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Questionado e decisivo, Romero coloca a Argentina na final

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São Paulo – A Copa do Mundo no Brasil veio para calar a boca de muitos. Ou de todos. Principalmente no que se trata da Seleção Argentina. Os jogadores mais questionados do elenco antes do início do torneio voltaram a decidir. E desta vez o personagem foi Sergio Romero. O goleiro foi providencial durante a disputa dos pênaltis após um 0-0 frio na noite desta quarta-feira e recolocou a Argentina em uma final contra tudo e contra todos. Agora o desafio é contra a Alemanha, no Maracanã, palco onde a Seleção começou e terminará a Copa.

E não foi apenas Chiquito quem se mostrou um monstro nas semifinais. Ezequiel Garay também foi um essencial, anulando Van Persie e ganhando todas pelo alto. Javier Mascherano é outro quem merece méritos. Apesar de nunca ter vencido o prêmio de melhor em campo, o atleta vem se mostrando um dos melhores jogadores da Copa do Mundo. Desarma como ninguém e marca de maneira precisa. Se não fosse seu pé, aos 44 do segundo tempo, 1998 se repetiria.

Mas a noite era para ser de Chiquito Romero. Principalmente em uma partida fraca, sem muitas situações de gol. O primeiro tempo foi marcado por poucas oportunidades, mas por uma postura tática muito boa de ambas as equipes. Tanto Argentina quanto a Holanda conseguiram cobrir bem os espaços, impossibilitando avanços ofensivos de Robben e Messi que, bem marcados por Mascherano e De Jong, respectivamente, não conseguiam criar. O fato é que a Argentina soube cobrir os espaços. Foi melhor em campo e controlou a partida e o ímpeto holandês.

Tanto que as melhores oportunidades do jogo, ambas da Argentina, surgiram por ‘coadjuvantes’. Aos 14 minutos, Enzo Pérez – mais um na lista dos questionados antes da Copa do Mundo – recebeu de Higuaín e foi derrubado na entrada da área. Lionel Messi, assim com já havia feito contra a Bélgica, cobrou falta na direção de Cillessen, que só encaixou. Dez minutos mais tarde, Garay teve uma boa oportunidade após cobrança de escanteio, mas mandou para fora.

O único susto sofrido pela Argentina durante o primeiro tempo foi aos 27. Javier Mascherano, ao dividir com Wijnaldum, sentiu o golpe e acabou caindo zonzo no gramado. Na hora do lance, os monitores mostravam um Alejandro Sabella preocupado por perder um dos melhores atletas da posição nesta Copa do Mundo. O jogador foi atendido no gramado, mas voltou em seguida.

A ideia do jogo persistiu no segundo tempo. A Holanda até tinha uma maior posse de bola, controlava o jogo, mas não arrematava ao gol, o que deixava a partida fria e chata, assim como a chuva que caia na Arena Corinthians. A única oportunidade holandesa foi com uma cobrança de Robben, por cima do gol. A Argentina teve uma única oportunidade clara de gol, aos 13, com Higuaín. Lavezzi levou até a linha de fundo de cruzou para o atacante, que acabou prensado por Janmaat.

Foi somente no final que a partida ganhou em emoções. Aos 30, Enzo Pérez aproveitou a vantagem dada pela arbitragem após falta em Messi, levou até a linha de fundo e cruzou para Higuaín, que de carrinho, quase marcou o primeiro gol da partida. Aos 38 foi a vez de Rojo tentar de fora da área, mas Cillessen salvou. Mas foi próximo aos acréscimos que a Argentina sofreu. Aos 45, Demichelis falhou feio, Robben ganhou, levou até a pequena área e chutou. Mascherano, num carrinho providencial fez com que a partida fosse para a prorrogação.

O lance parece ter acordado os holandeses. Nos 15 primeiros minutos da prorrogação, quem mandou no jogo foram eles. Muito por conta do esquema de jogo que a Argentina após a saída de Enzo Pérez, que inexplicavelmente deixou o campo no decorrer da segunda etapa. Mas foi somente aos oito minutos que Robben conseguiu a primeira finalização da Laranja na partida. E Romero estava ali para salvar.

Na segunda etapa, a Argentina teve ainda duas possibilidades de matar o jogo. A principal foi aos 9 minutos. Messi encontrou Palacio livre. Cara a cara com o goleiro, o jogador preferiu por tocar de cabeça por cima ao invés de arrematar para o gol. Dois minutos depois, Maxi Rodríguez até tentou repetir o feito de 2006, com um golaço contra o México, mas a bola bateu no chão. No fim, Sergio Romero esbanjou confiança. Tinha a oportunidade de rifar a bola, mas a segurou até o apito final.

Nas penalidades, Romero chamou a responsabilidade para si. Logo na primeira cobrança ele mostrou que estava ali para decidir ao pegar o pênalti de Vlaar, um dos melhores da Holanda na partida. Na terceira conversão, Sneijder viu Romero ir no canto direito, a meia altura, para pegar. Cabia apenas a Maxi Rodríguez, que no ano passado perdeu um pênalti em outra semifinal, da Libertadores, involuntariamente eliminado o seu Newell’s do coração contra o Atlético Mineiro. Quase perdeu de novo, é verdade. Cillessen até tocou na bola, mas ela caprichosamente entrou.

Acabava então uma série de 24 anos sem final. E graças aos questionáveis, já que os tão badalados jogadores argentinos na parte ofensiva não renderam.

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

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