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Muito mais que o técnico do rebaixamento do River: 70 anos de Juan José López

Em 1981, seu último ano no River. Foto de jogo contra o Talleres, onde seria ídolo como jogador e técnico

Nem dez anos se passaram e a diferença é brutal no River em comparação ao time rebaixado em 2011, uma desventura que detalhamos nessa outra nota. E também brutal é resumir Juan José López ao azarado treinador que calhou de estar no lugar errado na hora errada. Pois, por mais que mesmo antes da tragédia houvesse em Núñez quem ainda torcesse o nariz a Jota Jota por ter defendido o Boca (como nos trinta segundos finais dos arroubos viralizados do Tano Pasman), aquele ex-volante sempre permaneceu figurando em qualquer lista de maiores ídolos do River – talvez seu maior camisa 8. E não só: o próprio algoz Belgrano já tinha antes de 2011 capítulos felizes tendo em El Negro um aliado de verdade, apesar de sua imagem se ligar muito bem também nos rivais Talleres e Instituto. Hora de relembrar quem, sendo um dos poucos volantes com mais de cem gols no futebol (só pelo River foram 84, seis deles em Superclásicos), ainda participou do assombroso título do Argentinos Jrs na Libertadores.

Mais de dez anos de River

A ligação com o River vem desde a infância. Os pais eram cordobeses, mas tinham no Millo o time do coração, a ponto de irem ainda como namorados ao Monumental assistir La Máquina, o timaço dos anos 40: “Sócrates, meu velho, sempre disse que ia ter um filho varão, que ia se chamar Juan José e que jogaria no River. E tudo aconteceu, até joguei na mesma posição que seu ídolo, [José Manuel] Moreno. Muitos pais alimentam sonhos com seus filhos e não podem cumpri-los, mas meu velho pôde, embora não chegou a me ver campeão porque faleceu de um aneurisma em 1974”. A explicação acima foi dada pelo antigo craque em entrevista à El Gráfico ainda em 2004, de onde tiramos a maioria das aspas dessa nota.

Sobre o lado torcedor da mãe, comentou que “sempre me chamou a atenção como brilhavam as pernas de Moreno e me contava que ele colocava vaselina. E eu copiei o hábito: nunca me massageei no River, sempre pus vaselina. Todos esses sonhos de River me transmitiram meus velhos, por isso eu troco a seleção pelo River”. Mas alimentar o sonho paterno não foi fácil: El Negro (apelido comum na Argentina mesmo quando a pele relativamente escura parece mais herança indígena, como no caso dele, do que propriamente africana) nasceu em Ciudadela e cresceu no extremo sul da Grande Buenos Aires, em Guernica (por recomendação médica a um problema que afetou os brônquios do garotinho após a família ter se mudado inicialmente para… o bairro de La Boca), enquanto o Monumental se situa no extremo norte da capital. O Racing era consideravelmente mais próximo e Jota Jota foi inclusive primeiramente aprovado por lá.

“Mas Palomino, o delegado do River, tinha uma irmã em Guernica. E ela sabia de todo o sonho do meu pai. Então, Palomino veio à minha casa, me pediu para eu fazer embaixadinhas e me deu a citação. Ainda a tenho bem guardada”. As embaixadinhas eram uma habilidade estimulada pelo pai, que lhe dava 10 centavos a cada uma que o filho conseguisse acumular – além de lhe forçar desde os 3 anos a chutar com as duas pernas e lhe impor disciplina de atleta desde os 13. A viagem até a escolinha riverplatense era mesmo “muito dura: duas horas de ida e duas de volta. Uma hora do trem Guernica-Constitución, metrô até Retiro, trem até Barrancas e daí, se tivesse grana, pegava o ônibus até o clube. Se não, guardava as moedinhas para uma coca e uma porção de pizza”. López declarou ainda que, curiosamente, chegou ao clube no mesmo dia que seu futuro parceiro na volância, Reinaldo Merlo: “com nove anos, e os dois de centroavante. Depois [Carlos] Peucelle nos trocou de posições. Dizia que tinha muito pique e que correndo desde trás ia andar melhor. Um monstro, Peucelle, mestres como ele se perderam”.

Jota Jota ainda verde no River de Didi e já experiente com o mentor Ángel Labruna

Bem, Peucelle fora um antigo craque da Copa de 1930 e que já havia descoberto Di Stéfano. E, inicialmente incrédulo naquele baixinho, foi mesmo sábio. O livro Quién es Quién en la Selección Argentina qualificaria López como “um jogador notável, moderno, refinado, com um desdobramento que hoje seria chamado ida y vuelta“. Ou seja, Jota Jota era o chamado box-to-box, no jargão inglês cada vez mais em uso no Brasil. E de fato, a meia cancha com os “Três Mosqueteiros” do River veria Merlo ser o destrutor, Norberto Alonso ser o construtor e López, “o que corria”, não se inibindo de arriscar seus chutes ou dar assistências diretas quando aparecia no ataque: ainda segundo o livro, era um volante dotado de “bom arremate desde longa distância, profundidade e gol, solidariedade combativa e muito técnico”. A parceria com Merlo criaria em López o hábito até de só conseguir dormir de luz acesa, após o colega ter destruído uma televisão situada entre as camas na concentração ao acordar subitamente de um pesadelo. Mas ela demoraria para ser vista nos gramados:

