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Demissão coletiva dos dirigentes do San Lorenzo expõe o fundo do poço

Após uma tumultuada reunião de sócios, todos os dirigentes do San Lorenzo deixam seus cargos. O vice-presidente do clube, Roberto Ribas, já pediu demissão do cargo e anunciou que Carlos Abdo também não ficará. O atual presidente deverá renunciar ao cargo imediatamente após deixar um hospital para onde foi internado com uma forte crise de taquicardia. Tudo indica que seu problema se deu em razão da crise institucional que assola o clube sob seu comando.

A princípio era só uma reunião para acalmar a comunidade cuerva. Só que um grupo de sócios e torcedores chegaram dispostos a pedir a demissão massiva de todos os atuais dirigentes do clube. O outro vice-presidente, Jorge Aldrey foi interrompido justamente quando iniciava uma coletiva com a imprensa para explicar o ocorrido na reunião. Sua renúncia é mais uma que se soma a iniciativa de alguns dirigentes de apenas partirem para que a crise institucional ganhe contornos de solução.

A reunião em si foi uma tragédia, com muitas ameaças e dificuldade até de se respeitar a fala dos dirigentes. Ao fim, os sócios e torcedores praticamente se deram por vencedores em seu pedido de afastamento geral dos dirigentes.

Por outro lado, Marcelo Ribas assegurou aos manifestantes que o empresário Marcelo Tinelli não deixará de investir no clube, mesmo após ter sido desaconselhado por seus familiares a não aceitar o cargo de presidente do Ciclón. Ribas ainda assegurou que Tinelli pagará grande parte da dívida e ainda formará um elenco de peso para dar conta das disputas do Apertura.

Entre outros aspectos, a crise do clube envolve um passivo de 190 milhões de pesos; sofre um processo motivado pelo sindicato do jogadores, por dívidas salariais, e ainda teve de encarar uma recente greve dos empregados de sua sede, também por problemas de salários e de sobrecarga de trabalho.

Um dos representantes da diretoria, Sergio Constatino, disse que a renúncia coletiva não eximirá o clube de uma transição tranquila e ordenada no seu comando. Contudo, no atual momento, nada leva a crer que isso de fato ocorra, já que ordem e tranquilidade é tudo o que não acontecem no clube atualmente.

A demissão coletiva ocorrerá oficialmente na próxima quarta-feira, data em que também será convocada uma Assembléia Extraordinária de Sócios, para a convocação antecipada de eleições. Pelo regulamento do clube, essa Assembléia precisa ocorrer no prazo máximo de 48 horas após a reunião extraordinária. A partir disso, no prazo máximo de 30 dias começará um novo processo eleitoral no San Lorenzo de Almagro.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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  • Lembrando sempre que militância da torcida do San Lorenzo é mais intensa do que a dos outros grandes.

    Em 1999, quando os jornais aqui de Porto Alegre se desfaziam em devaneios sobre a presença da ISL no Grêmio, os cuervos se mobilizavam para impedir que os sicários com chancela da FIFA sugassem as finanças do clube. E os diretores da empresa suíça desistiram da parceria com o clube - não sem antes, com a cumplicidade da imprensa, atacar o público manifestante. O Olé já dava sinais de ser um jornal "de aluguel" nessa época.

    Os calhordas se voltaram, então, para o Grêmio. Que paga até hoje por aqueles descalabros. E pelo racha político entre os que $e beneficiaram com o proce$$o e os que foram pa$$ado$ pra trá$.

    Enquanto isso, pelos lados do Riachuelo, o Boca paga pela inconsequência dos sócios que votaram em Daniel Angelici, fantoche desse flagelo chamado Mauricio Macri. Sabendo que Riquelme nunca teve boa relação com o presidente nem com seu tutor. E que iria embora assim que julgasse conveniente.

    Não têm dinheiro para reforços, mas têm para recauchutar as luzes da Bombonera e para projetar um estádio novo com a ajuda de "investidores" árabes. Como Macri é protegido da grande imprensa, inimiga figadal do governo Kirchner, não se toca no assunto.

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Joza Novalis

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