Primeira Divisão

Huracám decepciona em Puerto Ordaz: perde do Mineros e é eliminado da Libertadores

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Em Puerto Ordaz, o Huracán se apresentou para o duelo que poderia render sua classificação às oitavas de final da Libertadores. E o Globito dependia somente de si. Contudo, em campo acusou o desgaste talvez assombroso da retomada de seu futebol ainda na B Nacional, que levou à equipe a uma campanha fenomenal na Copa Argentina e o levou à última rodada do grupo com chances de chegar à fase decisiva do principal torneio continental. A equipe de Apuzzo dormiu em campo, principalmente os homens de seu sistema defensivo. Valoyes, o mesmo que marcara os únicos tentos do Mineros na competição, e justamente contra o Globo, foi um dos nomes do jogo, assim como Acosta e Luois Peña. No fim, o resultado de 3×0 serviu de incentivo para o bom clube do incipiente futebol venezuelano. Contudo, não serviu de nada para o Globo, que poderia até ser eliminado da Libertadores, mas não como foi.

A ideia era a de que o Globo fosse para o ataque e tentasse fazer logo um gol para valorizar a posse de bola, ficar na boa e até contar com o despreparo e desespero do rival para, quem sabe, até golear o seu anfitrião. Não que o Globo não tenha tentado. Mas pecou em não forçar um pouco mais, já que o time local sai da Libertadores com uma das mais débeis defesas da competição. Mas todo mundo parecia dormir no Globito. Ábila toda a hora ficava impedido, e até fez um gol impedido, assim como o gol de Edson Puch, na segunda etapa.

Mas era na defesa que o excesso de “asado” fazia efeito. Era todo mundo correndo com atraso atrás da redonda. Era todo mundo deixando os ponteiros rivais passarem sem a devida contenção. Era todo mundo permitindo que o fraco Mineros tramasse com a pelota na frente de seus vários rivais “não combatentes”, sem que algum “combate” decente ocorresse. No primeiro gol, Peña fez o que quis na lateral direita da área de Marcos Díaz e serviu para Valoyes completar de cabeça. Eram seis homens do Huracan contra apenas quatro do anfitrião: Mineros 1×0.

No segundo gol foi ainda pior. A defesa quemera foi deixando Jorge Guerra chegar e no lugar de bloquear o ataque rival, os homens de Apuzzo recuaram em demasiado para proteger a área de Díaz. No lance do gol, havia cinco homens do Huracán contra três do Mioneros. O conjunto venezuelano entrou como quis e mais uma vez Valoys foi o nome do gol: 2×0 Mineros.

Pouco pode se falar da exibição fraca de “Wanchope” Ábila. Não só porque ele nada jogou, mas porque a pelota sequer chegava bem aos seus pés. Isto porque quando havia alguma construção decente de uma jogadinha, o último passe era uma miséria. Ou ele não chegava em Ábila ou chegava de qualquer jeito. E para piorar, o próprio atacante denunciava uma possível esticada básica até o Brasil para comer aquela feijoadinha maneira. “Wanchope” se arrastava. Em boa parte das vezes em que estava impedido era porque estava voltando, lento e atrasado, do setor de ataque.

No segundo tempo, o Huracán voltou com mais vontade e mandou uma ou outra bolinha para a área do porteiro rival. Mas isto acontecia tão raramente que chegava a chamar a atenção. O Globo não sabia pressionar, não sabia abrir o jogo pelos flancos e não sabia como fazer aquele joguinho do contragolpe. Em vez disso, o Mineros deixava claro que desejava vencer para dar uma satisfação à sua torcida. Sendo assim o sono do Huracán estava na proporção inversa do afã que a equipe venezuelana demonstrava.

Bom, se não tem futebol vamos para o abafa, né!? E esse foi a postura do Huracán no segundo tempo. Não vamos dizer que estava adiantando, longe disso. Mas ao menos a pelota ficava mais nos pés da equipe argentina. E foi neste momento que veio o balde de água fria. E o nome disso foi o gol de Rafael Acosta, o terceiro para o conjunto local e que serviu para bloquear as últimas vibrações nas artérias quemeras. Com o placar de 3×0, contra, o Huracán teve sua derrota sacramentada, assim como sua eliminação da Libertadores.

Normal imaginar a eliminação quemera na competição. Contudo, ficou a sensação de que o Globo poderia ter feito um pouco mais. E prova disso foi que o Globo empatou suas duas partidas com o Cruzeiro, o líder final do Grupo 3. Também se fazia aceitável a eliminação e até o placar de 3×0, mas para uma equipe que tivesse um nível acima do atual estágio do conjunto de Apuzzo. E embora o resultado tenha sido justíssimo, ficou claro que o Mineros dispunha de menos futebol do que o Huracán. Então, talvez seja isto o que mais frustre aos torcedores quemeros na Argentina e até aqui no Brasil. Contudo, é preciso valorizar os esforço dos jogadores do Huracán, de seu treinador, Apuzzo, e dos demais membros da comissão técnica. Que o Huracán retorne o mais breve possível à principal competição futebolística da América do Sul.

Formações

Mineros: Luis Romero; Anthony Matos, Luis Velázquez, Edixon Cuevas, Alberto Cabello; Louis Peña, Edson Castillo, Rafael Acosta, Jorge Guerra; Rubén Rojas e Zamir Valoyes.

Huracán: Marcos Díaz; Federico Mancinelli, Hugo Nervo, Eduardo Domínguez; Luciano Balbi, Lucas Villarruel, Federico Vismara; Edson Puch, Patricio Toranzo, Alejandro Romero Gamarra; e Ramón Ábila.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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