EspeciaisRacing

Há 55 anos, um brasileiro ajudava o Racing a vencer a Libertadores

“Já trocado, já acalmados os seus nervos – uma das deliciosas, mas temíveis, comidas chilenas lhe havia ocasionado a cólica que o obrigou a pedir relevo antes de finalizar o primeiro tempo –, estava em um cantinho. Humilde e calado. Sorridente, mas sem participar do burburinho geral. Como se sentisse-se coibido por esse estrondo vitorioso, a cuja explosão havia contribuído com o primeiro gol: ‘entramos juntos Basile e eu. Alcancei para testa-la antes… foi uma alegria enorme, sobretudo depois do gol que havia perdido sozinho frente a Domínguez’. Conta seu gol e volta a seu cantinho silencioso. O resto grita, se abraça, canta, ri e chora”.

As palavras acima, constantes na edição de número 2.500 da quase centenária revista El Gráfico (a qual circulou de 1919 a 2018!), referem-se ao curioso caso do saudoso João Cardoso. Nem sempre titular, o antigo ponta gaúcho acabou imortalizado no Racing e no futebol argentino como titular do primeiro time do país a ser campeão mundial, naquele 1967. Mas já havia sido protagonista meses antes, ao abrir o placar do jogo que valeu à Academia a sua primeira e ainda única conquista na Libertadores. Quando esse troféu completou 50 anos, republicamos essa entrevista feita com Cardoso. Nesse 29 de agosto, a trajetória encerrada diante do Nacional uruguaio completa 55 – após uma saga de vinte partidas, um recorde a qualquer campeão. Dessa vez, vale relembra-la em mais detalhes, incluindo a íntegra da matéria pós-título da El Gráfico, naquele mesmo número 2.500.

Contexto do Racing e os principais heróis

Moral não faltava ao Racing para aquela Libertadores. O River, que padeceu de um jejum entre 1957 e 1975, conseguira em 1966 uma pontuação que seria suficiente para fazer-lhe campeão argentino em qualquer outra temporada nos anos 60, menos justamente naquela: foi incapaz de competir com um Racing embalado por 39 jogos seguidos de invencibilidade, por mais que ela ironicamente terminasse justamente no confronto direto.

Nascia El Equipo de José, apelido carinhoso em referência ao treinador Juan José Pizzuti, maior lenda racinguista e cujas glórias como técnico acabaram ofuscando seu brilho imenso como antigo atacante do clube: no profissionalismo, ainda é o segundo maior artilheiro de La Acadé. Passado ainda fresco na época, a ponto de Pizzuti ter jogado no próprio rachão promovido pelo elenco na véspera da grande final.

Do time-base de 1966 para 1967, as mudanças foram pontuais. Lesionado em boa parte da campanha campeã argentina, o futuro ídolo santista Agustín Cejas retomava entre os goleiros a titularidade que Luis Carrizo (que até pudera jogar uma partida na Libertadores, a reservar participações até do outro goleiro do elenco, Antonio Spilinga) mantivera no título nacional – para, na avaliação pós-título, ser “tão bem em Santiago como em Montevidéu. Na linha ascendente de personalidade, reflexos, segurança e decisão para jogar em partidas assim”.

Se Cejas já estava em Avellaneda havia anos, o elenco titular de 1967 tinha decididamente dois reforços vindos de outros clubes em relação aos campeões argentinos de 1966: um era o próprio brasileiro Cardoso, em negociação direta com o próprio rival Independiente, onde perdera espaço após grave lesão. Sobre sua atuação há 55 anos, a El Gráfico pontuou que “jogou 39 minutos. Precisou sair por uma cólica. Perdeu um gol feito, mas marcou o primeiro com uma perfeita testada. Respondeu com acerto”. Ele acabaria ocupando na equipe base o lugar do artilheiro de 1966, Jaime Martinoli, que calhara de lesionar-se.

