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Desvalorizadas, canteiras podem ser a solução

“Castigol” pode não chegar, mas promessas da base terão mais espaço, como Domínguez

Frustrando as expectativas no Arroyito, Gonzalo Castillejos não deve chegar ao Central. O jogador do Lanús está a caminho do Barcelona de Guayaquil. Bastou o presidente Speciale receber uma nota sobre o assunto para demonstrar desânimo completo. Com baixa expectativa de fichar outros nomes importantes, a ideia é a de valorizar as canteiras canallas. Para tanto, precisa melhorar os contratos dos garotos.

A nota chegou como uma bomba: Gonzalo Castillejos viajara ao Equador para acertar sua transferência ao Barcelona de Guayaquil. Speciale demonstrou um misto de frustração e constrangimento. Castillejos tem a imagem ideal do artilheiro canalla e sua contratação não seria tão onerosa para os cofres do clube. O artilheiro era uma espécie de salvador e símbolo de sucesso no difícil mercado de passes da inter-temporada. Agora, o jeito é parar de lamentar e procurar alternativas.

O caminho está na valorização da base. Embora o Central possua uma estrutura gigante, os frutos do trabalho nas canteiras são incipientes. A principal razão para isso é o alto número de contratação de jogadores de outros clubes. Alguns, em fim de carreira; outros, rejeitados e encostados em clubes de vários lugares do mundo. Bracamonte é o mais recente exemplo. Veio para o clube e não correspondeu. Apesar disso, foi precisamente Bracamonte que resolveu rescindir o contrato e procurar outro clube. Sua chegada impediu o possível lançamento de um garoto na formação titular do Canalla.

Além disso, os custos com essas contratações têm onerado muito aos cofres do clube, fato relevante contra os esforços de Speciale de diminuir a dívida da instituição rosarina. O cartola pode ser acusado de vários erros, como o do possível equívoco em valorizar e trazer um técnico como Miguel Ángel Russo, caro para os padrões de salários que Speciale quer praticar para os atletas.

Finalmente, parece que a base deve sofrer a valorização que tanto precisava. A presença de Nery Domínguez no elenco principal do Central talvez tenha sido o grande mérito de Russo ao chegar em Rosário. Só que o jovem meia está sendo sondado por vários clubes da Argentina e exterior. Para permanecer no Arroyito, Speciale deve melhorar o seu contrato. O mesmo se aplica a Rafael Delgado, Fernando Coniglio e Federico Carrizo.

Speciale tem sido acusado de primeiro saldar as dívidas externas e só depois se voltar para os débitos internos. Da mesma forma, quando precisa pagar salários atrasados olha primeiro para os jogadores que chegaram ao clube e só depois para os atletas formados em casa. Para piorar, primeiro resolve os problemas dos atletas principais (do time principal) para depois olhar para os garotos da base. Esta política tem gerado uma grande insatisfação nas canteiras de Arroyio Seco. Isto porque na tentativa de aparar a insatisfação com os demais, muitas vezes não sobra dinheiro para diminuir o drama dos garotos da canteira.

O cartola pretende mudar essa situação. Para tanto, conta muito a presença de Russo no clube. Ao promover jovens promessas ao elenco principal, o treinador os apresenta ao mundo, que logo direciona esforços para tirá-los do clube de Rosário.

Quanto aos jogadores principais, Matías Lequi acertou sua permanência, após uma desnecessária novela sobre a renovação de contrato. Agora, resta aparar as arestas com Rivarola, Talamonti e Ferrari.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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