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Oscar Rossi: o 1º gol argentino na Libertadores brilhou nos rivais Huracán e San Lorenzo

Em imagens de 1959 e 1960 que estamparam a capa da revista El Gráfico

“O melhor de todos é Oscar Rossi, um verdadeiro astro, que domina a bola, passa bem e cobre melhor. Embora não tenha velocidade, está em todas” – Pelé, ao ser indagado em 1961 pela El Gráfico sobre quem seria o jogador argentino que mais o impressionara.

“Sustentam, alguns, que foi um dos jogadores mais habilidosos do futebol argentino. Afirmam, outros contemporâneos, que só por seus intermináveis dribles se aproximavam do estádio e pagavam um ingresso, sem importar as cores que defendia. Rossi se divertida e brindava espetáculo. Rossi era jogador de rua” – Huracán 100 Años, livro do Clarín lançado no centenário huracanense, em 2008.

“Um luxo que adoçava a vista e estremecia os sentidos. Desses futebolistas que provocam o regozijo e o deleite das pessoas com jogadas magistrais e impensadas. Fino, cerebral, propenso a driblar e também a estabelecer a pausa justa para meter a estocada” – Diccionario Azulgrana, livro sobre personagens do San Lorenzo lançado no centenário sanlorencista, igualmente em 2008.

“Muito habilidoso, às vezes muito individualista, mas um virtuoso, ao que muitos aplaudiram sem duvidar e outros criticaram com dureza” – Quién es Quién en la Selección Argentina, livro sobre todos os que defenderam oficialmente a Albiceleste entre 1902 e 2010.

As quatro frases acima parecem descrever alguém similar a Riquelme ou Ganso, mas se referem a Oscar Pablo Rossi, que teria feito ontem 90 anos. Hábil em qualquer função no ataque (começou como ponta, consagrou-se como meia-armador e não fez feio improvisado como centroavante), El Coco era daqueles jogadores atrevidos de meias arriadas, capaz de aplicar canetas até com toques de letra, segundo a revista El Gráfico. Em 1960, fez história não só como autor do primeiro gol argentino da Libertadores, mas também ao defender a seleção pelo San Lorenzo após já ter feito isso pelo Huracán, sinal de um raríssimo prestígio que soube equilibrar nos dois lados de um clássico no país – onde só outro jogador conseguiria o mesmo.

Nascido no bairro de Pompeya, vizinho tanto ao reduto huracanense (o bairro de Parque de los Patricios) como o sanlorencista (o de Boedo), Coco Rossi ainda sobressaiu-se com um detalhe não menor; ele soubedefender a Argentina em uma década de apequenamento do outrora “sexto grande” argentino, que era como o Huracán se comportava até meados dos anos 40 – quando rotineiramente terminava no pódio, embalado pelos três homens que mais marcaram gols na seleção brasileira: Emilio Baldonedo, Herminio Masantonio e Norberto Tucho Méndez. Nenhum deles permanecia no torneio de 1949, quando o Globo lutou pela primeira vez contra o rebaixamento.

Com alguma ajuda da arbitragem nos jogos-extras contra o Lanús, o time se salvou, mas tornou a brigar para não cair em 1950 ao ser derrotado em simplesmente metade dos jogos. Nesse ano é que o clube promoveu Rossi desde os juvenis, após o garoto ter demonstrado qualidade nos Torneios Evita, patrocinados pela primeira dama. Estreou oficialmente em 1º de outubro de 1950, em 4-3 sobre o Quilmes, pela 25ª rodada. Ainda foi usado outras seis vezes nos dez jogos restantes da temporada regular, que terminou com Huracán e Tigre igualados na vice-lanterna. Outra vez, os quemeros se salvaram, sem margens a discussões, vencendo os rubroazuis por 3-1 e 5-1.

Firmado entre os titulares a partir daquela reta final, Rossi saltou suas participações para 26 jogos no torneio de 1951, em uma campanha onde a condenação parecia ainda mais certa: antes das três rodadas finais, o Globito só tinha acumulado três vitórias. Mas superou-se conseguindo mais três exatamente naqueles últimos compromissos, que incluíram o jogo de volta contra o Gimnasia em duelo direto na rodada final. Coco, que já havia marcado seu primeiro gol no empate fora de casa com os platenses no primeiro turno, anotou seu segundo naquela salvação – o da vitória por 2-1, também fora de casa, sobre o Platense na penúltima rodada, renovando a sobrevida quemera.

