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Miguel Di Lorenzo, o Galíndez… ou o Forrest Gump do futebol argentino

A empolgação gerada pela Scaloneta rumo ao Qatar fez os argentinos prestarem atenção em como o treinador Lionel Scaloni, sempre um coadjuvante, foi testemunha de luxo de diversos momentos históricos do futebol argentino – desde os tempos de gandula como um juvenil do Newell’s enquanto Maradona defendia brevemente o clube à estreia de Messi (de quem fora colega na Copa 2006) na seleção principal. Brincam até com uma imagem dos anos 70 a reunir um sósia dele (Hugo Pena, ex-River, San Lorenzo e seleção) junto aos dois técnicos que venceram a Copa do Mundo com a Albiceleste, César Menotti e Carlos Bilardo, como que para sugerir bom agouro a 2022. Mas é possível cravar alguém ainda mais Forrest Gump nos bastidores do futebol argentino: o roupeiro e massagista Miguel Di Lorenzo, o Galíndez. Mais lembrado no Brasil pela água batizada dada a Branco na Copa 1990, ele pode-se dizer o único campeão internacional na seleção e no trio de ferro da capital federal – Boca, River e San Lorenzo. E ainda esteve no Argentinos Jrs de Maradona…

Di Lorenzo nasceu em 8 de junho de 1943. Seu apelido veio como sósia que era do pugilista Víctor Galíndez, primeiro argentino campeão mundial dos meio-pesados e também o primeiro argentino a conseguir um cinturão mundial dentro do Luna Park, misto de quadra de basquete com casa de shows e ginásio de boxe; é o Madison Square Garden portenho, em suma, histórico também por ter sido o local em que o casal Perón se conheceu. Filho de um italiano “calabrês analfabeto” chamado Antonio Di Lorenzo com uma argentina ameríndia chamada Elvira Evangelista, falecida por tuberculose aos 27 anos, perdeu-a quando tinha 3 de idade – “mas me lembro muito bem dela”. As aspas são de uma nota publicada em 2003 na revista El Gráfico, quando Galíndez chegava aos 60 anos.

Os dois Galíndez no Boca: o boxeador na volta olímpica do Torneio Metropolitano de 1976 e o massagista com a primeira Libertadores do clube, em 1977

Segundo a nota, ele cresceu com outros quatro irmãos. O pai trabalhava (“abrindo valas”) na estatal de energia elétrica da Grande Buenos Aires e os filhos puderam, após a perda materna, crescer na creche da empresa. Depois que completou 10 anos, Di Lorenzo começou então “a trabalhar em um montão de coisas, em um aviário, em uma estação de serviço, na fábrica de sabão Guereño… e em uma de carvões, aí durei bastante. Quando tinha… não sei, 16, 17 anos, eu estava no sexto grau, creio que era; estudei até o terceiro ano e depois disse ‘não sirvo mais para o estudo’. E então um senhor Sotelo me mudou a vida para sempre…”.

Campeão no Boca

O tal Sotelo era roupeiro do Boca e levou-o consigo como aprendiz e ajudante, após Di Lorenzo ter dado expedientes de madrugada no frio da Patagônia pelo serviço militar obrigatório: “eu era muito rápido para aprender, muito hábil, então muitas vezes ficava a cargo de tudo. Eu era torcedor do Boca, imagine (…). Quando entrei no Boca, queria morrer, estavam [o ex-vascaíno Bernardo] Gandulla, [o ex-milanista Ernesto] Grillo“. Ambos trabalhavam nos juvenis xeneizes, embora chegassem a formar uma dupla técnica interina em 1971. Ao longo dos anos 70, Galíndez, o boxeador, aproveitava o auge do prestígio (ganhou o cinturão em 1974 e o manteve consigo seguidamente até 1978, conseguindo ainda recupera-lo brevemente em 1979) para ter as portas abertas no Boca, também o seu clube do coração – a ponto de participar da volta olímpica dos jogadores pelo título do Torneio Metropolitano de 1976.

Galíndez no Argentinos Jrs, junto a Maradona, e levando-lhe gorro do clube colorado no jantar do Boca campeão de 1981

Di Lorenzo explicaria que o convívio do lutador não se limitava aos jogadores, com ambos chegando mesmo a brincar com a semelhança física que tinham: “tínhamos a mesma cara, e ele ia e me zoava e às vezes me dava cada gancho no fígado que me deixava dobrado. ‘Não me batas mais’, lhe dizia, e [o lateral Roberto] Mouzo se cagava de rir’. Eu era muito amigo do finado [o Galíndez original faleceria precocemente em 1980, atropelado]. E hoje sou Galíndez, apenas”. Ele esteve na comissão técnica do Boca campeão pela primeira vez da Libertadores, em 1977 (sobre o Cruzeiro). Em 1978, passou a trabalhar no Argentinos Jrs, um clube modesto que vinha se permitindo sonhar com a explosão do fenômeno Maradona: “o conheci no Argentinos quando ele tinha 17 anos”.