O brasileiro Cardoso é o primeiro agachado: Cejas, Basile, Perfumo, Díaz, Mori e Martín; ele, Rulli, Cárdenas, Raffo e Maschio

A outra novidade, curiosamente também ex-jogador do Independiente, veio a ser justamente o artilheiro racinguista naquele título, El Toro Norberto Raffo. Sobre o atacante trazido do Banfield, a revista descreveu que era “‘o jogador com mais moral do plantel’, segundo Roberto Perfumo, esteve no que dele se espera. Foi em todas. Buscou sempre. Concretizou o triunfo”.

Ainda sobre Raffo, houve um perfil complementar em outra nota: “foi um dos mais guerreiros, em Montevidéu e em Santiago, em seu duelo pessoal contra a fornida dupla Rogelio Domínguez-Luis Ubiña. Mas ao fim da partida, com o torso desnudo (a camisa alviceleste já era troféu de algum torcedor), foi cumprimentar um a um a todos os jogadores uruguaios, mostrando-se particularmente amável com Rogelio”.

O tal Rogelio Domínguez, agora adversário, era ele próprio um antigo ídolo racinguista e ali quase tornara-se o primeiro jogador a vencer a Libertadores e a Liga dos Campões da UEFA, pois aquele futuro flamenguista já havia participado do Real Madrid pentacampeão europeu. O Nacional tinha ainda outro argentino igualmente querido na Academia, o atacante Rubén Marqués Sosa, campeão argentino em 1958 e 1961 e colega de Domínguez na seleção enviada à Copa do Mundo de 1962. Mas tinha, sobretudo, muitos jogadores do Uruguai recém-campeão da Copa América, em fevereiro daquele 1967 em pleno clássico com a Albiceleste: Julio Montero Castillo (pai de Paolo Montero), Juan Mujica, Jorge Oyarbide e José Urruzmendi. E ainda o seu próprio brasileiro, o ex-corintiano Célio Taveira.

Célio não foi o único brasileiro com quem os argentinos cruzaram: o River tinha consigo o ex-vascaíno Delém, por exemplo. E na primeira fase o Santa Fe (do treinador Gabriel Ochoa Uribe, ex-goleiro do America-RJ e futuro técnico trivice da Libertadores com o “argentino” América de Cali nos anos 80) estava repleto de outros: Claudionor, Gelson, Waltinho e Odymar. Foi um hexagonal – que envolvia outro clube colombiano, o Independiente Medellín, a ter consigo outro velho ídolo racinguista, o endiabrado ponta Omar Corbatta; a dupla boliviana 31 de Octubre e Bolívar; e o River, classificado como vice-campeão argentino de 1966.

Já o vice-campeão brasileiro, o Santos, preferiu ausentar-se daquela Libertadores – seja por compromissos no Robertão, seja pelos lucrativos amistosos ao redor do mundo; entre março e agosto, Pelé e colegas enfrentaram longe do Brasil o Olimpia, as seleções senegalesa, gabonesa, congolesa, marfinense, um Munique 1860 que era o então campeão da Bundesliga (!) e por fim os clubes italianos Mantova, Venezia, Lecce, Fiorentina e Roma. Apenas o Cruzeiro representou os brasileiros e liderou com certa folga o seu grupo. Mas nem Tostão impediria a eliminação na segunda fase de grupos, onde a Raposa juntou-se nada menos que à dupla Nacional e Peñarol.

O grupo dos argentinos, por sua vez, foi liderado sem maiores sobressaltos pela dupla Racing e River – com direito a dois 6-0 seguidos aplicados pela Academia sobre o duo boliviano e até jogos em casa para menos de dez mil pagantes. O futuro campeão só teve uma derrota, com o atenuante de sofrê-la na altitude de La Paz (para o 31 de Octubre), onde, por outro lado, soube vencer com dois gols do brasileiro Cardoso o tradicional Bolívar – que contava com Eulogio Vargas, Raúl Álvarez e René Taritolay, argentinos naturalizados por uma Bolívia cujas selvas ainda abrigavam um vivíssimo Che Guvera. A maior complicação ali foi extracampo, quando o voo que transportava El Equipo de José desde Medellín causou pânico de um quase acidente, só amenizado quando o próprio treinador buscou doses de uísque aos pupilos após a aterrisagem.