Como promessa no Huracán e em lance do duelo contra o Bahia em 1960, o primeiro para brasileiros e argentinos na Libertadores: abriu o placar no 3-0

Em 1952, porém, Rossi precisou conciliar mais vezes o futebol com o serviço militar obrigatório, imposto a todos que chegavam aos 21 anos, e só atuou seis vezes em uma campanha onde ironicamente o Huracán até sonhou com o título. Em 1953, ao menos em casa o time soube ser forte, somando 21 pontos de 26 possíveis no Palácio Ducó. Pois, fora de Parque de los Patricios, o Huracán não venceu nenhum jogo, terminando em um enganoso nono lugar – pois distou a quatro pontos do rebaixado Estudiantes. Rossi, que nunca foi um artilheiro e sim um assistente, contribuiu com quatro gols.

O Racing, em contrapartida, vinha de seguidos pódios: seu tricampeonato entre 1949 e 1951 fora sucedido por um vice em 1952 e um bronze em 1953. Apostando em Rossi, o gigante de Avellaneda adquiriu seu empréstimo para 1954, mas não pôde polir melhor aquele diamante bruto. A Academia só o usou por nove vezes e despencou para 10º, a pior colocação até então de sua história. Rossi, ao menos, pôde marcar seu primeiro gol sobre o San Lorenzo, em triunfo de 3-1; seu outro gol como racinguista foi em 1-1 contra o Ferro Carril Oeste.

Sem ele, o Huracán terminara na vice-lanterna de 1954, mas favorecido pelo regulamento só condenar o último. Em 1955, uma outra campanha medíocre viu o Globo estacionar em nono, a meros cinco pontos da queda, na primeira vez em que não conseguiu uma só vitória nos dez duelos que teve contra os cinco grandes. Rossi, que deixou três gols em 22 jogos, foi novamente o oásis no deserto quemero revisto em 1956. Anotou cinco vezes em uma campanha onde o Huracán até se livrou do risco matemático na antepenúltima rodada, embora o relaxamento posterior registrasse para as estatísticas que somou um ponto a mais que o condenado.

Essas campanhas eram reflexos de um clube com dívidas executadas por ex-jogadores quando a prática ainda era incomum, e também pelo governo, que chegou a bloquear 70% da renda (isso ocorreu na temporada de 1954); o futuro técnico César Menotti relembraria que, ao testar-se na peneira huracanense de modo promissor, foi convencido por Rossi a não se juntar ao time pois dificilmente veria a cor do dinheiro. A qualidade que Coco permitia naquele cenário se mostra por ter estreado pela Argentina ao fim daquele temporada – em triunfo de 2-1 em 5 de dezembro dentro do Maracanã sobre os brasileiros. Para a AFA, foi um clássico oficial, embora os rivais sustentem que os derrotados eram os da seleção carioca.

Curiosamente, outro estreante naquela ocasião foi José Sanfilippo, futuro parceiro de Rossi no San Lorenzo. O reconhecimento da seleção, porém, não impediu que Rossi fosse um mero figurante na temporada de 1957. Só atuou dez vezes, com seu posto ocupado pelo regressado ídolo Norberto Méndez, o maior artilheiro da Copa América. Coco passou o ano inteiro ausente da seleção, sem disputar as eliminatórias, mas foi testado pelo treinador Guillermo Stábile nos amistosos pré-Copa, já em 1958.

Foram dois jogos oficiais contra o Paraguai, em abril, e três jogos-treino na mesma época contra a seleção municipal de Paraná (10-2, com gol dele), uma do sul da província de Buenos Aires (que venceu por 4-3…) e outra sobre a seleção municipal de Tandil (8-0). Stábile preferiu não leva-lo ao Mundial e o jogador ainda remoía isso em 1969: “na vida, te sucedem coisas que não podes aguentar… veja o que aconteceu comigo na seleção… joguei nos amistosos, pouco antes de partir para a Suécia eu estava no plantel e quando chegou a hora de viajar, fiquei em Buenos Aires… esse tipo de injustiças não te deixam amarguras?”.

