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Fim de um ciclo: Bianchi não é mais treinador do Boca

Bianchi sozinho no banco xeneize na derrota de ontem. Sua saída já era especulada pela imprensa argentina durante a partida

O que poderia parecer impensável até pouco tempo se materializou hoje. Carlos Bianchi foi demitido do cargo de treinador do Boca Juniors. O fato é histórico por marcar o que muito provavelmente deve ser o fim da carreira de um dos treinadores mais vitoriosos da história do futebol mundial, e justamente sendo demitido do clube pelo qual conquistou boa parte de suas maiores glórias.

Carlos Bianchi era questionado há algum tempo. Conseguiu levar o Boca a ser a equipe que mais pontuou na temporada 2013/2014, empatado com o Vélez Sarsfield, coincidentemente a outra equipe pela qual conquistou títulos importantes. Mas a inconstância do futebol da equipe e a ausência de títulos o desgastaram. O processo se acelerou com a saída de Riquelme, que gerou críticas de nomes históricos do clube, que acusaram o Virrey de não fazer questão da permanência do camisa 10. A eliminação precoce da Copa Argentina piorou a situação, e as três derrotas nas primeiras quatro partidas da liga nacional fizeram a situação se complicar de vez.

Hoje pela manhã Bianchi conversou com o presidente xeneize, Daniel Angelici. Explicou ao cartola que compreendia a gravidade da situação, mas acreditava que as coisas poderiam ser revertidas, e que ainda poderia fazer com que os atletas melhorassem o rendimento. Certo de que continuaria, se dirigiu ao clube para comandar o treinamento da tarde, quando foi procurado mais uma vez por Angelici, que lhe comunicou a decisão de mudar o comando técnico da equipe. O Futebol Portenho conversou com pessoas próximas ao clube, que afirmaram que as coisas mudaram por conta de um telefonema do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri (ex-presidente do clube e padrinho político de Angelici) ao atual presidente, exigindo sua saída imediata.

É muito provável que a carreira de Bianchi tenha terminado hoje. O Virrey conseguiu a proeza de fazer história comandando dois clubes diferentes na Argentina. Primeiro o Vélez, clube do qual foi ídolo como jogador, e que, como treinador, levou à conquista de um mundial, uma libertadores e três títulos nacionais. Pelo Boca Juniors, Bianchi foi ainda mais longe. Levantou quatro títulos nacionais, três libertadores e dois mundiais, se transformando no treinador mais vencedor da história do futebol argentino. Sua demissão, sem sequer a permissão para se despedir dos jogadores, deve aumentar as críticas à atual gestão, que pouco antes havia deixado ir outro ídolo histórico do clube, Juán Román Riquelme. Angelici, que sequer é torcedor do clube, deve ser ainda mais questionado a partir de agora.

Na conferência de imprensa em que anunciou oficialmente a saída de Bianchi, Daniel Angelici afirmou pretender definir rapidamente o nome do novo treinador, descartando a possibilidade de um técnico interino. O nome mais comentado pela imprensa é o de Rodolfo “Vasco” Arruabarrena, ex-lateral esquerdo do clube, tendo participado da conquista de três títulos nacionais e da libertadores de 2000, sempre sob o comando do Virrey, antes de se destacar no Villarreal da Espanha. Arruabarrena fez ótimo trabalho no Tigre, livrando o clube de um rebaixamento quase certo e levando o Matador a disputar o título do Clausura-12 até a última rodada. Após uma passagem mal sucedida no Nacional do Uruguai não mais atuou como treinador.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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