“Eu não jogava nunca, e todos os verões ia com meus amigos, pelas costas do meu velho, me testar em outros clubes: Banfield, Temperley, Lanús, Racing. E em todos, ficava. Nessas épocas, os delegados caminhavam muito, iam às casas, mas meu velho sempre os expulsava cagando, porque eu estava inscrito no River. Meu velho até teve que armar uma liga em Guernica para que eu jogasse aos domingos, porque aos sábados no River era reserva do reserva”. Ainda segundo a entrevista, a única lembrança que ele tem de chorar por futebol foi naquele contexto, quando imaginava que jogaria diante do atraso do titular, que acabou chegando a tempo. “Disse que não voltaria mais. Aí apareceu Casal, um delegado, ainda o estou vendo: me disse que não reagisse tremendamente, que eu tinha condições. E voltei”. Apenas com 17 anos é que começou a ser usado, a partir da chegada do ex-zagueiro millonario Vladislao Cap ao cargo de técnico juvenil. Aos 18, “estava Ángel [Labruna] e comecei a jogar no time sub-19. Em 1969, Ángel já queria me fazer estrear, mas estava Daniel, seu filho [precocemente morto pela leucemia], que jogava uma barbaridade”.

A estreia no time adulto, em 3 de novembro de 1970 (2-1 sobre o Gimnasia de Mendoza), veio já sob o sucessor de Labruna, o brasileiro Didi, notabilizando por bancar a promissora garotada juvenil: “me deixou ensinamentos: a pegar na bola, como para-la com o peito, como te desprender rápido”. E foi já naquele ano que Juan José virou o famoso Jota Jota, apelido criado pelo midiático locutor José María Muñoz (“hoje ninguém me chama por meu nome e até quando falo por telefone tenho que me apresentar como Jota Jota”). Embora promovido em 1970, o garoto ainda era formalmente um juvenil quando atuou na partida que mais desfrutou segundo o próprio: “o 3-1 no Boca, no estádio do Racing, pelo Nacional de 1971. A greve [dos jogadores profissionais] acabara, o Boca jogou com seus titulares, e Didi [por pressão dos próprios cartolas, é verdade] manteve os amadores. Além disso, como havia uma briga de fundo pela greve, nos pegavam para matar”. El Negro marcou o segundo gol daquela vitória histórica, retratada poeticamente pela El Gráfico sob os dizeres “os garotos do River… os duendes, as fadas, os magos… pena que Walt Disney não estava!”.

López, inclusive, já se dera ao luxo de marcar nos dois Superclásicos do Metropolitano de 1971 (2-1 e 3-3, com o gol no triunfo sendo inclusive o primeiro dele pelo time principal), e fechou o ano com doze gols, ótimos números a um volante. O problema é que Didi, mesmo elogiado pelo jogo vistoso (“ainda hoje me pergunto que teria ocorrido com Alonso, comigo e com tantos outros garotos se ao estrearem na primeira divisão outro técnico nos tivesse cultivado primeiro a obrigação de ganhar antes de dar uma caneta ou de marcar antes de ensaiar um drible… nos teria cortado as asas. Por isso, sempre estarei grato a Didi, quem me deixou ter uma ‘irresponsabilidade’ que me fez muito bem. Labruna, depois, me obrigou a adaptar-me a outra maneira de funcionar. E Ángel esteve bem porque eu já havia deixado de ser garoto. De todos os modos, eu se tivesse um buraquinho ia jogar no ataque. Nesse sentido, Labruna nunca me proibiu nada. Me dizia que eu tinha físico para jogar os 90 minutos em um ritmo intenso e que aproveitasse essa circunstância. Esse respaldo me serviu muito”, contou ao livro do centenário do River), falhava em obter resultados.

River campeão em 1975 após dezoito anos: Héctor Ártico, Carlos Pintos, Alejandro Sabella, Daniel Crespo, Reinaldo Merlo, Ubaldo Fillol, Hugo Pena, Roberto Carrizo, Carlos Avanzi e Alberto Vivalda; José Reinaldi, Juan José López, Pedro González, Pablo Comelles, Oscar Más, Roberto Perfumo, Miguel Raimondo e Carlos Salinas; Héctor López, Carlos Morete, Luis Landaburu, Norberto Alonso, Pedro Bareiro e Daniel Lonardi