Em 1954 no Racing e em 1964 no San Lorenzo. As duas fotos contém dois futuros flamenguistas: o goleiro Rogelio Domínguez e o atacante Narciso Doval foram até colegas na Gávea em 1969

Rossi reagiu bem ao corte, pelo menos: no torneio de 1958, deslocado para a outra meia para que ele e El Tucho Méndez jogassem juntos, foi pela primeira vez o artilheiro do elenco huracanense, com dez gols em 22 jogos de uma campanha segura para os novos padrões do time – um 11º lugar longe do título, mas agora longe também da queda. Dois dos gols vieram em um 5-0 no Vélez e outro foi seu primeiro no clássico com o San Lorenzo, embora não evitasse uma das nove derrotas seguidas que o rival vinha impondo no duelo.

Em 1959, o Globo ficou em oitavo, mas a três pontos do pódio, e conseguiu voltar a derrotar o Boca nos dois duelos pela primeira vez em vinte anos – com Rossi marcando nos dois encontros e deixando outros dois gols também no River, em um 3-3 no Monumental. Foram dezesseis em trinta jogos pelo campeonato, além da Copa Croydon, um troféu amistoso em um quadrangular em Medellín com os dois clubes locais (Atlético Nacional e Independiente) e o São Paulo; deu-se ali um troco sobre os tricolores, que dias antes levaram a melhor em torneio similar em Cali.

Em paralelo, o rival San Lorenzo foi o campeão de 1959, classificando-se assim à primeira edição da Libertadores, agendada para o ano seguinte. Rossi ainda começou a nova temporada como quemero, participando das duas rodadas iniciais ainda pelo Huracán no campeonato de 1960. Mas uma lesão do azulgrana Omar García fez os vizinhos procurarem os cartolas huracanenses a partir de uma sugestão de José Sanfilippo. Sem muita saída ante a realidade econômica, eles aceitaram desfazer-se do astro pelo dinheiro e parte da renda dos jogos que o Ciclón faria na Libertadores – é por isso que o San Lorenzo usou o Ducó e não o Gasómetro em seus compromissos em La Copa.

O negócio às pressas fez com que El Coco marcasse em rodadas seguidas por camisas diferentes – e rivais. Ele havia feito o gol do Huracán na derrota de 2-1 para o Racing na segunda rodada, em 10 de abril. Entre aquele domingo e o seguinte, fez a travessia e estreou pelo San Lorenzo na terceira rodada, em 17 de abril, deixando um gol em 4-2 no Vélez. Outros três dias depois, em 20 de abril, veio a estreia de argentinos e brasileiros na Libertadores, no duelo entre o Sanloré e o Bahia. Retornando ao Ducó após dez dias, Rossi abriu o placar aos 15 minutos do segundo tempo, “atirando sem chance para Nadinho” no lacônico relato do Última Hora.

Calhou, contudo, que os cartolas cuervos não levassem a nascente Libertadores tão a sério, aceitando que o jogo-extra nas semifinais contra o Peñarol ocorresse em Montevidéu – os uruguaios terminaram levando a melhor e caminharam para serem, adiante, os primeiros campeões do torneio, sujeitando os azulgranas a uma espera só encerrada em 2014. Na liga argentina, os campeões de 1959 desceram para um sexto lugar, mas Rossi encaixou-se bem: marcou dez gols, incluindo o de um 4-2 no clássico com o ex-clube.

Coco Rossi vazou ainda o Boca na Bombonera em um 3-3, e curiosamente, em todos os três jogos que pôde fazer contra o Racing; após aquele gol em sua despedida como huracanense, reencontrou a Academia já na nona rodada e marcou na vitória de 2-1, repetida no segundo turno. O desempenho serviu para limar no San Lorenzo o espaço o espaço do jovem Carlos Bilardo, segundo o próprio. E serviu para que Rossi voltasse à seleção após dois anos – ainda que em um nada saboroso 5-1 sofrido para o Brasil.

Como camisa 13, comemora o gol argentino (a assistência foi sua) na estreia da Copa de 1962, contra a Bulgária. Mas não voltaria a ser usado no Chile e a seleção caiu na primeira fase

A goleada ofuscou uma história. Se na amadorismo a Argentina usou um jogador do Superclásico (Francisco Taggino), um do Clásico de Avellaneda (Carlos Muttoni) e um do Clásico Rosarino (Juan Francia), além de dois do dérbi anglo-argentino entre os extintos Alumni e Belgrano Athletic (Arturo Jacobs e Arnoldo Watson Hutton), um jogador servir a Albiceleste vindo de rivais tornou-se algo paradoxalmente escasso no profissionalismo, oficializado em 1931. Tardou até 1950 para a barreira ser quebrada por José Manuel Moreno, descrito pelos mais antigos como mais habilidoso que Maradona.

