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Enrique Guaita, o índio da seleção italiana fascista campeã da Copa 1934

Colocando a Itália na final da Copa de 1934, marcando em dividida com o goleiro do “Wunderteam” austríaco o único gol do duelo. Ainda daria assistência na decisão

Por trás do estereótipo de uma arrogante pátria embranquecida, na Argentina é possível notar fenótipo que indica ancestralidade indígena mesmo em jogadores de sobrenomes alemães (Rafael Albrecht, o ex-coxa branca Eduardo Dreyer, o ex-botafoguense Rodolfo Fischer, também de origem russa e polonesa, e Paolo Goltz), britânicos (Daniel Willington, René Houseman), escandinavos (José Sand), franceses (Sebastián Rambert, ex-jogador da Albiceleste cujo pai defendeu os Bleus, e Pablo Rotchen) ou eslavos (Darío Cvitanich, que quase defendeu a Croácia, Leonardo Pisculichi, Juan Krupoviesa, Enzo Kalinski…); que dirá então na imigração não-espanhola mais difundida no país, a dos italianos. Mauro Camoranesi, Ezequiel Schelotto e o ex-santista Cristian Ledesma são dois aparentes exemplos recentes dessa mestiçagem na própria Azzurra – que, em pleno fascismo higienista, alinhou alguém apelidado de El Indio para a Copa sediada e vencida em 1934: Enrique Guaita, falecido há 60 anos. Vale relembrar esse ídolo do Estudiantes que também foi o primeiro hermano artilheiro da moderna Serie A, onde El Corsario Negro brilhou pela Roma.

Nascido em 15 de agosto de 1910 como fruto da união de um Arturo Guaita com uma Eloisa Ormaechea, na Argentina ele ficou marcado por ser um grande ponta-esquerda, mesmo sem ter habilidade para malabarismos. Mas era eficiente para cobrir a bola, protegendo para então passar da melhor forma a um colega. Tinha, sobretudo, um pique acima da média, além de capacidade ambidestra, chute seco e forte, e oportunismo tanto para roubar a bola adversária como para também fazer seus gols. Tinha ainda um físico relativamente robusto que contrastava com a serenidade de quem não era de revidar os golpes que levava. Nasceu no povoado de Lucas González, municipalidade de Nogoyá, no interior da província de Entre Ríos, algo que inclusive impulsionou a alcunha de El Indio (“porque sou entrerriano, pele morena e criollo da gema”, assumiu em 1932 à revista El Gráfico). Mesmo antes da maioridade, já defendia equipes adultas pela província e logo foi incorporado por um dos principais clubes entrerrianos, o Estudiantes de Paraná. Mas, em tempos em que o campeonato argentino era, apesar do nome, restrito de modo oficial à Grande Buenos Aires e La Plata, a grande vitrine de jogadores do interior era o campeonato de seleções regionais.

Jogando pela seleção de Paraná naquele torneio que tinha seu prestígio na época, Guaita participou com 17 anos da edição de 1927 e foi vice na de 1928, na surpreendente final de interioranos, travada contra Santiago del Estero. O futebol já era uma atividade paga apesar do amadorismo oficialmente pregado. Mas a remuneração e prestígio estavam longe do patamar atual. Guaita chegou em 1929 a La Plata focado inicialmente nos estudos em medicina mesmo, mas foi aproveitado juntamente com o conterrâneo Alberto Zozaya por “outro” Estudiantes. Com 18 anos, estreou no time principal dos alvirrubros marcando três gols em um 4-4 com o Independiente, embora não marcasse nos outros jogos que fez pelo campeonato de 1929 – vencido pelo rival Gimnasia. Em compensação, o Pincha fez bonito contra os dois últimos campeões italianos, que visitavam conjuntamente a América do Sul em 1929; Guaita esteve em campo no 3-3 com o Bologna e no 5-0 sobre o Torino. Já no campeonato argentino, a reação alvirrubra foi o vice-campeonato de 1930, para o qual Guaita contribuiu com onze gols em 34 jogos. O Estudiantes formava um dos ataques mais celebrados do futebol argentino, um quinteto ofensivo apelidado de Los Profesores. Os feitos foram tantos que já dedicamos este Especial para numerar o que o quinteto aprontou.

