Libertadores

Gol agônico de Santiago “el Tanque” Silva coloca o Boca nas semifinais da Libertadores

Ele precisava só de uma bola para marcar. Ela chegou aos 45 minutos do segundo tempo. E "el Tanque" Silva guardou

No estádio do Engenhão, no Rio, o Fluminense pareceu mais treinado que nunca para a vitória. Desde o apito inicial de Ossés foi o Flu quem partiu para o ataque buscando a marcação de seu gol. Tentou de várias formas sem obter sucesso. Contudo, o conseguiu de uma maneira insólita, através de uma cobrança de falta de longa distância, em que Carleto contou com a desatenção do porteiro Orión. Ainda assim, o Boca não se encontrava em campo. Não criava e só tocava a bola no campo de defesa. Estava longe de ser aquela equipe que poderia ter goleado o Fluminense na Bombonera. Na segunda etapa, a atitude mudou da água para o vinho. Mas só na atitude. Em campo, a equipe encurralava o rival no seu campo de defesa, mas pecava na criatividade e na definição das jogadas. Contudo, bastou isso para chegar ao gol. Bastou a Santiago Silva que tivesse somente uma bola para guardar. E ela chegou aos pés do Tanque aos 45 minutos de jogo. Sem tempo para reagir, restou ao brioso elenco tricolor que chorasse, enquanto os xeneizes comemoravam mais uma semifinal na história do grande “bicho-papão” da América do Sul.

Desde os primeiros minutos, o Fluminense tentou controlar as ações, principalmente no campo de ataque. Porém, ao chegar neste setor perdia profundidade e insistia no chuveirinho para a área. Já o Boca procurava tranquilizar o jogo, recuando suas linhas e se preparando para o contragolpe.

O Fluminense detinha o domínio do jogo, mas errava muito no ataque e na maneira de lapidar a jogada para a definição dos atacantes diante de Orión. Até que aos 16 minutos, Carleto cobrou uma falta de longuíssima distância e guardou. Um frango de Orión para uma bola totalmente defensável: 1×0 Fluminense.

Porém, nem mesmo com o gol de abertura do placar as equipes se modificaram em campo. O Boca Juniors contiuou sem saída para o ataque e com o toque curto e sem muito sentido no campo de defesa. Disto resultou que o Tricolor criou mais chances e por detalhes não saiu da primeira etapa com uma vantagem ainda maior. No Flu, Sóbis, Carleto e Gun foram os melhores; no Boca, Rivero, Schiavi aqueles que se salvaram de uma primeira etapa para ser esquecida.

No segundo tempo, a postura do Boca foi outra desde o início. Os xeneizes adiantaram a marcação e também contaram com certo recuo do próprio Fluminense que pareceu querer trabalhar com o resultado parcial e chegar apenas na tranquilidade no campo de ataque. Mas, com exceção dos primeiros minutos, o Boca Juniors não conseguia transformar sua melhora em campo em jogadas efetivas de perigo. E pouco a pouco foi o Flu quem foi chegando com mais perigo no ataque. Aos 15 minutos, Thiago Neves fez um cruzamento forte, e à meia altura para a área, e Sobis desviou levemente na pelota. Ela passou perto do arco de Orión, que ficou só na torcida.

Contudo, o embate para o Boca pedia coração, já que o jogo articulado da equipe não acontecia como protagonizara Falcioni. E os de La Ribera foram para cima do Flu. Virando bola de um lado a outro, apostando nas arrancadas de Mouche, que entrou no segundo tempo, nas saídas de seus volantes e apostando nas bolas paradas, o Boca Juniors começou a amedrontar a defesa, a torcida e principalmente a comissão técnica do Flu. No banco, Abel Braga dava apenas uma ordem a seus jogadores: “falta mais um, falta mais um…”. Parecia que estava advinhando. Não que mais um tento resolvesse o jogo para o Flu, caso o gol de Silva ocorresse no fim do cotejo. Mas o gol poderia fazer o Tricolor adotar definitivamente a postura defensiva. No meio tempo de tudo isso, Rafael Moura teve a boa do jogo para matar a partida. Perdeu e deu a chance para o azar.

