Válido pela 17ª rodada, os torcedores das duas equipes foram em massa para o antigo campo do Boca na rua Brandsen. No entanto, as estimadas 34 mil pessoas, ao invés de assistirem um jogo de futebol inteiro, tiveram que se contentar com menos de 30 minutos históricos de bola rolando.
Logo aos 15 minutos, o River Plate, mesmo sendo o visitante, se colocou na frente do marcador. Aos 28 minutos, o árbitro Enrique Escola marca pênalti – controverso para os millionarios e justo para os xeneizes e para a Revista El Gráfico da época – de Balvidares em cima de Francisco Varallo.
Varallo cobra a primeira vez, o goleiro Iribarren pega e dá rebote. Varallo chuta novamente e mais uma vez o goleiro Iribarren espalma, dando outro rebote. No seu terceiro chute, no segundo rebote, Varallo empurra o goleiro antes de fazer o gol, confirmado pelo referee. Pedindo a anulação do lance – calcados em “imaginárias infrações” segundo El Gráfico – os jogadores do River ficaram estarrecidos e fizeram uma “rodinha” em Escola.
Alegando ter sido agredido a pontapés por Balvidares, Lago e Bonelli, o árbitro expulsa os três. Essa decisão levou toda a equipe do River Plate a abandonar a partida como forma de protesto, mesmo com os apelos de dirigentes do Boca Juniors, da Cidade de Buenos Aires e da Liga Argentina de Football.
Os dirigentes do Boca e do River cogitaram continuar na partida se o árbitro declarasse que estava lesionado e outro referre seguiria em seu lugar apitando a partida sem confirmar as expulsões, proposta que Escola não aceitou. Dessa forma, o abandono do River foi concretizado, a partida suspensa e o Boca Juniors acabou ganhando os dois pontos da vitória, essenciais para conquista do título de 1931. Enrique Escola também seria o astro da outra grande confusão em 1931: o jogo Lanús 2 x 3 Ferro Carril Oeste, realizado em 11 de outubro, que também foi suspenso antes do seu final por causa de expulsões.
A suspensão da partida levou a uma batalha campal nas ruas de Buenos Aires entre as torcidas, pedindo até mesmo a intervenção da polícia montada. Foi, talvez, o primeiro grande caso de violências entre torcidas no profissionalismo do futebol argentino. E, também, reflete algo que permanece até hoje na Argentina de quase 80 anos depois com brigas, com armas de fogo inclusive, entre barras e amplas reclamações acerca do “autoritarismo” de alguns juizes e seus inúmeros cartões vermelhos.
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