O time até chegou a liderar aquele Nacional de 1971, mas perdeu gás e ficou de fora dos mata-matas. Nos outros torneios, o River de Didi nunca brigou seriamente pelo campeonato e o brasileiro acabou demitido em uma sucessão de goleadas no Metropolitano de 1972, inclusive para o Boca. E o técnico seguinte à sua saída, Juan Urriolabeitía, já pôs o time de cara na final do Torneio Nacional de 1972 – a contar inclusive com outro Superclásico especial, onde o Boca virou um 2-0 para 4-2 mas terminou perdendo de 5-4. Na campanha, goleadas notáveis: 7-2 no Independiente campeão da Libertadores, 8-0 no Independiente de Trelew e 7-1 no Bartolomé Mitre… Juan José já estava firmado entre os titulares e foi no embalo dessa campanha que ele estreou pela seleção, em 11 de outubro de 1972, uma derrota para a Espanha no Santiago Bernabéu pela amistosa “Copa Hispanidad”. Mas em dezembro a taça acabou perdida já na prorrogação em jogo único contra um San Lorenzo que vivia seus anos dourados.

Em 1973, veio novo vice no Torneio Nacional, para o Rosario Central, e dois jogos não-oficiais de López pela Argentina, pela chamada “seleção fantasma” (5-1 no Sarmiento de Junín em 29 de julho e derrota de 2-1 para o Huracán de Corrientes em 13 de setembro). O treinador era Omar Sívori, que topou o trabalho apenas até o fim das eliminatórias – foi sucedido então por um desorganizado triunvirato de Víctor Rodríguez, Vladislao Cap e José Varacka que terminou por alterar o time-base e esquecer López (que admitiu ser um fominha em seus primeiros anos até compreender que era mais “útil tocando rápido”, se estabilizando apenas em 1975) da convocação à Copa do Mundo. Até porque em 1974 o River teve mesmo um ano mais apático, enquanto o país se encantava com a quarta colocação da surpresa Talleres no Torneio Nacional. O técnico tallarin era Labruna, logo requisitado para voltar a Núñez.

Àquela altura, López já residia em Buenos Aires, diante do desejo materno em não voltar mais a Guernica após a perda do patriarca (e o volante viraria pai da própria mãe a ponto de só casar-se aos 47 anos…). E voltou à seleção em novembro, para novo triunfo de 2-0 em Santiago sobre o Chile pela Copa Carlos Dittborn, inclusive marcando um gol, e um 4-2 não-oficial em jogo-treino contra o Lanús. Sua venda junto da de Merlo ao Independiente multicampeão da Libertadores era falada, mas o negócio aparentemente vantajoso não era desejado pelo craque – que foi falar pessoalmente com Labruna. No fim, o troca-troca entre os clubes se resumiu ao goleiro José Pérez pelo volante Miguel Ángel Raimondo, que roubaria a titularidade apenas de Merlo na maior parte do redentor Torneio Metropolitano de 1975: “o River de 1975 não se pode comparar com nada pela pressão com que jogávamos. Houve histórias de bruxarias, psicólogos, de tudo. Essa pressão ninguém nunca teve na história. Os dos outros clubes te chamavam de galinha, então nos agarrávamos a socos em todos os lados. O importante era brigar”.

Ironicamente, se Jota Jota e outros protagonistas tiveram suas primeiras chances graças à greve das estrelas em 1971, em 1975 a greve que estourou já os envolveu a ponto de o aguardado desjejum de dezoito anos se sacramentar exatamente na rodada em que o River usou juvenis: “assim de esquentado escutei a partida pelo rádio e fui dormir. Por isso, desfrutei mais o Nacional que o Metro”. O fim da seca, de fato, veio em dose dupla: meses depois, o River ergueu também o Nacional de 1975, com direito a gol do título no minuto final. El Negro contribuiu com oito gols entre as duas campanhas e, em um ano marcado pelos testes de jogadores do interior na seleção pelo novo técnico César Menotti, voltou à Albiceleste para dois jogos não-oficiais em fevereiro de 1976: 3-0 no Kimberley de Mar del Plata, com ele abrindo o placar em seu único gol pela Argentina, e 3-1 no Excursionistas de Tandil.

Injustiçado na seleção (só duas partidas oficiais e um punhado de jogos-treino), López seguiu intocável como um dos Três Mosqueteiros do meio-campo do River (Alonso, Merlo e ele) pelo menos até 1980

O River seguiria o ano avançando rumo às finais da Libertadores. López inclusive marcou o único gol do triunfo dentro de Avellaneda contra o multicampeão Independiente, a forçar um jogo-extra pela vaga na decisão contra o Cruzeiro – na qual também marcaria o primeiro gol argentino na vitória de 2-1 no segundo jogo, embora também terminasse expulso nessa partida, sendo um dos sentidos desfalques da finalíssima. Menotti não teria sido compreensivo com um pedido de dispensa para enfoque no torneio e abdicou de um jogador que já era ídolo nacional. Para o azar de Jota Jota, pintaram para sua posição nomes com Osvaldo Ardiles e também Omar Larrosa, que acabaram indo à Copa do Mundo de 1978 – mesmo que sob muitas cornetas de público e mídia até o título revisionar-lhes a imagem. Na entrevista, López reconheceu que um de seus erros foi não ter buscado uma nova conversa com Menotti a tempo. “O que digo é que eu nunca renunciei à seleção”, jurou. O passo pela seleção se resumiria a apenas dois jogos oficiais.