Também já dedicamos Especiais a cada um dos outros membros desse ataque. Guaita era considerado justamente o menos habilidoso entre eles, embora viesse a ser o único a ganhar – e como peça importante – uma Copa do Mundo. A ponta-direita era ocupada pelo veloz Miguel Ángel Lauri, que defenderia não só a seleção argentina como também a da França, onde integrou o último Sochaux campeão francês. A meia-direita era de Alejandro Scopelli, jogador e treinador dos mais viajados no futebol pré-globalizado, defendendo como jogador ou técnico times argentinos, italianos, portugueses (trabalhou no trio de ferro), chilenos, espanhóis (duas vezes campeão com o Valencia na Liga Europa da época) e mexicanos. Scopelli também participou da Copa de 1930, tal como o outro meia, Manuel Ferreira, nada menos que o capitão da Argentina na primeira Copa do Mundo – um de seus filhos seria o arquiteto do Estádio Único de La Plata. O centroavante, por sua vez, era Alberto Zozaya, outro proveniente da província de Entre Ríos. Zozaya foi por muito tempo o maior artilheiro do Estudiantes. Também foi o artilheiro do histórico campeonato de 1931, no qual os principais clubes argentinos romperam com a associação oficial para dirigirem seu próprio campeonato, escolhendo os clubes economicamente interessantes de se enfrentar, além de escancararem o profissionalismo já existente.

Os “Profesores” no auge e na velhice. A ordem é a mesma: Lauri, Scopelli, Zozaya, Ferreira e Guaita

O torneio inaugural da nova era em 1931 ofereceu diversas marcas pioneiras protagonizadas pelos Profesores. Na era profissional, o Estudiantes foi o primeiro time a marcar 7 gols em um jogo, sobre o Chacarita, na 3ª rodada; o primeiro a marcar 8, no Lanús, na 14ª (a superioridade foi tamanha que o juiz finalizou o jogo aos 23 do segundo tempo: os grenás fizeram dos pinchas os primeiros a vencerem por W.O. também); o primeiro a marcar nove, sobre o Ferro, na 23ª… Guaita contribuiu com dezessete gols em 34 jogos em 1931, incluindo contra River; nos dois clássicos com o Gimnasia; em goleadas de 5-2 sobre Ferro Carril Oeste (que sofreu 8-0 no returno com dois gols do Indio) e Independiente; naqueles 8-0 no Lanús; em 6-1 no Atlanta; dois em 6-3 no Racing; três em 4-4 com o Talleres de Escalada… não por acaso, o Estudiantes fez não só o artilheiro como também o vice-artilheiro, respectivamente Zozaya, com 33 gols, e Scopelli, com 31. Guaita também deixou um gol em 4-1 sobre o Boca na antepenúltima rodada, partida que manteve os platenses no páreo pelo título contra os auriazuis. Apesar do desafogo, uma surpreendente derrota na rodada seguinte eliminou as chances de título do Pincha e garantiu o Boca campeão.

Ao fim, o San Lorenzo também terminaria à frente do Estudiantes, que mesclava aquelas grandes goleadas com numerosas derrapadas. Ainda assim, os Profesores fizeram o terceiro colocado somar 103 gols, dezoito a mais do que o campeão (!). O time começou o campeonato de 1932 com tudo, sapecando na rodada inicial um 6-1 em sobre o rival Gimnasia, no qual Guaita marcou duas vezes no que foi a maior goleada do Clásico Platense no século XX. Porém, a equipe não foi tão arrasadora, terminando em sexto. Tal como em 1931, Guaita marcou dezessete gols, agora em 28 partidas, incluindo outros dois em 3-2 em reencontro com o Gimnasia pelo segundo turno – e outros sobre o campeão River e o vice Independiente. No início de 1933, então, ele defendeu o combinado do campeonato argentino em dois jogos contra o do uruguaio, em derrota por 2-1 em Montevidéu em 21 de janeiro (marcando o gol visitante no estádio Centenário) e em triunfo de 4-1 em 5 de fevereiro no estádio do Independiente. O sucesso da liga profissional a fez absorver a associação oficialmente amadora em 1935 e essas duas partidas seriam convalidadas como jogos oficiais da seleção argentina, pois Guaita a rigor não vestira a vestimenta da Albiceleste: a camisa naquelas partidas foi branca, com golas e mangas em verdes e o distintivo da Liga Argentina de Football ao invés da AFA.

