Especiais

River Plate e o aniversário (póstumo) do fantasma da B

Em tempos de Internet, nada melhor que um meme para eternizar um momento histórico e isso não seria diferente com o River Plate. Exatamente há um ano, em 26 de junho de 2011, Los Millonarios seriam rebaixados pela primeira vez para a segunda divisão e uma cena correria o mundo.

Não, não é a cena de jogadores chorando ou mesmo de algum quebra-pau que apenas o futebol sul-americano nos proporciona. É a cena de um simpático velhinho vociferando os piores palavrões em espanhol na frente da televisão para os jogadores do River que empataram o jogo em 1 a 1 com o esquadrão celeste do Belgrano. Tal situação se tornou tão ímpar que, até mesmo o programa televisivo Pânico, faz uso da cena frequentemente.

O dia 26 de junho não era um dia maldito para o River Plate até os fatos de 2011. Aliás, era um dia com boas recordações. Em 1996, nesta mesma data, La Banda Roja era bicampeã da Libertadores da América com um 2 a 0 em cima do América de Cali. No entanto, o empate – exatamente no ano do aniversário de 110 anos do El Más Grande – se tornou uma mancha negra. Tão negra que a torcida fez uma campanha na Internet para impedir que o River usasse a cor vermelha na Segunda Divisão. La Banda Roja deveria usar uma diagonal preta para representar o luto de seus torcedores.

O ano de 2011, de fato, não foi um dos melhores da história do River Plate, principalmente porque o time, tal como se diz no Brasil, “deu chance para o azar”. Com uma campanha péssima em 2008/09 (41 pontos) e outra igual em 2009/10 (43 pontos), o River Plate precisava, na última rodada, vencer o Lanús no Monumental para forçar um jogo desempate com o Tigre (que empatou com o Argentinos Juniors). Acabou perdendo e pegando a última vaga da Promoción contra o Belgrano, quarto colocado da B Nacional de 2010/11.

O primeiro confronto com o Belgrano foi, no limite, bisonho. Realizado em Córdoba, no dia 22 de junho de 2011, um time perdido em campo conseguiu ser derrotado pelos donos da casa por 2 a 0. Já o segundo jogo, no fatídico 26 de junho, parecia promissor, afinal o River precisava “apenas” vencer por 2 a 0 e desde os cinco minutos do primeiro tempo venciam por 1 a 0 com gol de Pavone.

Só que a bruxa estava solta no Monumental, especialmente no segundo tempo. Aos 16 minutos, o Belgrano empata com Farré. Aos 22 minutos da etapa final, Pavone perde um pênalti batendo fraco e no meio do gol de Olave. De herói, virava vilão (especialmente para aquele velhinho millonario na frente da TV). Depois, é só sofrimento, palavrões e lágrimas que, de maneira impressionante, se tornam apoio para o time após o apito final. O tumulto e a raiva estavam instaurados em Nuñez, mas também o amor incondicional ao River Plate.

Só que estamos em 2012, meus caros. E em 2012, nesse primeiro aniversário do fantasma da B do River Plate, ele não existe mais. Afinal, não há mais Pavone, mas sim Trezeguet. Não há mais choro, mas sim alegria. Afinal, no último sábado, o River Plate se tornou campeão da B Nacional e conseguiu subir, ficando menos de um ano na segunda divisão. El más grande voltou para o lugar que nunca devia ter saído e o fantasma da B é apenas uma lápide na história vitoriosa do clube de Nuñez.

Rafael Duarte Oliveira Venancio

Em 2010, na primeira versão desse texto, Rafael Duarte Oliveira Venancio escrevia para o Futebol Portenho, era professor do Senac e doutorando na USP. Em 2014, era professor doutor da Universidade Federal de Uberlândia e mantinha o blog Lupa Esportiva no Correio de Uberlândia. Agora, em 2020, é pós-doutor pela ECA-USP, além de escritor e dramaturgo com peças encenadas em 3 países e em 3 línguas. Nestes 10 anos, sempre tem alguém comentando este texto com ele, seja rindo, seja injuriado...

7 thoughts on “River Plate e o aniversário (póstumo) do fantasma da B

  • Elsio Limoeiro Filho

    Todo clube tem o seu dia trágico, mas o pesadelo acabou. Só lembrando. Na minha opinião os grandes vilões foram a diretoria omissa, o treinador e aquele zagueiro paraguaio ridídulo, que não quero nem citar o seu nome.

  • Eduardo

    A B Nacional foi uma desgraça necessária na vida do CARP. Se o time tivesse se salvado na promoción contra o Belgrano, a direção e o técnico seriam consagrados como herois.

  • Eduardo Marini

    Amigos,
    Um clube grande tem que ter acima de tudo, dignidade. Em 11 de agosto de 2011 Daniel Passarela, presidente do CA River Plate entre outras coisas disse: “No pedimos tratamientos especiales. Estamos aquí como consequencia de resultados deportivos acumulados en los ultimos anos y pondremos todo nuestro empeno em volver, também mediante resultados deportivos, a las estapas de brillo, que son mayoria en la historia de River. Dignidad significa asimismo que respetamos a todos los adversários que vamo a enfrentar y las reglas de juego com las que debemos competir.” Cumpriu sua palavra. Parabens Club Atletico River Plate.
    Em tempo: não fez como o Fluminense aqui no Brasil que virou a mesa com a ajuda da carioca CBF. Vergonha.
    eduardo

  • El Tano Pasman

    NOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ESTAMOS EN LA BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ESTAMOS EN LA BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ESTAMOS EN LA BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    NOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! NOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    LPQMP!!! ROMÁN PARAGUAYO Y LCDTH!!!!!!

  • qual foi a outa partida da promocion? e quais foram os outros rebaixados mesmo?

  • La 12

    Regy, foi Gimnasia x San Martin (SJ). Os triperos seguiram o River para a B. Mas não voltam tão cedo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

3 × cinco =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.