Ainda em 1976, veio um desgosto que para o volante superou o vice na Libertadores: a perda do Torneio Nacional, na única final que Boca e River travaram na história até o movimentado 2018. Especialmente porque López quase foi o herói, quando um toque sutil de fora da área esteve a ponto de encobrir o goleiro Hugo Gatti – que qualificaria mesmo o salto que impediu o golaço como sua maior defesa. “Como sabia que Gatti se adiantava, chutei desde o meio-campo. Ia no ângulo, mas a tirou. Depois, como colegas no Boca, me comentou: ‘foi a vez que mais me doeu o corpo quando saltei’. ‘Se nunca saltavas, idiota’, lhe disse. ‘O que querias? Era uma final’”. O River ainda cairia para o Boca na fase de grupos da Libertadores de 1977, onde só o líder avançava. Para piorar, nela o rival seria, pela primeira vez, campeão.

Núñez não tardou a se recuperar, vencendo um torneio nivelado por alto como foi o Metropolitano de 1977 (a liderança isolada só viria já na 27ª rodada, havendo gostinho de revanche ao virar sobre o Boca na Bombonera no finzinho da penúltima para pôr uma mão na taça) e acabando por ser a base da seleção que venceria a Copa do Mundo mesmo disputando o Nacional de 1977 sob excessivo relaxamento pós-taça. Jota Jota inclusive marcou ótimos treze gols ao longo daquele ano, mas não foi o suficiente para aparecer sequer na pré-convocação e a coroação de Menotti e seus protegidos manteve o astro de vez afastado da Albiceleste. Ironicamente, em 1978 o River terminaria o ano a ver navios: muito desfalcado, esteve longe da briga pelo Metropolitano. Na Libertadores, até chegou ao triangular-semifinal, com López marcando inclusive o gol do duelo contra o Atlético Mineiro no Monumental. Mas outra vez o Boca apareceu no caminho para prevalecer, rumando ao bicampeonato.

Com os campeões mundiais de volta aos titulares, o River avançou à final do Torneio Nacional, mas levou a pior contra o Independiente. O ano de 1979, ao contrário, foi glorioso desde a primeira rodada, um 5-2 no Huracán. Tal como em 1975, o River venceu tanto o Torneio Metropolitano (com troco nas semifinais sobre o Independiente, batido nos dois jogos, antes de passar por cima do Vélez com um 5-1 na decisão) como o Nacional. Além de voltar a marcar no Superclásico (1-1, em La Bombonera), El Negro notabilizou-se especialmente nas quartas do Nacional, marcando o único gol no jogo de volta contra o Vélez, forçando a decisão por pênaltis. Nas semis, o time impôs um 7-1 agregado no Rosario Central. Foram ao todo dez gols de López entre as campanhas, mas a história que mais gosta de contar é de uma das inúmeras superstições de Labruna, antes da final:

Capas da El Gráfico de novembro de 1981 e março de 1983 registrando seu último Superclássico pelo River e seu primeiro pelo Boca. Até marcou um golaço do meio-campo naquele dia contra Maradona e venceu o dia em que foi colega de Ricardo Gareca (outro vira-casaca dos mais polêmicos do dérbi)

“Vínhamos no ônibus, El Pato [Fillol] me trouxe uma gravata, me disse que era de outro, e eu a joguei pela janela. Quando chegamos em Paraná, Ángel começou a gritar ‘a gravata, filhos da puta, não me façam essas brincadeiras com a gravata, que sabem o que significa para mim’. A bagunça que armou! Eu me lembrava de que a havia jogado assim que saímos do túnel, então fomos com El Beto [Alonso] de táxi e a encontramos”. O bicampeonato contra a surpresa Unión viraria um tri no Metropolitano de 1980, garantido com rodadas de antecedência (9 pontos de vantagem em tempos onde vitórias valiam 2 e não 3, com um 5-2 sobre o Boca na Bombonera incluso) para apaziguar uma eliminação ainda na fase de grupos na Libertadores. Em 1981, o Millo voltou a cair na fase de grupos, mas não pôde se socorrer no desempenho caseiro; caíra no Nacional de 1980 ainda no primeiro mata-mata e esteve longe de acompanhar o ritmo do Boca maradoniano no Metropolitano de 1981.