Moreno, na ocasião, fez seus últimos jogos pela Argentina vindo do Boca após uma consagradora década de 40 servindo-a pelo River. Dez anos depois, Rossi foi o doblecamiseta seguinte. Além dele, somente Alberto Rendo também foi aproveitado na seleção vindo da dupla Huracán e San Lorenzo. E se o Superclásico gradualmente já permite uma escalação literal de jogadores usados a partir da dupla Boca e River, desde então a Argentina só usou mais um vira-casaca de fora da principal rivalidade do país (Gabriel Calderón, da dupla de Avellaneda no início dos anos 80).

A goleada para o Brasil, por sua vez, não impediu que Rossi seguisse pela Argentina no curioso duelo contra a Espanha no dia em que Alfredo Di Stéfano visitou a Argentina para enfrentar a terra natal. Recheada de jogadores do Real Madrid campeão mundial sobre aquele Peñarol, a Furia perdeu de 2-0. Coco não jogaria as eliminatórias, mas teve um ano relativamente assíduo em 1961, com cinco jogos. E o bom desempenho do San Lorenzo na liga doméstica referendou sua convocação ao Mundial do Chile. O San Lorenzo foi vice sem dar tanto combate ao Racing, mas estava em jogo a artilharia do torneio para o matador José Sanfilippo. Se ele conseguisse, alcançaria um recorde inédito de quatro artilharias profissionais – seguidas.

Rossi, descrito na época pela El Gráfico como “um genial armador”, e Sanfilippo, como “um excepcional executor”, eram de fato as principais peças daquele elenco vice-campeão. A quarta artilharia do parceiro foi garantida com o selo Rossi de qualidade: em um 3-0 sobre os fregueses do Boca, Coco notou que o colega estava em impedimento em um lance promissor. Então recuou, atraindo adversários, todos driblados até o meia notar a posição legal do companheiro e dar-lhe a assistência. Sanfilippo terminou com um gol a mais que o concorrente Luis Artime, o Gerd Müller argentino. As quatro artilharias seguidas de El Nene só seriam igualadas por Maradona, e só Dieguito conseguiria uma quinta.

O Diccionario Azulgrana suspiraria: o perfil dedicado a Rossi o descreveria como capaz de fornecer “habilitações feitas com esquadro e assistências desenhadas com pincel” e de deixar os colegas de ataque na cara do gol “não menos de três vezes por jogo” punha os colegas na cara do gol. Mas, na Copa do Mundo, o craque só foi usado na estreia, contra a Bulgária. Apesar do triunfo de 1-0, o desempenho argentino não convenceu e o treinador Juan Carlos Lorenzo optou por reformular o time para o jogo seguinte. Rossi fornecera a assistência para o gol, mas foi um dos sacados. A mudança não surtiu efeito: a Inglaterra venceu por 3-1 e a Albiceleste terminaria precocemente eliminada ao não sair de um empate contra a Hungria depois.

Em 1962, o foco do San Lorenzo pareceu ser reservar nova artilharia para Sanfilippo. Pois o Ciclón despencou para 11º enquanto seu goleador entrava em nova corrida com Artime. Dessa vez, este levou a melhor por dois gols a mais, muito por conta de uma suspensão do próprio San Lorenzo à sua estrela, que acusaria os cartolas de boicota-lo para não se verem obrigados a cumprirem um acordo por melhores salários prometidos ao atacante. Rossi, ainda mais um abastecedor, só marcou três vezes, mas reservou dois deles para um 2-2 no clássico com o Huracán. A boa fase individual o manteve na seleção por mais um ano, disputando em fevereiro de 1963 a Copa América.