Logo o Estudiantes se desmanchou: Ferreira reforçou o River em 1933, enquanto Scopelli e Guaita foram ambos contratados pela Roma. El Indio ainda participou do início do campeonato de 1933, atuando nas três primeiras rodadas e marcando um gol. Na Itália, o ponta receberia o equivalente e 1.600 pesos quando nenhum jogador na Argentina era remunerado acima de 350. Andrés Stagnaro, outro argentino contratado pela Roma (junto ao Racing), declararia: “na Itália, se ganha bem e se gasta pouco. Nós, os argentinos, em Buenos Aires, saímos muito e gostamos de nos dar uma boa vida. Em Roma, por exemplo, depois das 10 da noite, há muito poucos lugares para frequentar. Só no verão assistíamos a apresentações teatrais ao ar livre e gastávamos só quatro ou cinco liras. Exceto os jogadores que não renderam, os outros, os que puderam atuar durante três ou quatro temporadas, alcançaram as maiores satisfações econômicas. Dos últimos, o que mais ganhou foi, possivelmente, Guaita. Gostavam muito do Indio na Itália. Nos diz depois que o futebol na Europa não é na atualidade como nos seus melhores tempos”. Nesse contexto monetário apresentado por Stagnaro, vale dizer que cada campeão da Copa de 1934 seria contemplado com 22 mil liras…

Guaita estreou no calcio em 10 de setembro de 1933, na rodada inicial da temporada 1933-34, em derrota para o Brescia. Os primeiros gols saíram na terceira rodada: dois em 3-1 fora de casa na Fiorentina. Também guardaria contra a Juventus, vencedora por 3-2 na capital, em 1º de outubro. Em 3 de dezembro, então, o argentino já fazia a sua estreia pela seleção B da Itália, em 7-0 sobre a Suíça. Agora Enrico Guaita, ele marcou dois gols. Em janeiro, deixou gols sobre Torino (4-0), Brescia (2-1) e Firoentina (2-1). Em 11 de fevereiro de 1934, fez então sua estreia pela seleção italiana principal, em partida válida pela edição que se desenrolou entre 1933 e 1935 da Copa Internacional – precursora da Eurocopa. Como aquelas partidas pelo combinado argentino não eram oficiais, Guaita estava livre para as regras da FIFA, cujo artigo 21 na época impunha três anos de quarentena para que algum jogador trocasse de seleção (ainda que houvesse vista grossa quanto a Luis Monti e Atilio Demaría, ambos vices da Copa de 1930 que a rigor só estariam livres em julho de 1934, pois defenderam a terra natal até esse mês de 1931).

Seleção do campeonato argentino em 1933, com três “Profesores”: Lauri, Juan Rivarola (contratado em 1934 pelo America-RJ!), Zozaya, Roberto Cherro e Guaita. Anos depois, esse combinado seria convalidado como seleção argentina

O primeiro adversário de Guaita pela Azzurra principal foi a Áustria e o estreante marcou os dois gols italianos. O problema é que a opontente, mesmo jogando em Turim e desfalcada do astro Matthias Sindelar, venceu por 4-2. O resultado serviu para estimular os italianos a se prepararem como nunca para o Mundial, para o qual precisaram ainda competir em eliminatórias, que disputaram em março. Sem dar chances ao azar, Guaita e colegas veneram por 4-0 a Grécia, na única vez em que o país-sede precisou jogar eliminatórias. Em paralelo, deslocado para centroavante, deixava mais alguns gols na Serie A, em 3-3 no clássico com a Lazio, os três em 3-0 sobre o Genoa e quatro em um 6-3 no Torino. O centroavante titular da Itália, porém, era o astro Giuseppe Meazza. Guaita voltaria à ponta e sua capacidade ambidestra permitiu que fosse deslocado para a ponta-direita, fazendo com que a Azzurra pudesse contar com eles e Raimundo Orsi juntos no ataque; Orsi era outro argentino do elenco, juntamente com El Indio e os citados Monti e Demaría.