A própria torcida, esvaziando o Monumental, se punha contra os dinossauros, a começar por Labruna, demitido sem cerimônias e reposto por Di Stéfano. Em uma campanha ainda acidentada, o River se recuperou vencendo ainda em 1981 o Torneio Nacional, com López conseguindo fazer o golaço de quarenta metros no Boca que não pudera em 1976 – seu gol favorito segundo aquela entrevista, em um empate em 2-2. Mas El Negro, malquisto pela presidência, terminaria sendo outro expulso de Núñez pelos fundos, recebendo passe livre. Foram só sete partidas em vinte da campanha a quem antes buscava jogar mesmo sob infiltrações. Reforços para aquele campeonato, Américo Gallego, Julio Olarticoechea e Enzo Bulleri já tomavam mais a conta de meia cancha riverplatense. Alonso iria ao Vélez e só Merlo seguiria. O parceiro lhe teria dito ao ficar sabendo dessas saídas: “Negro, o que faço agora? Te juro que não deixo entrar ninguém no quarto da concentração. Não vou permitir que ninguém use tua cama”, em outro registro do livro do centenário millonario

Um veterano de qualidade em camisas rivais e no nanico campeão da América

O Talleres, que já havia aberto as portas para Labruna, virou refúgio para outras antigas caras millonarias, a exemplo dos atacantes Carlos Morete, José Reinaldi, Pedro Coudannes, Pedro González, Juan Carlos Heredia e do defensor Héctor Ártico. Labruna inclusive motivou a todos antes de um duelo contra o Boca de que aquilo seria praticamente um Superclásico: Morete marcou três e López, outro, em um recordado 4-0 sobre o velho arquirrival no Torneio Nacional de 1982 (além do Boca, o Racing também levou de 4-0, destacando-se ainda o 8-2 sobre o Mariano Moreno), onde La T só parou nas semifinais, mesmo desfalcado em todo o torneio de três craques concentrados com a seleção para a Copa do Mundo – o goleiro Héctor Baley, o zagueiro Luis Galván e o armador José Daniel Valencia. “Graças a Ángel, encontrei o afeto que precisava em um momento muito ruim, depois de me expulsarem do River”, admitiu.

O astro deixou mesmo uma boa recordação como jogador tallarin, descrita pelo longevo jornal cordobês La Voz del Interior como a de “um volante técnico como poucos e de uma inteligência superior”, capaz de registrar ainda bons oito gols em 38 jogos. Labruna seguiria ao Argentinos Jrs e Jota Jota inicialmente buscou segui-lo, mas não se deu. O destino seria justamente o Boca, que na mesma janela contratou outros três ex-colegas de River: o goleiro Carlos Barisio, o defensor Pablo Comelles e o meia Osvaldo Pérez. Naquela entrevista, López não se dizia arrependido. “O destino te leva a tomar decisões. E eu vinha muito golpeado. Quando fechei o negócio com o Boca, veio [o treinador Roberto] Saporiti me buscar para o Loma Negra: me davam o dobro do Boca e em mãos, mas era tarde. Eu sempre disse que era River. Me lembro que El Abuelo [chefão da torcida La 12 na época] me falou: ‘Negro, te bancamos até a morte porque falaste na cara’”.

No Talleres semifinalista de 1982, repleto de antiga gente do River (Héctor Ártico, Victorio Ocaño, César Mendoza, Miguel Oviedo, Oscar Cámara, Rafael Pavón; Pedro González, Juan José López, Carlos Morete, Pedro Coudannes, José Reinaldi), e no Argentinos Jrs campeão da Libertadores de 1985

O Boca de 1983 até começou bem. O Torneio Nacional, agora realizado no primeiro semestre, viu o time chegar aos mata-matas e perder com drama a vaga nas quartas-de-final: vencia por 2-0 o Argentinos Jrs de Labruna até os dez minutos finais, quando sofreu o empate e levou a pior nos pênaltis. No Torneio Metropolitano, os xeneizes já foram mais inconsistentes e ainda foram punidos de usarem La Bombonera por diversos jogos após um rojão da casa atingir acidentalmente e matar o torcedor racinguista Roberto Basile. Jota Jota e colegas até saborearam triunfos nos dois Superclásicos, mas a pobre campanha, seja sob o comando do demitido Carmelo Faraone ou do sucessor Miguel Ángel López, fez o ano ser mais lembrado pela primeira camisa patrocinada do Boca, estampando os Vinos Maravilla, do que por uma maravilha de verdade – além do sétimo lugar já ser medíocre, o time teve a pior defesa do Metro, o que foi compensado pelo ataque tão bem municiado pelo reforço.

O site estatístico HistoriaDeBoca recorda que foram no geral 44 jogos e sete gols de López pelo Boca, onde mostrou-se “estrategista, hábil, inteligente, armador de jogadas” e foi “respeitado pelos torcedores apesar de seu passado no River”, mostrando “bom nível”, aportando “toda sua experiência”. Ante o caos institucional que deixaria o Boca a um triz da própria extinção em 1984 (na rodada final, já foi preciso o uso de juvenis por uma greve dos titulares), o volante enfim cavou a transferência ao Argentinos na virada de ano, embora o mestre Labruna já houvesse falecido ainda em 1983. Foi ao clube do bairro de La Paternal já como uma opção válida de banco, mas não deixou de fazer história: exatamente em 1984, o Bicho ganhou seu primeiro campeonato argentino, faturando o Metropolitano.