Marcando no clássico de Medellín contra o Independiente local: Rossi foi breve no Atlético Nacional, mas ficou uma figura querida

A celeuma dos dirigentes com Sanfilippo, por sua vez, propiciaram que este partisse ao Boca. Com isso, Rossi tornou-se mais protagonista no ataque sanlorencista em 1963 – ainda aparecendo pela seleção em outubro, despedindo-se na ocasião após duas partidas contra o Paraguai pela Copa Chevallier Boutell. No Sanloré, era uma figura de liderança também nos vestiários para os jovens Carasucias, como foi apelidada a garotada irreverente promovida gradualmente desde os juvenis. Coco, com efeito, terminou a temporada como o artilheiro do elenco cuervo, com nove gols – dois deles, em um 3-1 no clássico com o ex-clube, além de outro em 3-0 dentro da Bombonera sobre o Boca. Mais lembrado, porém, foi um gol contra, que ele marcou intencionalmente na rodada final, em protesto à arbitragem permissiva com a violência do Independiente.

O Rojo lutava para ser campeão e conseguiu ao ganhar de 9-1, em goleada polêmica construída a partir do momento em que, com o jogo ainda em 2-1, o Ciclón ficou com apenas oito jogadores em campo após dois saírem lesionados (não se permitiam substituições) e outro ser expulso por reclamação – em contrapartida, os que sobraram no gramado desistiram da partida e se limitaram a observar a enxurrada de gols adversários. Foi a última temporada inteira de Rossi no San Lorenzo; ao coloca-lo entre os cem maiores ídolos do time em 2012, a revista El Gráfico qualificou-o como “um artista que não foi campeão, mas (que) deixou sua marca no clube”.

Mas até que Rossi pôde sim ser campeão no bairro de Boedo. Na pré-temporada de 1964, os cinco grandes argentinos convidarem Vélez e Huracán para disputarem a Copa Jorge Newbery em abril, enquanto não se definia o começo do campeonato. Rossi somou quatro gols, dois deles em um 4-1 nos velezanos e outros cada no 3-1 no Vélez e no 2-1 no Huracán. Já no campeonato, ele disputou as primeiras cinco rodadas, deixando um gol na última delas, no 1-1 com o River em 24 de maio. Ainda suou uma última vez pela camisa azulgrana uma semana depois, em amistoso com o Stoke City; empatou o jogo que seria ganho de virada por 2-1 contra os ingleses.

Em retribuição aos serviços prestados, a diretoria liberou-lhe o passe, em tempos em que isso ainda os amarrava firmemente aos clubes. Rossi partiu para o futebol colombiano, que continuava sendo um destino financeiramente interessante a argentinos em fim de carreira. O meia juntou-se ao Atlético Nacional, sendo recordado sobretudo por um gol olímpico no Quindío em meio à campanha vice-campeã em 1965. A gravidez da esposa, Elisa Cazes, porém, o faz voltar à Argentina. Para 1966, ele reencontrou no Sporting Cristal quatro ex-colegas de Nacional – Cristóbal Yotagrí, Edgar Gaviria e os argentinos Eugenio Casalli e Eduardo Balassanian se juntaram a mais um hermano (naturalizado uruguaio) em Lima, o veterano Juan Hohberg.

Em 1967, Rossi voltou à Argentina para defender o Almagro nas divisões de acesso devido à amizade com o treinador tricolor. Não seria titular, mas não deixou de ser uma inspiração para o clube de Tres de Febrero fazer bonito: o time ficou com o segundo lugar da Primera B daquele ano e com o título da categoria em 1968 – mas em tempos onde nem mesmo o título garantia o acesso direto; forçava-se a uma repescagem com os piores da elite e o time terminou não subindo. O bom momento do Almagro propiciou que Coco, à beira dos 40 anos, ainda fosse reincorporado pelo Huracán em 1969, embora não chegasse a ser usado de modo oficial.

Pendurando as chuteiras nesse efêmero regresso a Parque de los Patricios, Rossi sustentou-se a partir de 1972 como proprietário de uma casa lotérica em seu bairro de Pompeya; sua carreira como técnico, onde curiosamente trabalhou em outra dupla rival (Platense e Tigre), nunca alcançou maior relevo. Seu trabalho mais conhecido foi dirigindo o ex-colega Sanfilippo no San Miguel na quarta divisão em 1978, embora se associa-se mais ao Huracán – seja como assistente de passagens de Adolfo Pedernera e Carmelo Faraone, seja como técnico dos juvenis quemeros. De perfil discreto e pouco falador, Rossi perderia a esposa em 1993 e o filho em 2009 antes de partir em 5 de setembro de 2012 por complicações de uma arritmia.

https://twitter.com/SanLorenzo/status/1287784259445493765

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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