A patada do Casuar: Grondona chuta Alfaro do Arsenal de Sarandí

Repare na cara do bichinho. A patada dele pode matar. Tem cartolas com a mesma patada

Todo bonitinho o clube de Sarandí. Contas em ordem, resultados, conquistas, glórias. Só há um problema: o clube é um brinquedinho da família Grondona. E tem no comando um dos mimados filhos do chefão da AFA: o psicopata Julito Grondona. Disto resulta que a aparência de clube do bem é apenas fachada. O que manda por lá, como em todos os clube grandes decadentes, são os resultados. E o sentido desta palavra não é para nós o mesmo que para um cartola ditador. Mesmo com trajetória vitoriosa e classificação estupenda às oitavas de final da Libertadores, Alfaro foi demitido do Arsenal de Sarandi. Saiu chutado pelas portas do fundo. Feito um cão.

Quando pensamos no Arsenal de Sarandí, o que vem à cabeça é a imagem de um clube pequeno, mas extremamente organizado. Em parte é verdade; as dívidas são administráveis, trabalho de base tímido, mas com efeitos positivos e nomes como os Ramiro Carrera, Christian Soria, Iván Marcone e Nervo no time e no mercado. Além disso, o bom trabalho se expressa na equipe de olheiros espalhados pela Argentina e recrutadora de nomes como Matias Zaldívia, Milton Caraglio, Fede Freire e Rolle.

E antes que pensemos nas conquistas, convém deixar claro o seguinte: poucos anos atrás (1992) e o Arse fazia o clássico com o rival El Porvenir na B Metro, a terceira divisão argentina. Hoje, enquanto o Viaducto está nas oitavas de final da Libertadores, o “El Porve” luta na última divisão do acesso para não perder contato com o futebol profissional no país. Tudo isso se deve à organização, mas também à identificação da família Grondona com o clube de Sarandí.

Chegaram no clube e fizeram dele um brinquedinho. De lá para cá as glórias foram muitas. No plano local, o Clausura e Super Copa Argentina de 2012, além da Copa Argentina de 2013. No plano internacional, a Sul-Americana de 2007, Suruga Bank 2008. Agora, o mais incrível de tudo: todos esses títulos foram conquistados por um único treinador: Gustavo Alfaro. Para coroar tantos triunfos, o “Lechuga” ainda levou o Arse às oitavas de final da atual Libertadores, pela primeira vez na história do pequeno clube de Sarandí. Contudo, bastou a derrota para o Gimnasia, no último fim de semana, para o técnico ser chutado do clube feito um cão.

A ave Casuar é da família do Avestruz. Só que é mais perigosa e considerada a mais violenta do mundo. Sua patada pode matar até um ser humano. Sua patada é semelhante ao golpe traiçoeiro que Alfaro levou de Julito Grondona. O dirigente trocou todos os números de Alfaro pela péssima campanha da equipe no Torneio Final. Por certo que o Arse é o último colocado, porém, o time possui o sexto melhor promédio dentre todas as equipes da elite argentina. Pouco adiantou. Não importa se Alfaro tem privilegiado a Libertadores, retirando da equipe jogadores desgastados com as duas competições. Pouco importa se Alfaro tem cérebro. Mais vale para os estúpidos é que Julito Grodona não tem. E o psicopata de Sarandí ainda disse que é amigo do técnico e que fez o melhor para ele.

E a demissão é resultado de uma fritura que já vinha desde a primeira derrota da equipe na competição nacional, para o Argentinos Juniors, na quinta rodada do campeonato. E se você tem noção do que é uma fritura, imagine só a “Família Grondona” por trás dela? É o mesmo que um pobre gatinho recebendo a patada gigante do Casuar. Indícios da saída foram dados mesmo após a gloriosa vitória sobre o Santos Laguna, pela Libertadores. A gota d’água se deu após a derrota no Bosque para o Gimnasia. Ou seja, um time médio perdendo um jogo normal para o Lobo do Bosque, um clube grande no país, ao contrário do mediano conjunto de Sarandí.

Nada disso importa se estamos lidando com a cartolagem doente, vaidosa e com sinais relevantes de psicopatia e distúrbios de personalidade. Normal imaginar que vários cartolas sejam assim. Natural e comum quando esses cartolas sejam da família controlada pelo “Poderoso Chefão” da AFA, Julio Humberto Grondona.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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