López esteve em 14 das 36 partidas da campanha histórica, com um gol – justamente sobre o River, em derrota de 2-1 no Monumental. “Ganhou o trabalho de todos. Me fez lembrar o River de 1975, quando arrancamos com Labruna e nos metemos todos na mesma coisa. Esse Argentinos teve a combinação justa: garotos jovens e um grupo de rapazes já experientes para respalda-los. Por isso, embora não tenha entrado, sou o cara mais feliz do mundo”, exaltou na época o jogador mais veterano do elenco. Iluminado, o Argentinos emendaria o bicampeonato com o Torneio Nacional de 1985, onde López apareceu sobretudo com dois gols em triunfo dentro de Córdoba por 4-2 sobre um forte Belgrano. Também foi certeiro nas duas decisões por pênaltis necessárias nas finais contra o Vélez.

Já classificado à Libertadores de 1985 como campeão em 1984, o clube não fez por menos, faturando-a também um mês depois da volta olímpica caseira e a uma semana do aniversário de 35 anos do ilustre reserva, que já começava a se incomodar em ser usado só nos nos últimos minutos (nas três finais, só foi acionado aos 43 do segundo tempo da segunda delas): “uma vez, contra o Vasco [na fase de grupos daquela Libertadores], me fez entrar no final. Os bancos de reservas estão atrás dos gols. Quando cheguei ao meio-campo, o jogo terminou. Queria mata-lo”, confessou na entrevista de 2004 sobre o técnico José Yudica. No Mundial Interclubes, contra a Juventus, Jota Jota foi acionado no antepenúltimo minuto da prorrogação apenas para se habilitar à decisão por pênaltis. “Três graus abaixo de zero e chuvinha, a água nos chegava acima dos tornozelos. Tinha os pés congelados. Entrei e fiz, mas nunca me inteirei que havia chutado a bola. Não a senti”, relatou. .

Após ser vira-casaca por Boca e River, López pendurou as chuteiras no rival do Talleres, o Belgrano campeão do interior em 1986: Ariel Ghielmetti, Juan Reyna, Alejandro Chiera, Sergio Céliz, Juan José López (ao lado, na festa dos trinta anos, em 2016) e Juan Ramos; José Villarreal, Ariel Ramonda, Abel Blasón, Edgardo Parmiggiani e Jorge Vázquez

Apesar da conversão, seus colegas falharam mais que os da Juventus e o Argentinos perdeu um troféu que parecia seu até os sete minutos finais do tempo normal. Para 1986, ele foi buscar mais minutos em um retorno a Córdoba, agora para defender o Belgrano. Por não fazer tanto sucesso no Torneio Nacional, La B era o único gigante cordobês ausente da liga argentina, que já abrigava o Talleres e até os vizinhos Instituto e Racing de Córdoba. Com o fim do Torneio Nacional, a AFA nacionalizaria o antigo Metropolitano, mas a partir de sua segunda divisão, promovendo no primeiro semestre de 1986 um torneio entre clubes do interior para definir os qualificados à Primera B da temporada 1986-87. O Belgrano fez disso uma limonada e foi o campeão, batendo em 20 de abril o Olimpo de Bahía Blanca na decisão para se orgulhar de ser oficialmente o único time da província campeão de um torneio da AFA – especialmente porque Talleres (1977) e Racing (1980) foram no máximo vice-campeões do antigo Nacional.

O Torneio do Interior, que faria até Maradona vestir a camisa belgranense em jogo festivo logo após a Copa do Mundo, ainda qualificava os celestes à liguilla pre-Libertadores de 1986-87, foi a glória final a uma carreira de jogador vitoriosa, ainda estendida um pouco para a disputa da segundona de 1986-87 – e embora nela o mesmo jornal cordobês La Voz del Interiorrecordasse que a participação de Jota Jota ficaria mais frequente no banco de Julio Villagra e José Villarreal (depois jogador de seleção por Boca e River), também destacou que a impressão que ficara do volante foi a de alguém de 36 anos “com talento intacto” como “peça-chave” naquele título invicto. Os colegas triscaram o acesso, mas perderam a segunda vaga à elite em uma decisão com o Banfield e, sem embalo, cairiam na liguilla logo no primeiro duelo, contra o Newell’s, a encerrar uma invencibilidade de 40 jogos.

Ao todo, foram 54 jogos e quatro gols do Negro pelo time do bairro cordobês de Alberdi. Ele ainda despendurou as chuteiras em 1989, na segunda edição da Copa Pelé, embora a Argentina passasse longe de repetir o título de 1987.