Antes de trocar o bairro de La Boca pelo de la La Paternal, ainda deu tempo de ser reconhecido pelos jogadores do Boca após o clube ter vencido em agosto daquele ano seu primeiro Mundial Interclubes: uma nota já de 2020 do Clarín destacou que fizeram-lhe uma placa “por teu bom comportamento conosco, te dedicamos este campeonato do mundo com carinho, com amor e com afeto”. Já a relação com Dieguito se aprofundou tanto que, ao despedir-se dos colorados para rumar ao Boca no início de 1981 (após o Bicho ter sido vice-campeão do Metropolitano 1980, mais alta colocação até então do clube na primeira divisão), El Diez assinou uma matéria para a revista El Gráfico onde enfatizou que a alguém ele não daria adeus: “Miguel Di Lorenzo, o roupeiro, eu levo ao Boca”.

Na seleção de 1986: comemorando contra a Inglaterra e sendo celebrado no avião – o homem listrado que segura sobre ele a taça é Oscar Ruggeri, outro parceiro de vida

Embora já fosse apelidado de Galíndez (ou ainda pelo diminutivo Gali) desde quando trabalhava no Boca, ele ainda era mesmo “Miguel Di Lorenzo”: segundo aquela nota de 2003, foi mesmo Maradona quem popularizou de vez o apelido Galíndez ao amigo. Di Lorenzo não chegou a voltar ao Boca, mas foi convidado por Diego ao jantar dos campeões do Metropolitano 1981. Uma noite de festa dupla: o Boca voltava a ser campeão argentino após expressivos cinco anos na mesma tarde em que o Argentinos Jrs, órfão do craque, escapava raspando do rebaixamento derrubando em seu lugar o San Lorenzo, o primeiro gigante rebaixado no país. Galíndez chegou mesmo a levar um gorro colorado para a celebração maradoniana ficar completa.

Campeão na seleção

A parceria foi logo retomada em detrimento do matrimônio de Galíndez: “me ofereceu viajar com ele à Europa e eu disse que sim, mas isso não agradou a minha mulher. Assim estive com Diego dois anos em Barcelona e dois anos em Nápoles. Diego queria um professor de educação física, e levou Signorini [Fernando Signorini, personal trainer de longa data de Maradona], e um fisioterapeuta, e fui eu. Estudei [fisioterapia] lá, falo muito bem o italiano. Quando quebraram Diego no Barcelona, o atendi eu junto com o doutor Oliva, que é um médico muito bom que vive em Milão. O assunto é que, quando ao final voltei a Buenos Aires, havia me separado”.

Galíndez no River: é o homem de boné na noite da final da Libertadores e na tarde do Mundial Interclubes, em 1986

A fidelidade a Diego, por outro lado, alçou Galíndez também à seleção, integrando primeiramente a comissão técnica vitoriosa em 1986. Mas foi preciso demonstrar mérito próprio. E esse mérito também abrangia a reconhecida superstição do técnico Carlos Bilardo e de seu assistente Carlos Pachamé: na época, a FIFA só permitia cinco reservas serem relacionados ao banco… e também apenas um massagista para ficar à beira do campo. Havia outro na delegação, Francisco Molina. Bilardo impôs uma corrida entre este e Di Lorenzo, de uma ponta à outra do campo, para definir quem iria a campo para a estreia, com a Coreia do Sul. “Ganhou Galíndez. E como também ganhou a seleção, Galíndez não saiu mais”, relembrou aquela mesma nota do Clarín.

Campeão no River

Naquele mesmo 1986, voltou a morar na Argentina e rapidamente foi empregado também pelo River, clube de um parceiro longevo o massagista que cativou na seleção, o zagueiro Oscar Ruggeri. Galíndez perdeu a chance de acompanhar in loco a histórica temporada em que o Napoli ganhou tanto o campeonato italiano (pela primeira vez na história) como a Copa da Itália, na temporada europeia de 1986-87. Mas não foi menos pé quente: o bairro de Núñez logo venceu pela primeira vez a Libertadores, em outubro de 1986, e em seguida seu único Mundial Interclubes, em dezembro. Ele foi o primeiro a vencer a Libertadores por Boca e River e até hoje somente outros dois o igualaram – Nicolás Bertolo (2007 e 2015) e Jonathan Maidana (2007, 2015 e 2018). Segue como único campeão mundial pela dupla.

