Primeira Divisão

River “Tomba” no Monumental

História tá se repetindo: time pequeno vai lá e vence River no Monumental
História tá se repetindo: time pequeno vai lá e vence River no Monumental

Tudo preparado para a festa. Monumental cheio de gente; muita alegria, apoio irrestrito à equipe e a forte convicção de que o River chegaria à segunda vitória em três jogos. Nada disso aconteceu. Culpa do Almirón, novo técnico do Tomba, que vem dando ao conjunto da bodega um estilo clássico de jogar. O toque de bola é o ponto forte, mas as jogadas bem ensaiadas não ficam muito atrás. River saiu na frente, mas levou o empate pouco depois. No segundo tempo, nos acréscimos, e após não ter um pênalti e um gol legítimos assinalados pelo árbitro, o Tomba virou o cotejo e saiu sorrindo de Núñez: 2×1.

Primeiro tempo foi bem animado. Todo mundo correu para lá e para cá, mas a pelota não foi maltratada como é comum nesses casos. River tentou fazer seu jogo bem aberto pelos dois flancos do campo, o que dificultava a marcação do Tomba e favorecia a velocidade que o Millo tentava imprimir no cotejo. Já o visitante mendocino fazia diferente. A proposta era a de articular as jogadas de maneira clara e paciente. Contudo, em situações nas quais a bola era recuperada no campo de defesa, e até os cartolas do Millo se punham na área de Carranza, o contra-ataque para o Tomba não era só o mais indicado. Era também o que lhe parecia oferecer uma possibilidade real de chegar às redes de Barovero.

E a proposta do River surtiu efeito primeiro. Aos 10, uma ótima trama ofensiva fez a pelota sair de um canto a outro do campo. Nos papéis estavam Teo Gutiéerez, que virou uma bola fantástica para Carbonero, na esquerda da área. O zagueiro-atacante tocou com precisão para Cavenaghi guardar: 1×0. O gol deu a entender que o River seria o dono do jogo. E o Millo não jogava nada mal. Contudo, cinco minutos depois veio a surpresa.

Após cobrança curta de córner, o conjunto mendocino deu mostras de que seu novo treinador não está em Mendoza apenas para tomar um bom vinho ou fazer um tour pelas parreiras da região. Cobrança curta que chamou a atenção da defesa do River, desarmando-a com facilidade. Bola rolada para José Luis Fernández no centro da área. Arremate forte e rebote de Barovero. Pelota chegou nos pés de Luciano Grimi pedindo: “por favor, me coloca nas redes”. Não deu outra: era o empate do Tomba: 1×1.

A partir daí as ações foram protagonizadas ora por um ora por outro. O Millo se valia de bolas esticadas para os lados do campo, bem abertas. O reforço de jogadores a este setor, porém, deixava o meio-campo pouco habitado pelos donos da casa. Assim, o jogo do Godoy Cruz era facilitado. Tratava-se de ou de contra-ataques rápidos ou de jogadas tramadas como se a equipe de Mendoza jogasse em seus domínios. Primeira etapa terminou no empate, mas sinalizava que as coisas poderiam se complicar para o manda-chuva do Monumental.

No segundo tempo, Castellani, Aquino, Díaz e Fernández deram aos meninos do River uma aula de como se deve ocupar e dominar um meio-campo. Parecia que quem corria riscos com os promédios era o River, não a equipe bodeguera. Mostrando confiança no manejo da bola, o Tomba pouco a pouco envolvia o River e anunciava a Barovero que sua meta estava ameaçada. Um dos motivos para isso é que no afã de ir ao ataque a equipe local se desguarnecia do meio-campo para trás, já que apenas um volante tinha de fazer trabalhos de Hércules para evitar o gol do conjunto da bodega mendocina.

A pressão era silenciosa e dissimulada. Parecia somente um toque pra lá e um toque pra cá. Só que era engano. Tratava-se de um domínio mortal para o qual Ramón Díaz, no banco, não parecia ter remédio. Quase no fim, Kranevitter fez falta em Aquino dentro da área e o árbitro só não anotou pênalti porque não quis. Foi um grave erro da arbitragem mas seria o único. Minutos depois o assistente invalidou um gol legítimo de Jose Luis Fernández em jogada que apenas seus olhos de lince viram impedimento.

Chegava ao ponto de que o empate estava de bom tamanho para o River. Só que se no banco Ramón Díaz tinha dificuldades para engolir essa realidade. Só que para Ramón ficaria ainda pior o que faria a ótima equipe visitante já nos acréscimos da partida. Após rápido contra-ataque, a pelota foi conduzida por Aquino até a entrada da área. Então ele fez um passe estupendo para Rodríguez guardar a pelota no fundo das redes de Barovero: 2×1 Godoy Cruz, aos 47 minutos de jogo. Deu tempo para mais nada. Deu Godoy, que chega a sua segunda vitória consecutiva, enquanto o River perde a primeira e vê o Estudiantes colocar cinco pontos à sua frente. Pior: entre as duas equipes outras oito desfilam na tabela de classificação.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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