Primeira Divisão

Show de bola do Newell´s sobre o San Lorenzo; e do Pirata sobre o Arse

Newell´s foi exemplo de profundidade e de ineficiência na conclusão das jogadas

Com personalidade o Newell´s recebeu e venceu o San Lorenzo no Coloso Marcelo Bielsa, em Rosário. Foi sempre um jogo de ataque contra defesa. Foi também o exemplo de que muitas vezes pouco importa a profundidade de uma equipe, se ela não a consegue transformar em gols. Por isso, apesar de ter a oportunidade de aplicar uma goleada histórica no Ciclón, o conjuntos dirigido por Martino precisou de um penal, aos 37 do segundo tempo para vencer. Conseguiu. E complicou a vida do Cuervo com a tabela dos seus promédios.

Como era de se esperar, o conjunto local partiu para cima do Ciclón, que pareceu perdido com a pressão. No papel, o Newell´s apresentava um 4-3-3, mas, na prática, o que se via eram quatro ou cinco jogadores congestionando a entrada da área de Migliore. Logo aos seis, Ignacio Scocco recebeu em velocidade e quase abriu o placar no Coloso.

Com a exploração total dos lados do campo, “La Lepra” asfixiava o visitante, que demorava para se encontrar dentro da cancha. As chances se sucediam e a meta de Migliore também parecia pouco guarnecida por defensores com dificuldades para bloquear as rápidas investidas do Newell´s.

Fosse por penetração pelo centro dá área, fosse por centros dos flancos do campo o fato é que apenas uma equipe jogava no Marcelo Bielsa. A outra praticava o treino constante de como defender uma meta. Quando parecia que esta última acertava a marcação, surgia os arremates de longa distância. E foi assim que, aos 13, Cáceres experimentou de longe e viu a pelota passar rente ao arco de Migliore.

Enquanto o Ciclón exercitava a defesa, o Newell´s exercitava a profundidade. Aos 19, Scocco deu ótimo passe para Maxi Rodríguez, que arrematou com força, mas a pelota acertou o travessão. As chances de gol não paravam de ocorrer e ao menos mais quatro ocorreram até os 35 minutos.

Como o gol não saiu, o San Lorenzo foi encontrando o seu lugar dentro de campo: à frente da área de Migliore. Desta forma, os rosarinos se desgastaram e pouco a pouco foram perdendo qualidade na trama ofensiva com a pelota. Sorte é que enquanto o rival marcava bem, perdia compactação no meio e praticamente eliminava a construção de jogadas ofensivas à meta de Guzmán.

Na segunda etapa, o Newell´s voltou ainda melhor para a cancha. Corrigiu a perda de profundidade dos minutos finais e pareceu disposto a encerrar a fatura rapidamente. Contudo, não corrigiu o péssimo hábito de perder gols. Até os 15 minutos, teve ao menos seis chances claras. Em duas delas, Ignacio Scocco teve o arco de Migliore vazio, mas conclui mal.

O tempo passava e o Newell´s era só intensidade ofensiva. Sua primeira linha de marcação virou o meio-campo, que criava e alimentava seis jogadores no ataque. Enquanto isso, o Ciclón parecia incapaz de encontrar uma maneira de encaixar o contra-ataque. Ainda assim, teve uma chance aos 28 minutos. Na cobrança de escanteio de Mirabeje, Masuero cabeceou forte e acertou o travessão de Guzmán. Já nos acréscimos, o mesmo arqueiro daria a pelota de presente a Furch, que cabeceou para fora do arco vazio. Foram as únicas chances do San Lorenzo.

Já o ataque leproso não parava de criar situações. Ignacio Scocco já irritava a torcida de tanto desperdiçar oportunidades. Só que aos 37, Vangioni arrematou uma pelota que encontrou o desvio intencional de Abel Masuero dentro da área. Na cobrança do penal, Scocco foi o nome do gol para o Newell´s. Dois minutos depois, o “atacante” Maxi Rodríguez esteve sozinho na frente de Miglore, mas não soube ampliar para a Lepra rosarina. Não precisou. Ficou mesmo no 1×0 para o Newell´s. Um resultado justíssimo para o que fizeram as duas equipes no Coloso Marcelo Bielsa.