Com Maradona na Copa 1990, após classificações sobre Brasil e Itália; e no ciclo seguinte, com Batistuta

Sua figura não se limitava ao papel de roupeiro e massagista, inclusive. Ernesto Cherquis Bialo, ele próprio o então diretor da El Gráfico, foi visto pelo massagista como potencial espião do adversário riverplatense no Japão. E, também em 2003, descreveu a cena como a principal anedota que viveu na profissão: “River x Steaua, Tóquio 1986. Treino do River. Estávamos na beira do campo, mas não vemos um carajo porque um senhor fica passeando pela linha na frente de nós. Eu: ‘poderia deixar de passear, que não vemos nada?’. Ele: ‘vá para a …’. Depois, pergunta a outro: ‘quem é este?’. ‘O diretor da El Gráfico‘, lhe dizem. Não atrapalhou mais. De noite, tão logo entramos no hotel, este muchacho conhecido como Galíndez me tapeia os ombros: ‘maestro, perdoe-me, o confundi com um jornalista japonês’. A partir dali, para ele sempre fui Chiqui Biali”.

O carinho do elenco millonario ficou explícito ao fim do Mundial Interclubes: Antonio Alzamendi, autor do único gol, terminou premiado com um carro da patrocinadora Toyota, logo vendido… para que o dinheiro fosse rateado não entre os jogadores (como comum), mas entre os anônimos da comissão técnica – “Galíndez, o cozinheiro e outros empregados mais, creio que quatro”, relembraria em 2016 o atacante uruguaio.

De calça comprida preta, puxando a comemoração dos jogadores após a classificação via pênaltis à final de 1990

Na Copa de 1990, a vitória sobre o Brasil representou também um troco pela queda contra os canarinhos nas Olimpíadas 1988 (Galíndez integrara a delegação em Seul) e na Copa América 1989. Para além do episódio com Branco, Galíndez (que nunca admitiu qualquer infração de sua parte, costumando mesmo a se irritar quando é procurado pelo assunto), no papel de massagista, era quem aliviava as sucessivas dores físicas do corpo quebrado de Diego – que, em reconhecimento a isso e por ter procurado desconcentrar com palavrões italianos os saltos do goleiro Walter Zenga na disputa de pênaltis, correu para abraçar-lhe tão logo converteu a cobrança naquela série de penais contra a Azzurra.

É a foto que abre essa matéria.

A relação de Galíndez com a seleção inclusive continuou longeva mesmo no ostracismo que Maradona viveu com a Albiceleste entre o fim da Copa de 1990 e o final de 1993 (período em que o massagista comemorou duas Copas América, a primeira Copa das Confederações e uma Copa Artemio Franchi), quando virou presença obrigatória para o sofrimento da repescagem. Mas foi encerrada junto com a de Diego, ao fim da Copa do Mundo de 1994.

Pagando promessa após a suada classificação à Copa 1994 e nos EUA com Maradona – essa é a foto de perfil do instagram de Galíndez (@galindez86ok)

Galíndez sempre se culpou por ter repassado a efedrina ao amigo, embora não soubesse do que se tratava – segundo ele, atendia às recomendações do nutricionista da delegação. Descreveria que seu quarto no hotel chegou mesmo a virar, já depois das dez horas da noite, o ponto de reunião dos jogadores quando difundiu-se a notícia do doping que tiraria Maradona do Mundial dos EUA (“às duas da manhã, a pedido de Diego, fui buscar um sanduíche de presunto e queijo com tomate”).

Campeão no San Lorenzo. E também no Tigre…

Demitido da AFA, não teve rodeios ao afirmar naquela reportagem de 2003 que “estive a ponto de me atirar da sacada do sétimo piso. Sim, pensei em me matar, porque a Seleção é o sonho máximo, eu amo minhas cores, nossas cores, nossa querida bandeira. Sim, senhor, estive a ponto de me matar”. Forrest Gump, o filme, inundava os cinemas naquele mesmo 1994 que viu Galíndez inicialmente ser empregado pelo modesto Atlanta para então ser convidado pelo San Lorenzo, o clube em que Ruggeri estava àquela altura – bem como Héctor Veira, o técnico do River de 1986. Os azulgranas simplesmente não eram campeões da primeira divisão desde 1974 e o massagista renovou sua estrela pé-quente: o jejum caiu imediatamente, no Clausura 1995. Logo a seca que passou a incomodar mais o Sanloré era a internacional, como único dos cinco grandes argentinos (grupelho formado pelo trio de ferro da capital com a dupla da vizinha Avellaneda: Racing e Independiente) ainda virgem em torneios da Conmebol, sobretudo na Libertadores.