Outro oriundo era o brasileiro “Filó” Guarisi, participante da estreia, contra os EUA. Guaita foi usado no lugar de Filó a partir do segundo jogo e não saiu mais. Foi um dos poucos a ter físico para atuar nas duas duras partidas contra a Espanha; foi necessário um jogo-desempate após o placar de 1-1 da primeira partida. A partida subsequente, já pela semifinal, foi uma revanche contra a Áustria, tida como a mais habilidosa seleção da Europa continental. Sob chuva e em lamaçal, Guaita foi o herói da tarde: foi dele o único gol, levando a melhor em dividida com o goleiro em contra-ataque que surpreendeu a defesa do Wunderteam. Na final, o físico de Guaita foi novamente elemento-chave. Com partida empatada em 1-1 e já na prorrogação, ele levou a melhor em dividida com dois tchecoslovacos e não foi fominha: era esperado que chutasse, mas preferiu habilitar Angelo Schiavio, que mesmo prensado pôde marcar o gol do título em chute que, desviado, encobriu o goleirão František Plánička. Na final, o único argentino azzurro ausente era Demaría.

O melhor de Guaita viria exatamente após a Copa. Embora a Roma, quinto colocada em 1933-34, tenha subido apenas uma posição na temporada 1934-35, o argentino brilhou com 28 gols em 29 jogos, ausentando-se de somente um na temporada 1934-35 do campeonato – um encontro com a Ambrosiana-Inter pela 7ª rodada; estava recuperando-se de lesões contraídas na “batalha de Highbury” travada em dezembro de 1934 entre as seleções italiana e inglesa (que recusava disputar a Copa do Mundo e convidara os campeões do torneio a um desafio a fim de provar a superioridade britânica no esporte; o English Team venceu por 3-2). El Indio, agora apelidado de Corsario Negro, deixou hat tricks sobre o Torino (3-2 fora de casa), Alessandria (6-1, também fora) e Napoli (4-0), um na rival Lazio (1-1), outro sobre a Inter (1-0, em Milão, e derrota em casa por 4-3) e Milan (4-4, também em Milão), despedindo-se com uma doppietta em 4-1 fora de casa na Pro Vercelli, partida que também foi involuntariamente a despedida do primeiro argentino artilheiro da moderna Serie A. Antes dele, o hermano Julio Libonatti também fora goleador máximo, mas na era regionalizada do campeonato italiano.

Em plena pré-temporada para o torneio de 1935-36, em meio a uma expectativa de luta pelo título, sobreveio uma convocação do exército italiano dirigida aos argentinos Guaita, Scopelli e Stagnaro para que se sujeitassem a exames médicos a fim de atestar a possibilidade de servirem as forças armadas do Duce que haviam invadido a Etiópia. Os cartolas romanistas buscaram tranquilizar o trio, que não se convenceu e buscou asilo na embaixada argentina. Na mesma noite, sem conseguir sequer avisar as esposas, os três decidiram deixar a Itália. A revista Guerin Sportivo chegou a detalhar que sua fuga deu-se em um Dilambda, carro famoso da época, no qual dirigiu-se a Santa Margherita Ligure, rumando dali via trem para a fronteira francesa. As esposas os seguiram depois, só conseguindo passar da fronteira após se desfazerem da maior parte do montante que levavam na bagagem: de um patrimônio estimado em 250 mil liras, entraram na França com 2 mil. O diário Roma Fascista não os considerou traidores da pátria, “apenas” mercenários que buscavam contratos melhores, culpando os próprios clubes por importarem estrangeiros na crença de que o sangue os fariam italianos.

