Primeira Divisão

Newell´s resume futebol no sábado: vence fora de casa e mantém liderança

Jogadores leprosos abraçam "La Fiera". Mas ele foi apenas mais um que se destacou
Jogadores leprosos abraçam “La Fiera”. Mas ele foi apenas mais um que se destacou

A décima rodada do Torneio Inicial começou já na sexta-feira, com a vitória polêmica do Belgrano sobre o Argentinos, na Paternal: 3×1. No sábado, o Olimpo recebeu o Estudiantes em Bahía Blanca e ficou no 1×1. Um pouco mais tarde, o líder Newell´s visitou o Quilmes e venceu por 2×0. Por fim, o San Lorenzo foi anfitrião para o Tigre, mas nenhuma das equipes chegaram às redes. Assim, o líder Newell´s Old Boys abre três pontos sobre o Ciclón. Vejamos

Olimpo 1×1 Estudiantes

Em Bahía Blanca, o Olimpo jogava a cabeça do técnico Walter Perazzo e sequer conseguiu modificar a situação ao empatar em 1×1 contra o Estudiantes. Desta forma, o Aurinegro se mantém invicto em seus domínios ao mesmo tempo em que cava um pouco mais o buraco que rodada a rodada vai enterrando seus sonhos de seguir na elite.

E não foi por falta de disposição que o Olimpo não construiu o resultado ainda na primeira etapa. Foi muito superior ao Pincha e teve ao menos três chances de abrir o placar. Não que o Aurinegro jogasse um grande futebol, longe disso. O problema estava no rival. Embora conseguisse armar uma equipe com uma proposta clara de ceder o campo para os locais, Pellegrino não conseguiu fazer o Pincha ter bom desempenho no ataque. Talvez a proposta fosse que alguns homens de meio-campo se aproximassem de Guido Carrillo, que atuava isolado no ataque. O problema é que os cinco meio-campistas se preocupavam mais em deterem os avanços do Aurinegro do que construírem situações de perigo para o arco de Nereo Champagne.

Disputas no meio-campo foram um dos pontos fortes da partida, mas sem qualidade
Disputas no meio-campo foram um dos pontos fortes da partida, mas sem qualidade

Na segunda etapa, a situação parecia a mesma dos primeiros 45 minutos. Só que logo aos oito, Carlos Auzqui cabeceou a pelota para dentro das redes de Champagne: 1×0 Pincha. O gol foi como que um balde de água fria nos atletas aurinegros. Pecar por iniciativa ou vontade de igualar não foram os casos. O problema é que o excesso de vontade até atrapalhou em muitos momentos. Passes errados, insegurança em buscar protagonismo e até a desconfiança da torcida agiram sobre o elenco local.

O alívio veio na bola parada, aos 44 minutos do segundo tempo. Bola levantada da direita e Matías Sarulyte venceu 10 jogadores rivais e colocou a cabeça na bola: 1×1. O resultado foi justo. Problema é que ele não fez bem para o Aurinegro, que segue no último posto na zona da degola, assim como para o Pincha, que tampouco consegue diminuir a diferença de pontos em relação ao líder Newell´s.

Quilmes 0x2 Newell´s Old Boys

Em Victoria, o líder Newell´s foi superior ao Quilmes e venceu fácil por 2×0. O destaque da partida foi Maxi Rodríguez, autor do primeiro gol e autor da jogada, que resultou na bola parada para Mateo, no segundo. Com a vitória, o conjunto rosarino se manteve à frente do San Lorenzo, agora com três pontos. Já o Quilmes, soma cinco partidas sem vitórias.

Desde os início do jogo, a Lepra deu sinais de que venceria o cotejo sem muitos problemas. Isto não anula as tentativas do cervecero de também buscar a vitória a qualquer custo. Só que parece impossível deter a equipe de Berti. O líder do Torneio Inicial desfilou um jogo perfeito no Sul. Um simples olhar faz perceber o quanto os rosarinos chegam nas áreas dos rivais em condição de marcar. Só que esta situação se deve ao trabalho de meio-campo, que segue tendo em Bernardi e Mateo dois pilares absurdos de importantes.

O jogo gira rápido do setor e se abre fácil para os flancos. Quando a pelota é direcionada para os lados, sempre encontra um ala ou um meia que cai pelo setor. Nestes momentos, os atacantes tendem a se concentrar no entorno da área, nem sempre esperando a pelota diante do porteiro rival.

Sequer dá para ver a Mateo, abraçado por todos, após marcar o gol
Sequer dá para ver a Mateo, abraçado por todos, após marcar o gol

Assim foi que saiu o primeiro gol da Lepra. Bernardi teve tempo de receber e soltar a pelota para Fabián Muñoz, no setor direito. O cruzamento rasteiro encontrou quatro atacantes leprosos, contra apenas cinco marcadores. Pérez fez o corta-luz e ficou fácil para “La Fiera” guardar: 1×0 Newell´s, aos 36 minutos de jogo. O gol foi o resultado de um trabalho ofensivo intenso, que foi marcado por várias outras chances desperdiçadas. Diante deste quadro, fica até difícil de se lembrar que o conjunto local também teve ao menos uma chance clara de chegar às redes.