Galíndez no San Lorenzo: pagando promessa pela Copa Mercosul 2001 e em homenagem do clube em agosto de 2022

Galíndez não ficou para a noite em que o CASLA deixou de ser também o “Club Atlético Sem Libertadores da América” para voltar a ser apenas o Club Atlético San Lorenzo de Almagro, mas pôde dar duas voltas olímpicas internacionais: estava lá na Copa Mercosul 2001 (sobre o Flamengo) e na Copa Sul-Americana 2002. E Galíndez permaneceu de 1994 a 2007 no Nuevo Gasómetro, deixando o Ciclón um pouco antes do título do Clausura 2007 ser assegurado pela turma do jovem Ezequiel Lavezzi, ao ter um entrevero interno com o treinador Ramón Díaz (desafeto de Maradona). Não que deixasse o convívio frequente com as estrelas do campo, integrando desde a seleção argentina de showbol a comissões técnicas de amizades que construíra como sanlorencista, sobretudo as de Néstor Gorosito, com o qual voltara ao Argentinos Jrs (lograram a volta à primeira divisão, em 2014) e também experimentou nova volta olímpica: estava no Tigre campeão em 2019 na Copa da Superliga, principal taça do modesto clube de Victoria.

Quando Maradona faleceu, a tristeza do massagista chegou a ser notícia: “foi um irmão da vida. Sempre o terei presente em minha casa. Tenho amigos, tenho família, mas me falta ele. Me pedia que nunca tivesse cara de bunda”. Ao diário Perfil, contou sua primeira reação no velório do amigo: “lhe tocar no tornozelo, no joelho e na panturrilha. O acariciava. Lhe disse que sempre ia estar com ele. Quando vi Diego ontem no caixão, me dei conta de que o destruíram. Diego confiava tanto em mim, que me dizia: ‘Galíndez, pegue essa grana, cuide para mim’, no Barcelona e na Itália. Jamais toquei um peso de Diego. De outro lado, todo o entorno que esteve ao lado de Diego são um bando de fugitivos, sanguessugas, traidores filhos de mil putas. Tantos advogados e traidores e assim levaram Diego. Morreu só. O pessoal que estava ao redor deve estar contente. Agora vão se matar. Todos esses delinquentes, o advogado e toda essa merda que estava aí. Nunca pudemos nos aproximar e falar com ele. Mandava uma mensagem a Diego e nunca tinha respostas. Estávamos totalmente isolados do mundo Diego. Foi muito forte ver Diego morto. Oscar [Ruggeri] me dizia: ‘veja como sorri’. O vi descansando em paz”.

Ajoelhado em reencontro dos 25 anos do River de 1986, em 2011: o zagueiro Ruggeri, o lateral-esquerdo Montenegro, o meia Alonso, o zagueiro Borelli, o fisioterapeuta Arias, o técnico Veira, o presidente Santilli e o atacante Francescoli; os pontas Alzamendi e Amuchástegui, o lateral-direito Gordillo, ele e o meia Villazán

Já naquela nota de 2020 do Clarín, chegara mesmo a admitir ter mais proximidade com os jogadores com quem trabalhou do que com os próprios filhos (dois) e netos (sete). Ausência de lar preenchida com muitas vivências longe; para além de testemunha de tantos episódios históricos do trio de ferro de Buenos Aires e da seleção (somente ele e o parceiro Ruggeri conseguiram títulos nessas quatro esferas, aliás, mas naquele trio o ex-zagueiro só conseguiu troféus internacionais com o River), Galíndez acreditava naquela nota de 2003 da El Gráfico ter enchido pelo menos quatro passaportes: “imaginem, um homem religioso e simples como eu ter pisado em Jerusalém graças ao futebol”. Israel foi a última seleção que a Argentina enfrentou antes da Copa 1986, e o título fez a AFA tratar de fazer o mesmo para 1990, 1994 e 1998…

Aquela nota do Clarín teve complementos: “com o futebol, fui a todos os lados. O que foi mais lindo? Gostei muito da Austrália [adversária na repescagem para a Copa 1994]. E gostei muito de Mônaco [houve no início de 1990 um amistoso não-oficial da Argentina contra o clube do Principado]”. Mas nada de todo o relatado, abrangendo 24 voltas olímpicas nas contas dele, vem significando uma velhice feliz. Galíndez vive só, em Ramos Mejía. Em 2003, quando ainda tinha a companhia de um dos filhos em casa, já sinalizava sofrer de depressão: “sou um palhaço triste. Tenho mais tristezas que alegrias, estou bastante só, os anos se vão… mas, sabe uma coisa? Quando passo do portão do campo, deixo para trás todas as minhas penas. Tenho que fazer rir meus jogadores, quero que estejam bem. Eles não têm que saber se estou mal. Sim, sou um palhaço triste que faz o que Deus lhe indicou”.

Em anos recentes, voltou a trabalhar no Argentinos Jrs e esteve no Tigre campeão da Copa da Superliga em 2019

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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