Como treinador, um homem de história(s) por toda Córdoba

López sequer se via como técnico e até negou oferta de Maradona (de quem viraria amigo por serem empresariados pelo mesmo agente) em fazer um curso na Itália em 1987. Mas na volta dessa viagem, já refletia. “Por sorte, me convenceram”, confessou. Um primeiro trabalho se deu em Mendoza, no Independiente Rivadavia. E o primeiro clube de relativo holofote foi o Racing de Córdoba em 1990, pouco após o time do bairro cordobês de Nueva Italia ser rebaixado da primeira divisão. Ainda verde, Jota Jota não o desatolou de lá e seguiu alguns anos como auxiliar de alguém mais rodado na segunda maior cidade argentina, Pedro Marchetta. Trabalhou com ele nas comissões técnicas do Rosario Central entre 1994 e 1995, na do Belgrano em 1996 e na do Racing de Avellaneda em 1997, ocasionalmente figurando em algumas súmulas como técnico interino nesses dois últimos clubes.

Ele retomou a carreira solo de técnico em seu quarto clube cordobês, o Instituto (tradicional rival do Racing de Nueva Italia, aliás), em 1998. Indagado naquela entrevista à El Gráfico sobre como fazia para sobreviver em Córdoba, foi honesto: “nunca tive uma identificação muito grande com nenhum. O romantismo pelo futebol eu tenho, porque eu amo o futebol. O que não tenho é a paixão do torcedor pela camisa. E jamais me gritaram de mercenário”. Fez um grande trabalho na metade inicial da temporada 1998-99 da segundona, colocando o Instituto na liderança, mas dívidas salariais fizeram com que deixasse abruptamente os alvirrubros – que terminaram mesmo campeões, embora Ernesto Corti já fosse o técnico da equipe armada pelo antecessor. López rumou a Santa Fe para trabalhar no Unión (figurando também, em dupla com Merlo, como técnico de uma das escalações festivas do jogo de times veteranos promovidos pelo River na festa do “campeão do século”, em dezembro), mas foi prontamente resgatado pelos cartolas de La Gloria em 2000.

Em dois ciclos no Instituto de Córdoba, López (que já havia treinado o rival Racing) tanto bancou um acesso à elite, em 1999, como abandonou o barco em 2000 para ir a outro rival. O trabalho excelente nos números frios deixou amor e ódio entre os alvirrubros

Pudera: os 15 jogos de invencibilidade contínua sob o comando dele em 1998 foram a maior sequência invicta do clube em qualquer divisão argentina no século XX. De modo promissor, em janeiro de 2000 El Negro comandou um 5-1 dentro do Uruguai em amistoso contra o Nacional, na única partida que o Instituto realizou no exterior em toda a história. E a salvação ao time do bairro de Alta Córdoba parecia vir, com direito a um triunfo ressonante, já em 11 de junho, de um mentiroso 2-0 no último clássico com o Belgrano válido pela elite argentina – ainda que López festejasse de modo contido por ter batido o clube então treinado pelo amigo Reinaldo Merlo. Em campo, a queda até teria sido evitada, mas uma perda de pontos após um torcedor atingir o árbitro com serpentina jogaria o Instituto (que, é verdade, não fez o dever de casa contra o Vélez na penúltima rodada e nem ganhou do já rebaixado Gimnasia de Jujuy na última) para a repescagem. O que a torcida não perdoou no treinador, contudo, foi outra coisa.

Em plena luta contra a queda, ele começou a negociar com o rival Talleres. Seria Arsenio Benítez o técnico alvirrubro nas tumultuadas repescagens com o Almagro, que acabaria prevalecendo em meio à fúria vândala dos rebaixados por Córdoba. López segue visto como traidor para parte da hinchada institutuense ainda que haja entre os ex-comandados no Instituto quem o colocasse como treinador do time alvirrubro dos sonhos, e algo parecido também viria a se dar no Talleres, onde o ícone Julián Maidana só colocou à frente de Jota Jota o treinador vencedor da Copa Conmebol de 1999, Ricardo Gareca. Sem falsa modéstia, López destacaria nesse 2020 que a participação na Conmebol de 1999 só ocorrera mediante convite, tendo sido ele o único treinador a realmente classificar La T a torneios continentais.

No Apertura da temporada 2000-01, o Talleres lutou pelo título até a rodada final, em corrida contra a dupla principal do país. Não que a campanha rendesse mares de rosas: López brigara contra a imprensa cordobesa, explicando à El Gráfico em 2004 que “creio que tinham que ter apoiado mais a equipe que brigou mano a mano o torneio com River e Boca como Robin Hood”. A derrota na rodada final derrubou o clube do bairro Jardín para o quarto lugar, mas foi suficiente para classifica-lo pela primeira vez à Libertadores, já para a edição 2002, e também para a Copa Mercosul que ocorreu ainda em 2001. Mas ele deixaria o time bem antes dos dois torneios. Recusando o San Lorenzo no início de 2001 para cumprir o contrato com os cordobeses, não o viu ser renovado por desacerto salarial. Jota Jota seguiria como técnico do Rosario Central, caindo ainda em 2001: “acreditava que lograria armar um projeto sério, mas não houve apoio dos diretores. Não nos davam as coisas básicas e tive que sair após 13 jogos”, resumiu à El Gráfico.

