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Crise de identidade como hincha


Simplesmente mais do mesmo. Assim foi o desempenho da Argentina contra o Paraguai. Por essa razão, e pelo fato de qualquer análise feita hoje se tornar um pleonasmo ainda maior, opto por passar minha visão de torcedor neste texto. Um ponto de vista meu, mas que partilha de sentimentos pelos quais estão passando toda a hinchada argentina

Assim como todos os outros, me preocupo muito com a classificação para o Mundial. Não estar na África do Sul é uma idéia assombrosa, e precisar fazer contas, torcendo contra seleções menos expressivas é deprimente.

Contudo, o pior não está nisso. Uma colocação incômoda pode ser resolvida com vitórias, ainda que hoje elas pareçam cada vez menos possíveis. O que me deixa triste de fato está puramente no que vejo em campo, mesmo estando longe

.

Sempre defendi que minha paixão pela seleção albiceleste encontrava liga no futebol apresentando na cancha. Os títulos são válidos, mas os espero como ‘obrigação’ do Boca Juniors. Vendo a Argentina, eu esperava pelo encanto, culminando com vitórias

Ironicamente, é sob a batota do homem que melhor fez justiça a essa máxima que a seleção se encontra no momento mais negro que eu já pude presenciar. Não só pelas derrotas, mas pela maneira com que elas chegam.

Um meio-campo inexpressivo, perdido com a bola nos pés. Atacantes que, ao buscar muito isoladamente, acabam igualmente sem nada. Defensores com uma insegurança terrível. A soma disso tudo produz um futebol ainda mais triste que as derrotas em si.

Tristeza baseada na confiança. Sei que alguns desses jogadores podem fazer muito melhor, encantando e ganhando. Não peço pelo “Toco y me voy”, embora seria magnífico. Peço pelos dribles, pelos passes refinados e pelos gols ausentes a tanto tempo. Desde a chegada de Dieguito, precisamente. Sempre me pego perguntando se não seria inveja dele para com uma Pulga que pode se tornar maior que o D10s.

Seria fácil se simplesmente acreditasse nisso. Porém, nem Messi e nem ninguém se exaurem de culpa em nada. Mesmo assim, espero o melhor para ele e sua geração. Ficar fora da Copa seria um aprendizado, mas ao mesmo tempo seria doloroso. Para jogadores e para um país inteiro.

No entanto, a dor maior não se encontra nesse risco de não ir ao Mundial, Está na realidade de que a Argentina, em sua essência futebolística verdadeira, sequer disputa as Eliminatórias.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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  • O Uruguai e o Chile continuam usando da deslealdade em campo, batendo sem dó nos adversários, para chegar ao seu objetivo.

    A Argentina, que em um passado recente também usava do mesmo expediente, evoluiu e resolveu fazer o que sabe de melhor: jogar na bola e dando espetáculo.

    O Brasil, que nunca foi tão desleal quantos os três citados acima, deixou de lado o futebol arte e ganhou a conotação de competitividade e do resultado positivo. A Copa de 1982 foi traumática e um divisor de águas. De lá prá cá o futebol brasileiro jamais foi o mesmo, pois o povo brasileiro inconscientemente resolveu abdicar do belo pelo vitorioso.

    Pela insatisfação do povo argentino em suas declarações contra o desempenho da Argentina, chego a conclusão que prefiro ser chamado de Campeão Mundial do que ser torcedor, sofredor e detentor do futebol arte em meu país.

  • Tem que volta aquela Argentina raçuda, dando carrinhos, disputando cada pedaço do campo como se fosse o último, ''comendo a bola''.
    Hoje o que vemos são 10 jogadores perdidos em campo.
    Não se ve nada, nem ataque, nem meio campo, nem zaga, nem nada.
    Vai ficar muito difícil a classificação assim.

  • Bueno não sei nem o que dizer hoje.....apenas torcer para que haja um milagre e possamos se classificar.

    Queremos mais garra, raça e objetivo....

    Chega de pensar pequeno.....

    Somos maiores e melhores.

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