Newell's

Pronto para enfrentar o Galo

nulssemi

Finalmente chegou o momento que todos os rojinegros rosarinos tanto esperavam. Hoje à noite Newell’s Old Boys e Clube Atlético Mineiro começam a decidir uma vaga na tão sonhada final da Libertadores. E se para o Galo é a grande chance de voltar a se sentir grande, para a Lepra a situação não é tão diferente.

Após uma sequência de bons torneios domésticos (incluindo o Apertura 2009, quando perdeu o título para o Banfield na última rodada), algo começou a dar errado com o Newell’s em 2011. No Clausura daquele ano o clube terminou na penúltima colocação. Roberto Sensini caiu, novos treinadores se sucederam, mas os resultados não vinham. No Apertura 2011 a equipe terminou em antepenúltimo lugar. Nos dois torneios de 2011 o clube somou apenas 32 pontos, e foi a pior equipe do ano. 2012 trazia o risco do rebaixamento.

Nesse momento começou a virada, com a chegada de Gerardo Martino ao comando técnico da equipe. “Tata” era ídolo histórico do clube, recordista de partidas disputadas com a camisa rojinegra, pela qual foi vice-campeão da Libertadores em 1988 e 1992, além de campeão nacional em 1987, 1991 e 1992. Martino havia deixado a seleção paraguaia, pela qual chegou às quartas de final do Mundial de 2010 e ao vice-campeonato da Copa América de 2011. Seu passe estava valorizado, e tinha convite para assumir a seleção colombiana, uma oferta tentadora. Mas preferiu voltar às raízes.

Com pouquíssimos recursos em caixa, o Newell’s pouco teve a oferecer a Martino, que entrou no Clausura 2012 para tentar salvar o clube do descenso, tendo em mãos basicamente a mesma equipe que havia fracassado no torneio anterior. Mas de cara o treinador mostrou serviço, e a Lepra terminou o torneio em sexto lugar, a apenas seis pontos do campeão Arsenal, e passou longe do rebaixamento. Para a temporada 2012/2013, sem o risco iminente do descenso, conhecendo melhor o elenco e tendo condições de contratar alguns jogadores, as previsões eram mais otimistas.

Das contratações, três chamaram a atenção, todas elas de jogadores formados no clube, e que estavam no exterior. Maxi Rodriguez e Gabriel Heinze, atletas consagrados, titulares da seleção nos dois últimos mundiais, voltaram para casa, aumentando a solidez, a experiência e a confiança da equipe. Mas ninguém foi mais importante que Ignacio Scocco, que chegou relativamente desapercebido, para se transformar no melhor jogador do Newell’s na temporada.

Os resultados foram fulminantes. O clube passou a ostentar um futebol agressivo, típico de uma equipe que não teme os riscos, troca passes, marca forte e pouco se altera nas partidas em casa e fora. O Newell’s foi vice-campeão do Inicial e conquistou o Final, sendo incontestavelmente a melhor equipe da temporada argentina. E na Libertadores chegou à semifinal eliminando ninguém menos que Vélez Sarsfield e Boca Juniors.

A boa notícia para a torcida atleticana é que (exatamente como seu rival na semifinal), a equipe de Tata Martino não vive seu melhor momento na temporada. Perdeu as últimas três partidas que disputou: Talleres (custando a eliminação da Copa Argentina), Argentinos Jrs. (última rodada do Final) e Vélez Sarsfield (supercampeonato). O contraponto é que a única das partidas em que a equipe jogou com total interesse foi a última delas, onde teve mais posse de bola e volume de jogo, mas falhou em criar situações de gol (problema que não raro acomete a Lepra de Martino).

Por outro lado, todo cuidado é pouco. Ainda que não seja exatamente regular, o Newell’s em sua versão atual tem a grande virtude de ser igualmente fora dentro e fora de casa. Vale lembrar o confronto contra o Vélez, quando os comandados de Martino perderam a partida de ida em casa por 1 a 0, buscando a classificação com um 2 a 1 em pleno José Amalfitani. Assim, um eventual bom resultado do Galo deve ser comemorado com cautela.

Para o jogo de hoje, o Newell’s entra com a equipe quase completa. Só não estará em campo o volante central Villalva, que retorna de lesão e está sem ritmo de jogo. No mais, virá à campo o onze titular. Guzmán no gol, a sólida defesa formada por Cáceres, Vergini, Heinze e Casco, Mateo como volante central, com Pérez e Bernardi fazendo o “vai e vem”, Figueroa e Maxi Rodriguez marcando e atacando pelos lados, quase como pontas, e Scocco como centroavante, esperando para decidir.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

sete + 8 =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.