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Eventual suborno do River segue repercutindo

A declaração de Daniel Pereira sobre o incentivo recebido do River para ganhar do Central continua repercutindo no país. A AFA deverá se posicionar sobre o caso, já que seu regulamento prevê que o River não suba, se comprovado o delito, até porque há jurisprudência sobre o caso.No Patronato, todos tenta desmerecer a declaração, inclusive o jogador, que deu para trás. A confusão está estabelecida.

Como uma bomba. Foi assim que explodiu a declaração do meia Daniel Pereira sobre ter recebido incentivo do River Plate para que o Patrón ganhasse do Central. O artigo 181º, da AFA, que trata das transgressões e penas sugere uma dura suspensão de seis meses a três anos por receber o tal incentivo. Também o clube que suborna pode receber uma pena de quatro meses a dois anos, segundo um outro artigo, o 74º. Já o artigo artigo, o 284º trata especialmente da punição de suspensão às pessoas diretamente envolvidas no oferecimento do suborno e prevê suspensão de um a cinco anos para os envolvidos.

Os artigos são tão rigorosos no tratamento ao tema que em alguns casos as punições ocorreriam até pela simples promessa do suborno, o que pressupõe que todos eles podem ser impostos a partir de uma suspeita forte, como é o caso do suposto suborno do River aos atletas do Patronato.

Jurisprudência de fato

A situação do River se complica pois há 50 anos houve um caso parecido. Na ocasião, o Newells estava na B Nacional e fazia uma excelente campanha de retorno à elite. Disputava cabeça a cabeça com o Quilmes o primeiro posto. Estava tudo certo até que os rosarinos ofereceram uma “graninha” aos jogadores do Excursionistas para vencerem o Cervecero.

O mais interessante foi a forma como o assunto veio a público. Nos vestiários do Excursio, os jogadores brigaram entre si por causa do suborno. A briga continuou quando eles entraram em campo e a imprensa a documentou. O Newell´s perdeu 10 pontos e continuou na B Nacional. Resta saber se o mesmo ocorrerá agora com o River.

Daniel Pereira volta atrás

Como um inocente, o uruguaio Pereira voltou atrás e disse que foi mal interpretado. Assegurou que falava do inventivo que recebeu do próprio clube. “Eu nunca disse isso. O incentivo existiu, mas foi do Patronato. E eu também falei que haveria outro incentivo, mas que também seria do clube. Este assunto está me desconcentrando para a próxima partida e eu não quero mais falar do tema”, disse Pereira, irritado com os questionamentos.

Horas mais tarde, o jogador uruguaio ainda disse que “se me chamarem à justiça eu vou. Não tem nenhum problema e nada aconteceu. Hoje eu não tive um bom dia, pois desde que cheguei no clube tive de me deparar com essas perguntas”.

A AFA deve chamá-lo para um depoimento sobre o caso. Vale lembrar que em sua declaração, Pereira havia dito “no futebol sempre houve incentivos e eu não tenho problema em dizer isso: recebemos incentivo do River e é bem capaz que recebamos também do Central”.

O clube tenta deixar tudo na conta do jogador

Tanto os cartolas quanto os demais jogadores do Patrón tentaram deixar tudo na conta de quem criou o mal-estar. “No clube estamos revoltados com o que aconteceu”, disse Gabriel Bustos. E continuou: “não houve prêmio nenhum, ganhamos do Central de maneira justa e com um bom futebol. Estão tentando se aproveitar de uma situação que será bem explicada por Pereira”.

Já o vice-presidente Alcides Papaleo disse que “pensei que era uma brincadeira do Negro. Ou que alguém tinha imitado a sua voz. Em 21 anos de futebol me surpreende tudo isso pois jamais aconteceu. O clube desconhece completamente esse possível incentivo”. Nossa equipe sempre joga em velocidade e se doando ao máximo”, completou o cartola do Patrón.

“O incentivo que houve foi apenas o de jogar como um rival como o Central”, disse Matías Quiroga. “Como local ganhamos de todas as equipes grandes que nos visitaram”. Até aí, o discurso parecia combinado, só que o atacante do Patrón disse algo bem complicador: “os dirigentes tampouco nos falaram de algum prêmio-extra”.

E é justamente na ideia de que o Patronato daria o incentivo que alguns estão se apegando para tentar abafar o caso. Como disse Marcelo Fuentes, técnico do clube de Paraná. “Pelo que estou entendendo sobre o caso, tivemos um incentivo porque os nossos dirigentes aumentaram o prêmio até porque tivemos uma maior arrecadação nas útlimas partidas”. Vale lembrar que essa declaração contradiz o que disse Quiroga, transcrita acima.

Já o presidente José Gómez, disse que o “clube não tem nada que ver com essa história”. “Que o Pereira se explique junto ao Tribunal da AFA. Ele já pediu desculpas e disse que não era de sua intenção colocar o nomo da instituição no caso. Nós não temos nada a ver com tudo isso e sequer tenho conhecimento sobre o eventual suborno aos jogadores”. E o presidente fez questão de falar a mesma coisa que o técnico: “nós damos prêmio por jogo ganho. O que ele quis falar foi sobre isso”. “Na semana das partidas contra Central e River, os jogadores nos pediram prêmios dobrados por vitórias contra os dois clubes”.

Comno a polêmica saiu de Paraná, o zagueiro Lucas Bustos, do instituto deu uma declaração bem polêmica sobre o caso. Disse que pelo menos há um mês, o River vem oferecendo altas somas a todos os rivais do Central e Instituto, o que coincide com o período em que La Glória deixou de ganhar a maioria de suas partidas.

“Há um mês que o River está incentivando a todos os rivais de sua equipe. Cada um sabe bem o que faz com o seu bolso”, declarou Bustos, em referência ao caso.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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