Seleção

Radiografia de Sabella, à frente da Argentina

“El Pachorra” deu outra cara à Albiceleste

Há um ano e seis meses Alejandro Sabella estreava pela Argentina justamente contra o rival de sexta-feira, a Venezuela. Na ocasião, a Albiceleste foi se deparar com a Vinotinto em um jogo amistoso, com o objetivo de “apresentar” o futebol para os indianos, em Calcutá. Sabella sentava no banco em substituição a Sergio Batista, que fora mal na Copa América e perdeu o cargo. No cotejo, e diante de mais de 100 mil pessoas, o conjunto albiceleste venceu por 1×0, com um gol de cabeça de Nico Otamendi.

Do time titular que foi a campo, em Calcutá, poucos nomes mudaram, numa clama demonstração do técnico de construir uma base forte e constante na formação titular da equipe. Demichelis deu lugar a Federico Fernández, enquanto Garay substitui Otamendi, autor do tento vencedor, em Calcutá. Já no meio-campo, Luis González e Rick Álvarez dão lugar a Fernando Gago e Dí María. Como este último está suspenso, Walter Montillo deve ser o seu substituto, na sexta-feira. Já no ataque, a mudança significativa foi o recuo de Di María para o meio-campo e a possibilidade de fortalecer a linha de frente com mais três atacantes de peso: Messi, Higuaín e Agüero. Também no setor haverá uma alteração. Lesionado, o destaque do Manchester City dará sua vaga a Ezequiel Lavezzi.

No total, Sabella realizou 19 partidas no banco da Argentina. Ganhou 11, empatou quatro e perdeu três. Seus jogadores marcaram 35 gols e sofreram 17. Lionel Messi chefia a artilharia da equipe do Pachorra com 16 gols, precisamente o dobro do segundo colocado, Gonzalo Higuaín, que tem oito. Um dos jogadores locais que se destacou neste quesito foi Ignacio Scocco. Embora tenha entrado em campo por pouco tempo, o artilheiro do Newell´s tem dois gols, a metade do que possuem tanto Di María quanto Sergio Agüero. Até por isso, chegou a ser uma surpresa a ausência de “el Nacho” entre os nomes locais chamados agora por Sabella.

Dos 19 jogos 10 foram amistosos. Destaque para os confrontos pelo Superclássico das Américas, que reuniu Argentina e Brasil, em cinco oportunidades. Foram duas vitórias para cada equipe e um empate. Enquanto o Brasil ganhou de 2×0 em Belém, em 28 de setembro de 2011, a Argentina fez 4×3, em Mendoza, no dia nove de junho de 2012. Na ocasião, Lionel Messi realizou uma de suas maiores apresentações com a camisa albiceleste e definu o placar com um golaço aos 39 minutos do segundo tempo. Neste jogo, ao mesmo tempo em que o ataque argentino se consolidava, a defesa deixava lacunas e passaria a ser uma das prioridades do atual treinador.

Foram nove partidas oficiais, no total, e todas elas pelas Eliminatórias para o Mundial do Brasil/2014. Foram seis vitórias, dois empates e uma derrota. Em casa, a Argentina goleou o Chile, por 4×1, e o Equador, por 4×0. Além disso, fez 3×0 no grande rival do Rio da Plata, o Uruguai. Empatou com o Peru, em Lima, por um gol, e assustou seus torcedores ao empatar pela mesma contagem contra a Bolívia. Só que em Buenos Aires. Chama a atenção o fato de que a única derrota oficial de Sabella foi justamente para o rival de sexta-feira, a Venezuela, no feito histórico da Vinotinto, em Puerto La Cruz: 1×0.

No geral, a Argentina do Pachorra apresenta um saldo acima do positivo. Mais que isso, consegue, como poucas vezes nos últimos tempos, mostrar um favoritismo concreto à disputa de um futuro torneio mundial. A defesa ainda pode não ser a dos sonhos, mas já inspira muito mais confiança do que antes. O meio-campo e ataque tem jogadores de alto nível “saindo pelo ladrão”. Ou seja, nomes consagrados como os de Tevez e de surpresas como os de Scocco e Matías Suárez são deixados de lado por excesso de contingente. Porém, o que realmente faz a diferença na atual Albiceleste é o seu ataque. Neste caso, é impossível desassociar o seu sucesso da melhor fase na carreira do astro do Barcelona: Lionel Messi.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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