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23 de maio: Dia da “Lealdade canalla”, bombas e confusões poucos dias antes da “final” em Rosário

Desde Rosário – Em vista daquele doloroso e triste 23 de maio de 2010, dia da queda do Central à B Nacional, os torcedores do clube denominaram essa data como o “Dia da lealdade canalla”. Por isso, a cada ano quando chega essa data, todos os torcedores se encontram junto ao Monumento à Bandeira. Uma multidão de hinchas se convoca e canta para afagar o clube que tanto ama. E tudo começou no dia 27 de maio, quatro dias depois do rebaixamento da equipe. A ideia inicial era apenas a de reverter a tristeza e trasformá-la em um momento de carinho e de voto de confiança ao Canalla. Porém, naquele 27 de maio de 2010, cerca de 5.000 hinchas percorreram todo o microcentro de Rosário, marcando sua presença, cortando ruas na noite rosarina e se dirigindo rumo ao Parque Independência, sede do rival histórico, Newell´s Old Boys.

Segundo os torcedores, a ideia de irem ao Parque Independência era para “queimá-lo. Porém, na esquina dos tribunais da província foram interceptados e reprimidos pelos policiais. Do encontro se produziu destroços, feridos com gravidade e alguns torcedores detidos. Além disso, um carro da polícia queimado, duas motos destroçadas, ônibus quebrados, carros destruídos etc. Também alguns estabelecimentos pagaram o pato. O restaurante “Pampa”, localizado entre as ruas Mendoza e Moreno (local de encontro dos torcedores do Newell´s) ficou com suas janelas de vidro quebradas e com seus comensais gravemente feridos apenas por estarem ali, jantando.

Quem escreve estas linhas esteve em 2010 no evento, ao acatar a convocação para estar ato da Lealdade canalla e sofreu com a forte repressão policial. Assim como também ocorreu na edição deste ano.

Ao som de “vamos voltar, vamos voltar”, “vamos acadé”, “vamos queimar o chiqueiro” e outros hits, os torcedores voltaram na data escolhida as ruas de Rosario para a edição 2012 do dia da Lealdade canalla. Os torcedores começaram a se concentrar a partir das 19h00. Então marcharam pelas ruas da cidade rumo ao Monumento à Bandeira. Vestiam gorros e camisetas do Central, além de portarem bandeiras. Não paravam de cantar.

Contudo, nem tudo eram flores. A polícia estava muito bem preparada para qualquer problema que pudesse ocorrer. Talvez preparada demais. Fato é que tanto a polícia federal quanto a estadual e a civil metropolitana se prepararam bem para eventuais confusões. Porém, talvez ainda tenham pecado por alguma falta de habilidade. Isto porque os incidentes para os quais se prepararam para evitar acabaram por acontecer.

Na intersecção da rua Rioja com o Boulevard Oroño, perto de um posto da Petrobrás, hinchas identificados com os barras provocaram destroços em toda a quadra. No entanto, ao chegarem a rua Dorrego, pela rua Rioja, os hinchas encontraram e enfrentaram a polícia. Houve roubos, danificação de carros, correria generalizada etc. Cenário que entristece porque, pela ação de uma minoria, toda a torcida caanalla acaba levando a fama de desordeira.

Enquanto isso, alguns torcedores do Newell´s rodearam o Parque Independência, enquanto outros, que optaram pela violência e insultos verbais aos canallas, foram agredidos por torcedores auriazuis.

A residência onde moravam duas torcedoras do Newell´s foi atacada. Também duas jovens romperam as portas de uma pizzaria e pintaram o local. Já os carros estacionados ficaram quase todos com algum dano. Infelizmente o cenário de sempre. Lamentavelmente.

Cabe destacar que durante a madrugada de 23 de maio, cinco torcedores leprosos, que circulavam em um veículo gol, foram detidos pela polícia na rua Maipú, depois de detonarem bombas e afetarem a ordem pública da madrugada rosarina. Depois de várias horas detidos foram liberados, após conclusão prévia de uma peça policial sobre o caso.

Estebán de León

Rosarino, vive em Funes (a 15 km de distancia) desde 1987, torcedor fanático Rosario Central. Estudiante de Engenharia Mecânica da Universidad Tecnológica Nacional (Facultad Regional Rosario).

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