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Supersemana – Belluschi e Higuaín impedem o tri dos Xeneizes

Um recente duelo entrou na história dos superclássicos argentinos. Não só pela partida em si, mas pelo ocorrido no meio de 2006, meses antes de tal embate pelo Apertura. Tratava-se de Fernando Belluschi. Revelado pelo Newell’s, o jogador chegou a ser comprado pelo Boca Juniors. Mas, dias depois, aceitou uma proposta mais valorosa do River Plate. E no clássico, no Monumental de Núñez, praticamente liquidou o então bicampeão argentino. Pontos que valeram o tricampeonato do rival.

Em julho de 2006, no mercado de transferências o Boca deu como certa a negociação com a revelação do Newell’s. Tanto que chegou a pagar um valor pelos direitos do jogador. Mas, o River Plate conseguiu mudar a situação. Dizem que foi pelo seu sentimento de infância. A briga chegou a ir para a justiça e o NOB teve de devolver a quantia paga pelos Xeneizes. O River ganhava o primeiro superclássico na temporada que se iniciava. Mas, o melhor ainda estava por vir.

O favoritismo naquele 8 de outubro era do Boca Juniors. Apesar do início contestável de Ricardo La Volpe – conseguiu quebrar uma série de vitórias, mas conseguiu se recuperar nas duas partidas seguinte – todos apostavam no Boca devido ao entrosamento e o futebol de qualidade. Mas, o River Plate contava com Belluschi e mais dois jogadores que deixam saudades ao torcedor millonário: Fernando Higuaín e Ernesto Farias (hoje no Cruzeiro). Sem contar que Daniel Passarela esperava uma vitória para quebrar a sequência negativa na sua primeira passagem.

Na primeira etapa, o jogo foi equilibrado. O River abriu com Gonzalo Higuaín, num gol esquisito de calcanhar após cobrança de falta. Já Rodrigo Palácio fez um golaço após um passe de mestre de Fernando Gago (comparado na época como novo Redondo). Na segunda etapa, o Boca começou melhor e dominava o embate. Mas, aquele dia era de outro time, comandando por Belluschi e Higuaín.

O segundo gol começou justamente num chute do Boca. Palermo arriscou de fora da área, a bola bateu em Nasuti que deu início a um contra-ataque. Belluschi levou até o meio e tocou para Higuaín que decidiu resolver majestosamente. Na velocidade, o atacante ganhou deixou Bobadilla no chão e marcou um golaço de canhota. Minutos depois, o mesmo Belluschi evitou um gol de Silvestre em cima da linha. Logo depois desse lance, Martín deixou o campo lesionado e abriu mais espaços para o River.

Isso porque o Boca se mostrou totalmente abatido com o resultado e com a saída de seu ídolo. Não conseguia atacar, Dátolo não conseguia impor seus dribles e Neri Cardozo sequer acertava um passe. Os contragolpes ficaram ainda mais abertos. E foi assim que o River chegou ao terceiro gol. Belluschi aproveitou um erro de Fernando Gago e deu início a mais um gol. O meia, hoje no futebol português, levou até o fim do grande circulo e viu Ernesto Farias no meio dos abatidos zagueiros do Boca. O atacante ganhou na velocidade, esperou Bobadilla sair e deu um toque rasteiro. Era o início de uma festa inolvidável.

Imaginar que esses pontos conquistados, mais tarde fariam muita falta ao Boca Juniors. Naquele mesmo campeonato, o clube não conseguiu aproveitar uma diferença de pontos sobre o Estudiantes. O time de La Plata conseguiu empatar em pontos e levar a partida para um duelo extra, vencido pelo time de Verón, Sosa e companhia. Naquele momento, ninguém imaginaria isso. Mas, a vitória naquele superclássico hoje tem um sabor especial para o torcedor do River, que impediu o arquirrival de conquistar um tricampeonato. E imaginar que o herói dessa história poderia ter vestido a camisa do Boca. Mas, Belluschi preferiu seguir o seu coração. E com isso, entrou na história dos superclássicos.

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

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