Primeira Divisão

Independiente venceu. E agora, o que muda?

Jogadores do Rojo comemoram vitória com constrangimento. Sabem que não dependem mais de suas próprias forças
Jogadores do Rojo comemoram vitória com constrangimento. Sabem que não dependem mais de suas próprias forças

Rigorosamente nada. Ao menos é assim, se todos os rivais do Rojo não fizeram das suas para salvar a equipe vermelha de Avellaneda. De agora até o fim da temporada, o Independiente terá de vencer todos os seus jogos. Ainda assim vai ser rebaixado se os rivais não ajudarem. E diante do Argentinos Juniors, no Libertadores de América, não apenas o conjunto local fez sua parte, como infligiu justamente uma derrota a um de seus rivais. Só que infelizmente parou por aí. O San Lorenzo empatou, enquanto o San Martín bateu no virtual rebaixado, Unión Santa Fe. Com um ótimo segundo tempo, a equipe de Brindisi fez 3×1 no Bicho de La Paternal.

Tivemos um jogo de dois tempos em que o primeiro foi de dar sono, tédio e desânimo. Ninguém predominou na partida e o setor de ataque parecia mais com um deserto do que com um campo de futebol. Com um jogo parelho em que a mediocridade reinou, os primeiros 45 minutos terminaram no zero.

Já na segunda etapa, o Rojo voltou com outra disposição e, ao adiantar sua marcação, fez o Bicho se perder nas poucas trocas de bola e na dificuldade de acionar as jogadas de contragolpe. Após chegar com perigo por duas vezes à meta do Bicho, aos sete minutos saiu o primeiro gol. Bola alçada para a área e Galeano a colocou no arco de Ojeda: 1×0.

Com o gol, a disposição do conjunto local pareceu se agigantar ainda mais em campo. Ao mesmo tempo em que a pelota era levada ao ataque por ambos os lados do campo, pelo Rojo, o Argentinos insistia em explorar a infiltração pelo meio, setor amplamente congestionado por jogadores de uma equipe e de outra. Para combater a eficiência do rival, o Bicho resolveu tirar as ferramentas do caixote. Após um excesso de falta, a equipe da Paternal perderia Julio Barraza, minutos depois, expulso com justiça pelo árbitro Mauro Vigliano.

Porém, 10 minutos após a abertura do placar, o visitante teve sua melhor chance na partida. Reinado Lenis não desperdiçou e arrematou de fora da área para guardar: 1×1. O gol pareceu mais um fato isolado que qualquer outra coisa. Tanto é assim que o domínio do Independiente continuava consistente e não oportunizava ao visitante que manejasse a pelota ainda que em seu campo de defesa.

Aos 35 minutos, Vigliano marcou pênalti para o Rojo. “Rolfi” Montenegro cobrou e recolocou justiça ao placar. Três minutos depois, o mesmo árbitro mandou Julio Barraza para o chuveiro. Desta forma, o cenário ficou ainda mais favorável para o conjunto local. Dois minutos depois, Fernández se aproveitou de um contra-ataque rápido e contou com uma péssima proteção da defesa rival para fechar o marcador: 3×1. A partir daí foi só administrar o resultado e ratificar a fácil vitória.

Contudo, como dissemos, para nada o resultado vai servir se os rivais diretos do Rojo não perderem pontos nas oito rodadas restantes. Se vencer todos os jogos, o Rojo vai terminar com 1,254 de promédios. Esta pontuação o Quilmes vai ultrapassar se vencer apenas quatro jogos e empatar mais um; o San Lorenzo, se vencer quatro jogos; o Argentinos, quatro vitórias e dois empates; e o Rafaela, três vitórias e um empate. Se qualquer um desses times conseguir a pontuação descrita acima, o Independiente estará oficialmente rebaixado para a B Nacional, o que seria histórico, pois o conjunto vermelho de Avellaneda jamais sofreu rebaixamento em seus 108 anos de existência.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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