Rodríguez permanece como titular, o que reflete a renovação que sempre foi tão difícil em Casa Amarilla. Prova destes novos tempos está no novo ponto forte do Boca Juniors: a defesa. Schiavi já prometeu jogar por mais seis meses antes de aposentar, Insaurralde enfim rende como nos bons tempos de Newell’s, e Roncáglia protege bem a lateral direita. A única e mais importante indefinição está no comando, pois Falcioni pode não ficar após o título do Apertura.

Retrospecto do Boca Juniors na Libertadores:

22 participações: (Títulos – 1977,1978,2000,2001,2003,2007)
(Finalista – 1963,1979,2004)
(Semifinal – 1965,1966,1991,2008)
(Quartas – 1970,2002,2005)
(Oitavas – 1989,2009)
(Fase de grupos 1971,1982,1986,1994)

222 jogos: 117 vitórias, 51 empates, 54 derrotas. 344 gols feitos, 208 gols sofridos

Principal rival (River Plate): 22 jogos; 10 vitórias, 6 empates e 6 derrotas

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

View Comments

  • Somos a filial da LA12 aqui em são paulo e estamos muito felizes com a volta do Boca à libertadores. Ano que vem va mos com tudo mais uma vez.

  • Pow, só os time de Fluminense e Flamengo estão na disputa da vaga da libertadores?? Inter e coriitiba tbm tem chances sabia??

  • Olá Anderson, tudo bem?

    Agradecemos a sua visita do site. Quando destacamos Fluminense e Flamengo, foram apenas alguns exemplos que citamos, pois sabemos que até o Botafogo, que depende de uma vitória e uma série de combinação de resultados, tem chances de ir para o torneio Sul-Americano.

    Abraços e continue nos seguindo!

  • Anderson, a vaga no grupo em questão, o grupo 4, só pode ser ocupada ou por Fluminense ou pelo Flamengo, pois são os únicos com pontuação para chegar ao 3º lugar no Brasileirão.

    As outras vagas em disputa são para a primeira fase, ou a pré-Libertadores.

    Obrigado pela participação.

  • Qualquer um dos adversários, Fla ou Flu não deve nada ao time do Boca, seram 2 jogos incríveis e imperdíveis.
    Pena o Maracanã não estar aberto, era jogo para 80 mil pessoas.
    E tomara que seja o meu Mengão.

    SRN

  • Renato, vai ser a mesma história de todos os anos: Neymar é o melhor do mundo, Brasileirão o melhor e mais equilibrado campeonato do mundo, só o Boca assusta, etc;

  • A volta do Boca para a disputa da Libertadores de 2012 é muito boa, na minha modesta opinião Libertadores sem Boca não é Libertadores

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