Categories: Primeira Divisão

Newell´s, o campeão que sobrou no futebol da Argentina

Torcida toma as ruas de Rosário. É a festa da comunidade leprosa

As previsões da lógica se concretizaram na tarde de hoje, em La Plata e na Argentina. O Lanús não conseguiu reverter o placar de 2×0 para o Estudiantes, no complemento da partida interrompida da 17ª rodada, por ocasião da morte de Daniel Jeréz. Além disso, o Newell´s Old Boys, melhor equipe do futebol argentino, atualmente, e que passeou pelo Torneio Final, é o grande campeão do principal certame da segunda parte da temporada no futebol local. Para os desavisados, o Newell´s pensou grande desdes o início, já que mesmo atuando em várias frentes, se dispôs a mandar bem em todas elas.

A comemoração foi à distância: os jogadores e comissão técnica, em Resistencia; os torcedores, em Rosário. Mas não importa. Vale mais o fato de que o Newell´s Old Boys volta à comemoração de um caneco, nove anos após a gloriosa conquista de 2004. E foi de maneira tão convincente que o título chegou com antecedência e com um mínimo de seis pontos sobre seus dois maiores perseguidores, Lanús e River.

Como a conquista ocorreu após a confirmação da derrota do Granate para o Pincha, o elenco leproso acompanhou o jogo em Resistencia, onde mais tarde seria derrotado pelo Talleres de Córdoba, pelas quartas de final da Copa Argentina. Foi do hotel que começou a comemoração, e que aconteceu paralelamente em Rosário, através dos torcedores enlouquecidos de alegria.

Desta forma, o Newell´s chega a seis títulos do principal campeonato argentino e se consagra como o maior clube do interior do país, dois a mais que seu principal rival, o Rosário Central.

Destaques da conquista leprosa

Maxi Rodríguez, ou “La Fiera” foi sem dúvida um dos destaques do conjunto leproso. Atuando aberto como ponteiro esquerdo, Maxi deu profundidade ao ataque, além de personalidade ao ataque de uma equipe que, poucas temporadas antes, tinha dificuldades para chegar às redes dos rivais. É um nome de peso no setor da equipe e não teve como os defensores rivais se esquecerem desse fato. Era o começo da volta do respeito à velha Lepra rosarina.

Nacho Scocco rivaliza com “La Fiera’ o papel de grande homem do ataque leproso. De certa forma, sequer rivalizam, já que na maioria das vezes, um serviu ao outro, assim como mostra o grande número de gols de ambos os atacantes. Em conjunto, marcaram 15 gols até a penúltima temporada da competição. Scocco foi o artilheiro máximo.

Maximiliano Urruti com apenas 22 anos é o nome da renovação no Parque Independência. Foram cinco gols na competição, além da afirmação como um atacante de peso e de confiança para os treinadores que ocuparem o cargo de Martino.

Gabriel Heinze foi o símbolo de uma nova defesa leprosa. Além disso, foi o jogador que colocou personalidade e forte identidade ao setor da equipe, também acusado por sua fragilidade, na temporada anterior. Tinha proposta de outros clubes, mas quis que sua volta da Europa fosse para Rosário. Sem dúvida alguma é um dos principais destaques da equipe.

Santiago Vergini sempre foi considerado como um defensor técnico e com um grande futuro. Passou pelo Verona, da Itália, sem a devida adaptação. Atuando ao lado de Heinze, finalmente materializou todas as expectativas sobre sua ótima condição técnica. Talvez seja a grande revelação de um zagueiro no futebol argentino atual. É forte no jogo aéreo, no posicionamento e na saída de bola. Mescla confiança com responsabilidade. A admiração da hinchada leprosa cresce a cada dia ao jovem defensor de 1,91 metro e 24 anos.

Lucas Bernardi chegou a cogitar sua aposentadoria, mas desistiu. Com 35 anos, o volante e capitão leproso foi figura vital para o equilíbrio dentro e fora de campo. Em Rosário, muitos se lembram dos momentos de dificuldade do Newell´s. Nessas horas, era Bernardi quem aparecia para se colocar entre os barras bravas e um elenco assustado e abandonado à sua própria sorte. Bernardi enfrentou os barras, foi perseguido até nas ruas de Rosário e chegou a receber diversas ameaças a si e à sua família.

Ainda assim, jamais desistiu de vestir a camisa do Newell´s e bancar o orgulho leproso até o momento de glória. É um símbolo perfeito da transição de um tempo de apuros para a glória que finalmente chega ao clube do Coloso Marcelo Bielsa.

Tata Martino. Este foi o principal responsável pela recuperação do Newell´s. Assim que deixou o comando do Paraguai, tinha ofertas de vários lugares do mundo. Preferiu ouvir o próprio coração e desembarcou no Parque Independência. Renovou o estilo de jogo da equipe, dando-lhe padrão, confiança, distinção e personalidade. Renovou com cuidado e sabedoria um elenco que ele bancava como acima da média. Fez o clube manter jogadores importantes, como Scocco e outros. Deu espírito coletivo à equipe, simultaneamente a conversa de canto com cada um de seus atletas; o que foi fundamental para nomes como os de Casco, Tonso, Mateo e outros.

Contudo, a principal contribuição de Martino foi a de tatuar na mentalidade leprosa a grandeza que ela já duvidava possuir. Sempre projetou a equipe para a vitória em todas as frentes e em todas as competições. Ainda pode ser campeão da Libertadores e do Supercampeonato da Argentina.

Por todas essas razões, o Newell´s Old Boys é campeão na Argentina. Momento especial para quase metade dos torcedores da principal cidade da província de Santa Fe. O Futebol Portenho se rende à competência da Lepra e a parabeniza pelo feito.

Números da campanha do Campeão

Número de jogos: 18
Número de vitórias: 12
Jogos empatados: 2
Número de derrotas: 4
Números de gols a favor: 40 tentos
Números de gols levados: 20 tentos

Todos os artilheiros

Ignacio Scocco 11; Maximiliano Urruti 5; Maxi Rodríguez 4; Pablo Pérez 3; Víctor Figueroa 3; Milton Casco 2; Rinaldo Cruzado 2; Fabián Muñóz 2; Horacio Orzán 2; Martín Tonso 2; Marcos Cáceres 1; Gabriél Heinze 1; Santiago Vergini 1.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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