Os rosarinos, que já vinham de um último lugar no Clausura 2001, ficaram só em 16º de 20 times no Apertura 2001. Mas o Unión, com promedios ainda mais complicados, voltou a apostar em López para a temporada 2002-03. O Tatengue acabou caindo mesmo. López procurou contextualizar: “agarramos o Unión na metade do rio. Eu confiei naquele plantel do Unión, mas não nos esqueçamos que estivemos 26 dias sem treinar pela inundação. Havia familiares dos jogadores que viviam nos tetos das casas e jogadores isolados que não podiam vir. Se renunciasse duas rodadas antes do final, não comia o rebaixamento, mas como sou respeitoso com compromissos, não o fiz. Tem que respaldar o jogador nas boas e nas ruins, e se saísse antes os estaria traindo”. Enquanto isso, o Talleres, focando excessivamente nos torneios internacionais de 2001 e 2002, se desleixou demais na liga argentina e também começou a se afundar nos promedios.

No Talleres, lutou duas vezes pelo título argentino e levou o time à Copa Mercosul 2001, à Libertadores 2002 e (em campo) à Sul-Americana 2004. Só o promedio dos antecessores pôde rebaixa-lo injustamente ao mesmo tempo, em 2004

Já com uma imagem de técnico bombeiro contra quedas (“são as possibilidades que me vieram, não é que descartei outras”), López foi recontratado por La T em 2004. E voltou a fazer um grande trabalho por lá. No Clausura da temporada 2003-04, começou as sete primeiras rodadas com seis vitórias e um empate. Novamente, o bairro Jardín brigou contra Boca e River pelo título, embora ao fim da antepenúltima rodada só a dupla pesada seguisse com chances. A grande campanha teria novamente classificado os tallarines a um torneio continental, para a Sul-Americana a ocorrer no segundo semestre de 2004. O problema é que até aquele Clausura o promedio era baixíssimo. A queda direta pôde ser evitada, mas não a necessidade de encarar a repescagem, contra o Argentinos Jrs. O regulamento argentino tirou essa vaga sul-americana e, na repescagem, deu Argentinos.

Em 2020, López ainda vociferava contra os cartolas alviazuis: “a situação ficou tensa porque estávamos perto de cumprir o objetivo, sentíamos que podíamos ganhar do Argentinos, mas a diretoria não nos respaldou e o plantel se sentiu abandonado. Tivemos muitos problemas na prévia do jogo com o Argentinos, havia problemas com o presidente, os garotos queriam receber. Os dirigentes me complicaram a tranquilidade do grupo”. Na época, El Negro até caiu para cima: trabalhou na Libertadores de 2005 como técnico do Libertad. Mas a equipe paraguaia seria lanterna de seu grupo e o argentino fritou-se ainda mais com o medíocre sétimo lugar no Apertura, não durando até a segunda rodada do Clausura.

Ainda em 2004, ele já se resignava para a El Gráfico que era descrente de que um dia trabalharia no River: “que digam que não tenho condições de treinar o River, posso aceitar, mas que digam que não posso porque pus a camisa do Boca seria subestimar a inteligência do torcedor do River”. De fato, após o papelão no Libertad Jota Jota teve quase meia década sabática, forçada ou não. Até que em dezembro de 2009 acertou-se a tardia reconciliação: o ex-colega Passarella, na presidência millonaria, convidou-o para treinar o time sub-20. O resto é a história conhecida: o antigo ídolo assumiu interinamente a equipe principal após a demissão de Ángel Cappa no fim do Apertura 2010. E o filme de 2004 se repetiu. Embora parecesse inédito ao restante do mundo, na parte mais conhecida da vida de López.

O Millo, em campo, teria até vaga na Sul-Americana de 2011, com o trabalho de López no Clausura 2011 dando até ilusões de luta pelo título antes da reta final. Mas os promedios ruins herdados dos antecessores forçou outra vez uma repescagem no caminho. E nela o Belgrano não teria piedade do caos institucional espalhado por Núñez (amargura e passado rival que não impediram que López estivesse nas comemorações celestes de 30 anos da conquista de 1986, em 2016). A inescapável mancha pesou até nos clubes seguintes que sondaram Juan José López: uma sondagem pelo quinto grande cordobês, o General Paz Juniors, até foi feita em 2012, mas sem acordo com um time de quarta divisão. Os trabalhos seguintes se resumiram a cenários de pouco relevo por San Martín de Tucumán em 2014 e Juventud Antoniana de Salta em 2016, ambos na terceirona. Uma pena.

Em 2017, esse personagem foi eleito pelo Futebol Portenho como o quinto em um ranking dos corajosos que melhor êxito tiveram trabalhando em times rivais no futebol argentino.

A injusta imagem mais conhecida de Juan José López no exterior: quando seu River caiu contra o Belgrano, em 2011, mesmo com campanha de classificação à Sul-Americana. Outra vez, o péssimo promedio herdado dos antecessores atrapalhou

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

6 thoughts on “Muito mais que o técnico do rebaixamento do River: 70 anos de Juan José López

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