Primeira Divisão

Na estreia de Bauza, Argentina bate Uruguai e vai à liderança das Eliminatórias

Desde os primeiros minutos, em Mendoza, tudo indicava que a era-Bauza começaria de maneira arrabatadora, com a Argentina, em muitos aspectos, voltando a ser a Argentina de seus momentos gloriosos. Uma linha de quatro bem postada atrás, mas com saída de bola qualificada, baseada em passes certeiros e ligação rápida com o doble cinco composto por Biglia e Mascherano. Á frente, Dí Maria, Messi e Dybala dinamizava a criação; Messi mais uma vez era o cérebro, enquanto Dybala e “Fideo” recuavam para ajudar na marcação ou para buscar a bola, facilitando e encurtando o passe de Mascherano. À frente de todos eles, um centroavante, no caso, Lucas Pratto. Desenho de Bauza era claro. Contudo, para além de esquemas e conceitos, o que se percebia era uma mudança de atitude. Ânimo energizava as ações de todos os jogadores em campo, mesmo de Pratto, que embora não tenha jogado bem, fora sempre um lutador à frente da fortíssima zaga charrúa.

O toque de bola predominava no campo de ataque argentino, mas nada de o time conseguir furar as duas linhas próximas e recuadas à frente da área de Muslera. Godin e Gimenez fazima uma partida sublime. Passados primeiros 30 minutos e quem havia chegado com perigo fora justamente a equipe visitante. Na principal situação, Suárez por muito pouco não guardou a pelota no arco de Chiquito Romero. Contudo, na primeira vez que a equipe local chegou bem, Paulo Dybala acertou um petardo de fora da ára, rasteiro colocado no canto. A pelota acertou a trave, voltou, chocou-se com as costas do guardametas visitante e caprichosamente subiu por sobre o travessão. Tudo indicava que a sorte estava ao lado do Uruguai.

A impressão que o jogo passava era a de que os comandados do “Maestro” sairiam de Mendoza com sua defesa vencedora, frente ao ataque argentino, e com no mínimo um empate. Para que o gol acontecesse o gênio de Messi precisava aparecer. E apareceu. Em jogada individual do craque, ele se livrou de cinco jogadores uruguaios e arrematou no único espaço possível. A redonda ainda desviou no zagueiro charrúa antes de encontrar as redes de Muslera. Argentina 1×0.

Minutos depois, antes de terminar o primeiro tempo, Dybala cometeu falta no setor de meio-campo e levou o segundo amarelo. Saiu de campo aos prantos, consolado por Messi e ovacionado pela torcida, que entendeu a infelicidade de “la nueva joyta” da Albiceleste.

Bauza não alterou a equipe para o início da segunda etapa. Formou duas linhas de quatro, que na prática não funcionou bem e chamou o Uruguai para o campo de defesa da Argentina. Em parte, não eram propriamente duas linhas, pois ou Pratto ou Messi sempre ficava um pouco mais adiantado. Contudo, o que mais atrapalhou a Argentina foi justamente a ausência do que funcionara muito bem no primeiro tempo: as constantes trocas de posição entre Messi e Dybala. Um e outro se revezava entre o centro do campo e o setor direito, confundindo e retardando a marcação visitante. Esta situação era tão favorável que disfarçava bem o desempenho sofrível de Dí María, responsável inclusive pelo desempenho ruim de Lucas Prato, que ficava isolado e sem função no campo de ataque.

O segundo tempo foi dificílimo para a Argentina. Em certo momento, Bauza retirou o centroavante do Galo e levou Lucas Alário a campo. O centroavante do River foi direto para o setor direito da defesa, auxiliando na marcação e arrancando apalusos da torcida, em alguns momentos. Com a inferioridade numérica argentina, o jogo do Uruguai cresceu, ganhou consistência, volume e amplitude. Contudo, a defesa local não deixava que arremates chegassem ao arco de Romero. Nisto, vale destaque a excelente atuação do mellizo Funes Mori e, por que não, também de Emamanuel Más. Porém, o cenário teve a vantagem de mostrar a disposição e comprometimento dos jogadores com a vitória. No banco, seu novo comandante já disse que “chegar em segundo é chegar a lugar nenhum”. Efeito disso foi ver Alário defender uma meta como jamais fez em sua carreira, além de Messi se esforçar de maneira surpreendente para a sua atual condição física. É a nova era da Argentina, agora sob o comando de Patón Bauza. Além de consegui trazer Messi de volta e contagiar a equipe com garra e disposição, o novo técnico fez mais: levou a Argentina à liderança das Eliminatórias sul-americanas. Show.

Argentina: Romero; Zabaeta, Otamendi, Sunes Mori e Emmanuel Más; Mascherano e Biglia; Messi, Dybala e Dí María (Gaitán); Lucas Pratto (Alário).

Uruguai: Muslera; Fucile (Ramírez), Giménez, Godín e Gastón Silva; Carlos Sánchez (Rolán), Corujo e Arévalo Ríos. Lodeiro (Cebolla Rodríguez); Cavani e Suárez.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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  • Dybala se empolgou muito, messi foi monstro mas sai técnico e entra técnico e Homero continua no gol não entendo isso.

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