Newell’s: Nahuel Guzmán; Marcos Cáceres, Santiago Vergini, Gabriel Heinze, Leonel Vangioni; Pablo Pérez, Hernán Villalba (Diego Mateo), Lucas Bernardi; Mauricio Sperduti (Martín Tonso), Ignacio Scocco (Maxi Urruti) e Maximiliano Rodríguez. Técnico: Gerardo Martino.

San Lorenzo: Pablo Migliore; Abel Masuero, Pablo Alvarado, Nicolás Bianchi Arce, Santiago Gentiletti (Julio Furch); Julio Buffarini, Enzo Kalinski, Luis Aguiar (Matías Mirabaje), Emiliano Tellechea (Juan Mercier); Denis Straqualursi e Franco Jara. Técnico: Ricardo Caruso Lombardi.

Arsenal 0x2 Belgrano

Todos abraçam Pittinari, autor do primeiro gol do Pirata, na cancha Grondona

Na cancha Grondona, o Arsenal recebeu o Belgrano para um jogo de ataque contra defesa em todo o primeiro tempo. No segundo, foi o jogo da eficiência tática contra o nervosismo e imprecisão de passe por parte do Arse. Assim foi que o Pirata se aproveitou da única chance de gol que teve no primeiro tempo. No segundo, esperou o rival e esteve bem perto de fazer três ou quatro gols no rival. Fez apenas mais um, nos acréscimos, e venceu por 2×0.

Desde o princípio do jogo, o que se viu foi um Arsenal bem postado em campo, distribuindo bem a pelota e se arriscando no ataque a partir das ultrapassagens de seus volantes e de um de seus alas, que se alternavam na marcação e nos avanços ao ataque.

Só que esse afinco pouco a pouco foi redundando em nada. Isso porque o Belgrano não se furtou de usar da violência para bloquear os avanços do rival. Foi assim que aos 25 minutos, os três cartões amarelos distribuídos por Mauro Giannini foram todos para o conjunto cordobês.

Aos 39 e aos 44 minutos, Acosta teve duas chances de abrir o placar para o Viaducto. Como não foi eficiente, Lucas Pittinari resolveu mostrar como se fazia. Arrematou com precisão rente a trave de Campestrini e fez 1×0 para o Pirata cordobês. Corriam já 46 minutos. Foi a última jogada da primeira etapa e o placar disse pouco sobre o que foram as duas equipes dentro da cancha.

Com a vantagem no placar, o Pirata não se fez de bobo e se retrancou no campo de defesa. Com dificuldades de penetração foi o Arsenal quem pareceu nervoso e sem muitas ideias. Por outro lado, o Pirata conseguia encaixar o contragolpe e levava perigo à meta de Campestrini. Até os 15 minutos, o visitante esteve por três vezes perto de ampliar o marcador.

Refém do ferrolho defensivo visitante, o Arsenal se viu presa de seus nervos; Até os 30 minutos, três cartões amarelos foram distribuídos: todos para o Viaducto. Assim foi que o Belgrano teve inúmeras outras chances de ampliar. “El Picante” Pereyra perdeu algumas, mas nos acréscimos foi fundamental no passe para Velázquez guardar. Eram decorridos 49 minutos do segundo tempo. Não havia tempo para mais nada. Deu Pirata. E foi merecido.

Arsenal: Cristian Campestrini; Hugo Nervo (Brian Sarmiento), Danilo Gerlo, Víctor Cuesta, Lucas Kruspzky (Diego Torres); Carlos Carbonero, Iván Marcone, Jorge Ortiz, Nicolás Aguirre; Pablo Lugüercio e Emilio Zelaya (Darío Benedetto). Técnico: Gustavo Alfaro.

Belgrano: Juan Carlos Olave; Gastón Turus, Claudio Pérez, Lucas Aveldaño, Juan Quiroga; Martín Zapata, Guillermo Farré, Lucas Pittinari (Esteban González), Jorge Velázquez; César Carranza (César Pereyra) e Lucas Melano (Fernando Márquez). Técnico: Ricardo Zielinski.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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