Guaita por Itália em 1934 (à esquerda, em pé) e Argentina em 1937 (à esquerda). As fotos contém os outros dois que, como ele, defenderam a Argentina antes e depois de jogarem por outra seleção: Orsi (agachado à direita pela Itália) e Scopelli (a seu lado em 1937)

Os jogadores se defenderam: “nos mudamos à Itália para jogar futebol. Permitimos que nos nacionalizassem como italianos acreditando que era uma simples formalidade para nos habilitar a representar a Itália em jogos internacionais contra outros países. Entendemos que nossa cidadania argentina não seria afetada”. Guaita, Scopelli e Stagnaro tentaram prosseguir carreira em clubes de Cannes e de Paris, mas a federação italiana reteve o passe perante a FIFA – posteriormente, disseram que isso não seria uma manobra da Roma, mas da própria rival Lazio, mais atrelada ao fascismo e que os queria longe da Bota. Apenas em fevereiro de 1936 é que a FIFA foi flexível e os permitiu jogar na Argentina, sendo todos contratados pelo Racing. Guaita, particularmente, era esperado em Avellaneda com bastante expectativa. Ele e Scopelli custaram cada um 45 mil pesos e se juntariam a um ataque que continha o implacável goleador Evaristo Barrera (autor de incríveis 136 gols em 145 jogos pelo clube) e o endiabrado ponta Enrique Chueco García, ponta-esquerda figura na seleção.

Guaita, novamente deslocado à ponta-direita, demorou a readaptar-se a ponto de causar alguma decepção na torcida racinguista. Marcava gols apenas contra times menores, e a conta-gotas, até uma forra em 6-2 no Lanús, onde marcou três vezes. Essa boa exibição foi seguida por outro gol, em 2-1 fora de casa sobre o Boca na rodada final. Guaita foi então convocado pela seleção argentina que disputaria em casa a Copa América no início de 1937. Ele e o colega Scopelli tornaram-se um dos três jogadores, junto de Orsi, a defenderam o país antes e depois de jogarem por outra seleção, embora só ali El Indio passasse a vestir de fato a camisa alviceleste. Foi reserva do craque Carlos Peucelle (autor de um dos gols na final da Copa de 1930 e descobridor de Alfredo Di Stéfano) ao longo do torneio, mas pôde atuar exatamente nas duas últimas partidas, ambas contra o Brasil – na rodada final e no jogo-desempate favorável aos hermanos, em uma primeira final literal do clássico com os brasileiros.

Ao longo de 1937, ele assinou outros quatorze gols pelo Racing, em 26 partidas. Tanto deixou o dele na incrível reação de 4-4 com o campeão River após estar perdendo de 4-0 como também em vexames, anotando os gols racinguistas de honra em 7-1 para o Boca e em derrota em casa por 4-1 no Clásico de Avellaneda. Apesar dos números razoáveis (28 gols em 56 jogos, exatamente meio gol por jogo), não virou exatamente um ídolo na Academia e inclusive não constou na convocação à Copa de 1938 (para a qual a seleção acabaria nem indo, em protesto por não ter sediado o evento, entendendo a AFA que deveria haver rodízio entre Europa e América do Sul…). Voltou ao Estudiantes para a temporada de 1938 – deixando então oito gols em 23 jogos. Ele e Zozaya eram remanescentes dos Profesores em um elenco que só terminou em 7º. El Indio ainda atuou em quatro jogos do início do torneio de 1939. Fez um último gol no 2-2 com o Atlanta; o outro tento alvirrubro foi do jovem Manuel Pelegrina, exatamente o único homem a superar Zozaya em gols pelo Pincha.

Guaita deu a carreira por encerrada ainda com 29 anos com 45 gols em 92 jogos pelo clube de La Plata. Após parar, radicou-se em Bahía Blanca, onde foi diretor de uma penitenciária em 1949 e de uma subprefeitura (na Unidade IV de Encausados de Villa Floresta) a partir de 1951. O ex-atacante reaproximou-se do futebol a partir de 1953, como diretor da Liga do Sul, como era denominado o campeonato regional bahiense. Em sua gestão, a durar até 1955, foi erguida a sede própria da liga, no número 77 da rua 11 de Abril. Ele também presidiu o tribunal desportivo local. Faleceu precocemente em San Nicolás de los Arroyos, em função de um câncer descoberto já em etapa incurável, sendo o primeiro dos Profesores a ser levado.

Na Roma, no Racing (em rara imagem colorida onde “El Indio” não foi embranquecido) e a repercussão de sua morte na Itália, onde Enrique era “Enrico”

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

3 thoughts on “Enrique Guaita, o índio da seleção italiana fascista campeã da Copa 1934

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