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FP acompanha o clássico de Avellaneda

Desde Buenos Aires – Foi impressionante. Talvez nem tanto pelo jogo em si, mas pela paixão que move essas duas grandes torcidas: as de Racing e Independiente. Na tarde deste domingo os dois clubes protagonizaram o grande clássico argentino desta temporada. E se a partida não chegou a ser um espetáculo, as arquibancadas do Cilindro, casa do Racing, se encargaram de dar o brilho especial a este encontro.

E o FP esteve presente em Avellaneda acompanhando os movimentos do clássico tão esperado. Desde a chegada dos torcedores, sentindo o clima fora do estádio, registrando o duelo e ouvindo a palavra dos técnicos nos vestiários.

Ambiente do clássico

Como mandante coube à torcida da Academia organizar o salão para o que prometia ser uma enorme festa. Torcedores de todos os lados de Buenos Aires se dirigiam à Avellaneda, cidade localizada nas proximidades da capital argentina. E eram muitos. Quatro horas antes do início do jogo, a autopista 25 de Maio, principal acesso ao estádio, era um mar azul e branco.

Aos poucos e em caravanas de ônibus escoltadas pela polícia, chegavam os torcedores do Independiente. Como visitantes, tinham uma cota limitada de ingressos, mas não de entusiasmo. Além da rivalidade que o encontro destes dois times cria, o contraste das cores dos clubes marcava visualmente por onde cada torcedor deveria se locomover.

Na entrada do Racing em campo, uma recepção memorável. A tradicional festa com papel picado, sinalizadores e muita fumaça azul. Um espetáculo lindo, daqueles que por si só, já valem o ingresso sem a bola nem ter rolado.

Quando o Independiente pisou no campo de jogo, quase passou desapercebido se não fosse pelas vaias da maioria azul. Liderados pelo capitão Milito, fizeram uma entrada discreta e aproveitaram o momento de “neblina” causado pelos fogos de artifício. Cruzaram o campo e saudaram sua torcida posicionada atrás de um dos gols.

O jogo

O Rojo leva uma grande vantagem sobre o rival, são 21 vitórias de diferença. Mas o atual momento das duas equipes indicava um favoritismo real do Racing. Melhor posicionado na tabela, um elenco mais completo, jogando em casa e contando com estrelas como Gio Moreno e Téo Gutierrez em ótima fase. Tudo levava a uma vitória daquelas de lavar a alma de seus fanáticos seguidores.

E quando aos 50 segundos de jogo, depois de uma confusão na área do Independiente, Hauche empurrou para o fundo do gol, o Cilindro explodiu de alegria novamente, Racing na frente 1 a 0.

Aos poucos o Rojo foi assimilando o golpe e equilibrou o jogo. Aos 15 minutos, já dominava as ações ofensivas e tinha mais posse de bola. O Racing sentiu a superioridade do visitante e recuou. Téo Gutierrez jogava isolado à frente e em poucos lances era auxiliado por Hauche, segundo homem mais ofensivo da Academia.

O Independiente tinha o jogo sob controle. Jogava cada vez mais próximo ao gol e pressionava a saída de bola. E não tardou muito em encontrar seu tento. Aos 27 minutos, depois de um chute de fora da área, o goleiro Saja espalma para o meio e Facundo Parra deixa tudo igual, 1 a 1.

Acaba o primeiro tempo e a frustração era a imagem no rosto dos torcedores da Academia, que sentiam perder a oportunidade de uma vitória inesquecível. Aproveitando a situação favorável para o seu lado, era a vez da torcida do Independiente comandar as músicas que ecoavam pelo formato circular do estádio do Racing.

Na volta para o segundo tempo nenhum dos dois técnicos quis mexer. O Racing começou melhor, parecendo ter mudado sua postura e adiantando a marcação. Gio, apagado, acabou substituído por Luguercio aos 28 minutos.
Muita disposição de ambos os lados e correria. O segundo tempo reuniu vontade e pouco futebol. Assim como na primeira etapa, o Rojo tardou alguns minutos para acostumar-se com o posicionamento do rival, mas quando se encontrou, voltou a ser levemente superior.

Já no final do jogo, sentindo que deixava a vitória escapar, a Academia se lançou a frente e ameaçou com perigo em duas oportunidades. Uma com Hauche e outra com Téo, que perdeu um gol incrível, daqueles que não costuma desperdiçar.

Com o apito final de Pezzota, um empate justo. Frustrante para o Racing e muito comemorado pelo vizinho.

 

 

 

 

 

 

Vestiários

Ambientes completamente distintos nos dois vestiários.

No lado do Racing, falou o comandante Simeone. Demorou aproximadamente uma hora depois de terminada a partida até que o técnico aparecesse na sala de imprensa.

Visivelmente abatido, lamentou o empate e a postura do time que recuou demais. Assumiu a responsabilidade pela forma como o Racing vem atuando e revelou que terá uma conversa com o elenco durante esta semana para definir o rumo que esta equipe tomará no resto do campeonato.

Já nos vestiários do Independiente o clima era de alívio. Um empate comemorado, muito em função do descrédito neste time, em especial para este clássico. Ramón Díaz foi quem falou e exaltou seus jogadores. Gostou da postura e da tranquilidade, que mesmo com o placar adverso, não se desesperou e soube buscar a igualdade.

Agora o Racing visitará o San Martín em San Juan no próximo dia 15. O Independiente receberá o Godoy Cruz na mesma data.

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

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