Na segunda etapa, a superioridade leprosa foi ainda maior. Resultado disso foi que logo aos 10 minutos, em bola parada, Mateo em vez de executar um cruzamento para a área, mandou a pelota direto para o arco de Peratta: 2×0 Newell´s. A partir daí, o que se viu no na cancha cervecera foi um show de bola do líder do campeonato. Sem ser ameaçado pelo rival, o conjunto dirigido por Berti fez o que quis e se deu ao luxo de exibir jogadas bem ao estilo do Barça, a equipe hoje dirigida pelo seu ex-técnico, Gerardo Martino.

Com a pelota praticamente retida no meio-campo, os jogadores leprosos a soltavam para o ataque apenas em condições muito favoráveis. Já o pobre elenco cervecero sequer sentia a pelota passar por seus pés. Foi assim até o final. Com o triunfo, o Newell´s não apenas manteve a liderança como deixou um recado: rivais vão precisar ter muita bola para encará-lo de frente.

San Lorenzo 0x0 Tigre

A hinchada cuerva lotou o Nuevo Gasómetro. Não ficou tão feliz
A hinchada cuerva lotou o Nuevo Gasómetro. Não ficou tão feliz

Se o líder deu um show, o mesmo não se pode dizer do seu mais fiel perseguidor, o San Lorenzo. O Ciclón recebeu o Tigre em casa e ficou no empate sem gols. Com o resultado, o conjunto de Pizzi não apenas aumentou a diferença em relação ao Newell´s, como permitiu que o Arsenal também ocupe a segunda posição, caso vença seu jogo, contra o Coón, em Santa Fe.

Em clima de festa e de otimismo pelo ótimo presente futebolístico e administrativo, o San Lorenzo de cara foi surpreendido pelo rival. O jogo não tinha sequer um minuto e Matias Pérez García atormentou a defesa cuerva com uma ótima chance de marcar. Pouco tempo depois, Ramiro Leone também assustou o porteiro cuervo. Assim, quando o Ciclón pensava em apresentar suas credenciais para o rival, já se via como mera personagem secundária do encontro. O susto pareceu excessivo e a equipe de Pizzi praticamente não se encontrou na primeira etapa.

No segundo tempo, Emmanuel Más usou a cabeça para dar o recado. Só que a pelota encontrou a trave de García. Em resposta, o Matador, teve chances com Bordacahar e Pérez García. O jogo se abriu e ganhou o brilho que faltou à primeira etapa. Villalba, para o Ciclon, e Pablo Vitti, para o Tigre, tiveram duas chances incríveis para marcar. Só que a falta de precisão chamou a atenção não só para esses dois casos, mas ainda para outras oportunidades ao longo da partida.

No fim, o técnico Pizzi fez questão de reconhecer o empate como um ótimo resultado. E não estava errado. Apesar do Ciclón ter igualado as ações, na segunda etapa, o Tigre jogou mais e mereceu uma melhor sorte no encontro. É fato que o resultado não modificou a situação de ambas equipes na competição, porém, ao menos o Matador ganhou em termos de confiança e personalidade.

Argentinos 1×3 Belgrano

Jogadores do Bicho ficaram desolados com o desempenho do rival e do árbitro Laverni
Jogadores do Bicho ficaram desolados com o desempenho do rival e do árbitro Laverni

A rodada teve ainda na sexta o encontro entre Argentinos e Belgrano no bairro da Paternal. O jogo foi polêmico e mal arbitrado por Saúl Laverni. De lamentável foi ainda a atitude do técnico Caruso Lombardi. Ao tentar invadir o campo para golpear Laverni, Caruso foi contido pelo seu staff. Inconformado, o técnico do Bicho golpeou ao seu próprio assessor. Se o resultado frustra a comunidade da Paternal por outro lado faz a alegria dos cordobeses, em plena ascensão no Torneio.

Desde os primeiros minutos, um jogo aberto sinalizou a disposição de ambas equipes em construir o resultado positivo. Chances ocorreram de uma equipe e de outra e o 0x0 não simbolizava o que ocorria na primeira etapa. Foi então que César “el Picante” Pereyra apareceu para abrir o placar, aos 37 minutos: 1×0. O gol foi o resultado de excelente jogada do Pirata, mas de certa sonolência da defensiva local. Lucas Pittinari recebeu livre pela direita e teve tempo de ver a penetração de um veloz “Picante” Pereyra. O Bicho empatou cinco minutos depois. Para tanto, também a defensiva pirata contribuiu. Bola cruzada para a área e Hernán Boyero guardou: 1×1.

Na segunda etapa, logo aos dois minutos, Fernando Márquez tropeçou dentro da área e Laverni viu um pênalti inexistente de Barraza. Luciano Lollo converteu e recolou o Pirata na frente do placar: 2×1. A partir daí, o Belgrano se valeu da instabilidade emocional do Bicho. Para tanto, foi decisivo a postura descontrolada o técnico Caruso Lombardi. Só deu Belgrano.

Aos 17, novamente Fernando Márquez fez excelente jogada, pelo setor esquerdo e cruzou na medida para Guillermo Farré ampliar: 3×1. A partir disso, o que se viu foi um Argentinos praticamente perdido em campo. Já ao Pirata, coube segurar a pelota e buscar jogadas de ataque apenas em situações muito favoráveis. No fim, com 10 homens em cada equipe e com Caruso expulso do banco local, o Belgrano saiu vencedor.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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