Na comemoração, Silva "acaricia" cabeça de Thiago Neves

Como o Fluminense não encaixava mais contra-ataques era o Boca Juniors quem mandava na partida. O tempo passava e a decisão via cobrança de pênaltis parecia ser o cenário de horror que pouco a pouco se achegava no Engenhão. Até que no último minuto, Rivero recebeu uma bola no flanco direito e arrancou feito um foguete para a área de Cavalieri. Ao arrematar cruzado, a pelota encontrou a trave, uma das mãos do porteiro e, sobretudo, o oportunismo de Santiagao “el Tanque” Silva. Até então o atacante charrúa não havia recebido nenhuma bola com chances de marcar. Bastou uma. E ele guardou. Com o resultado, o Boca Juniors chega a mais uma semifinal de Libertadores de America. Seu rival pode sair do duelo entre “La U” ou Libertad, ou mesmo ser o Vélez, caso os fortineros passem pelo Santos na Vila. Contudo, o que realmente importa é que o Boca chegou. E agora é definitivamente o favorito para a conquista da Copa.

Formações

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Anderson, Thiago Carleto; Edinho, Jean, Wagner, Thiago Neves; Rafael Sobis e Rafael Moura. Técnico: Abel Braga.

Boca Juniors: Agustín Orión; Facundo Roncaglia, Rolando Schiavi, Juan Manuel Insaurralde, Clemente Rodríguez; Diego Rivero, Cristian Erbes, Walter Erviti; Juan Román Riquelme; Santiago Silva e Darío Cvitanich. Técnico: Julio César Falcioni.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

10 thoughts on “Gol agônico de Santiago “el Tanque” Silva coloca o Boca nas semifinais da Libertadores

  • Diogo Terra

    Melhor foto de todas: https://p.twimg.com/AtnvpKECEAAq55h.jpg

    Não era ele que fez o “gol do título” em 2008, contra a LDU? :-D

    Mas temos que melhorar. Claro que o gol deles chegou de bola parada e com desvio no Rivero, mas não dá pra se deixar dominar desse jeito sem reagir. Perdia-se a bola com facilidade no meio, o que obviamente implica em menos criação – ainda que se reconheça o quão copeiro esse time do Fluminense se mostrou.

    Espero que o Ledesma volte logo, por mais que o Erbes até nem tenha jogado tão mal assim.

    Riquelme diz no Cancha Llena que quer jogar domingo, contra o Godoy Cruz. Não deveria. Mas duvido que o Falcioni – que nem tem esse poder com o grupo – vete.

    Sei que há torcida pelo Vélez, mas a lógica indica que vamos pegar a U. Jogo de volta no Chile promete.

  • Joza Novalis

    Valeu Diogo. Já no post. Grande abraço.

  • Joarly

    Diego Terraa eu Rachei os bico na sua foto ‘ eu tavo com a bandeira do la 12 akie na minha mao ‘ Quando saiu o gol ‘ ate minha mae gritou ‘ dale Boca ‘ Dale Boca ‘…Revanche bem feitaaaaa.. Dale Boca amigo sempre

  • Douglas

    Foto épica de “Pelado” Silva acariciando o “craque” TN7….rsrsrs

  • flu e vasco cometeram os mesmos erros, durmiram e acharam q tudo ia ser definido nos penaltis…
    concerteza boca x l.d.u santos x corinthians

  • Da lhee Boca amigos saudações xeneize o que foi isso não deu para ver o jogo estavo trabalhando, mais estamos nas semis /

  • Maicon

    Obviamente fizeram falta ao Flu Fred e Deco, mas a classificação do Boca foi merecida. Nestas horas, uma camisa pode pesar e a larga experiência e tradição do Boca na Libertadores faz a diferença.

  • Felipe

    Ontem foi mais emocionante que os 26 penaltis do jogo contra o Olimpo, nas quartas da Copa Argentina. A impressão que deu é que o Boca jogou encagaçado no primeiro tempo. Tem um time com limitações, mas é bem postado em campo, tem raça e tradição. Não dá pra ficar esperando o adversário jogar. Se quiser ser campeão, está na hora de começar a se impor, porque agora é briga de cachorro grande! DÁ-LE BOO!

  • Felipe

    Aliás, mais um ótimo texto, Joza! O blog do futebol portenho está de parabéns!

  • Luciano Filho

    Apesar do gol salvador e do aparecimento da velha mística e sorte dos xeneizes na Copa, foi um jogo para aprender o que não se pode fazer qd joga fora de casa, já que com a eliminação do brasileiro Vasco da Gama o Boca decidirá fora de casa até o fim.
    Era p/ ser o típico jogo clássico do Falcioni, jogando bem fechadinho, preenchendo os espaços e aproveitando os contra-ataques. Mas isso não funcionou. Não senti a segurança característica desse novo Boca. Resta o aprendizado para a próxima fase.
    E lembrem-se: o verdadeiro campeão voltou!

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