À esquerda, o brasileiro Cardoso com Raffo e Cárdenas, os três com gols nas finais internacionais de 1967. Á direita, Cárdenas e Cardoso em 2007, na festa dos 40 anos do Mundial 

Essa memória ainda estava vívida a Cardoso, naquela entrevista que concedera ao Futebol Portenho: “não gosto nem de me lembrar! Eu e o Rulli, o meia-direita, éramos os que mais tínhamos medo de avião. Então viajávamos sempre um do lado do outro, rezando para não cair o avião. Quando chegamos daquela viagem, o Rulli ficou de cinco a dez minutos preso na cadeira, não conseguíamos arranca-lo do cagazo. E eu quase junto! A máquina de escrever de um repórter que nos acompanhava ficou no ar. Graças e Deus sobrevivemos. Quando parei de jogar, falei à minha mulher: “nunca mais me bote dentro de um avião!”. Viajo 20, 30 horas de ônibus para Buenos Aires, mas avião nunca mais!”.

Basile, por sua vez, deu um relato contrastante em 1969, um tempo em que fumo ainda era permitido a bordo, anos antes de uma bituca acarretar em famosa tragédia da Varig em Paris: “o mais incrível é que eu ia olhando pela janelinha como caía o aparato. Tinha um cigarrinho entre os dedos e olhava esperando o momento de nos estrelarmos contra a montanha. Não gritei, nem chorei, nem alcancei em desesperar-me… sei lá! De repente, pareceu como se alguém houvesse freado a queda do avião, se sacudiu um pouco, começou a ratear e saímos outra vez para cima… dentro era uma loucura… me pus a cantar ‘Ya lo ve, ya lo ve…’ para levantar os ânimos…”. Era o cântico de arquibancada para sempre associado àquele elenco: Ya lo ve, ya lo ve, El Equipo de José (algo como “já se vê, já se vê, a Equipe de José”).

A Libertadores ainda começava, mas a sobrevivência despertara em muitos a fé de que foi uma graça divina para que pudessem ser campeões. Racing e River vieram a se reencontrar no mesmo grupo da segunda fase, um quadrangular cujo líder avançava à decisão. O treinador millonario era Juan Carlos Lorenzo, técnico da Argentina nas Copas do Mundo de 1962 e 1966 e ele próprio futuro bicampeão da Libertadores justamente com o Boca (nos dois primeiros títulos auriazuis em La Copa, no bi de 1977-78). Mas ele não conseguiu reluzir em Núñez: já havia dado lugar ao preparador físico José D’Amico antes do fim da melancólica trajetória riverplatense. Pois quem realmente concorreu com o Racing foi o desacreditado Universitario.

Os peruanos realmente roubaram a cena, triunfando em um espaço de 48 horas dentro da Argentina sobre os dois gigantes: vencera pelo placar mínimo o River no Monumental em 13 de junho para, no dia 15, arrancar em Avellaneda uma inacreditável virada-relâmpago nos cinco minutos finais (em partida arbitrada pelo brasileiro Romualdo Arppi Filho, futuro juiz da consagração maradoniana em 1986), ela própria um troco da virada que La Acadé conseguira em Lima.

Aquele Universitario tinha dois futuros ícones da embrionária geração dourada do futebol peruano, o defensor Héctor Chumpitaz e o treinador Marcos Calderón, ambos futuros campeões da Copa América de 1975 com a seleção blanquirroja e integrantes dela no Mundial de 1978 (Chumpitaz iria já ao de 1970 também, com direito a tirar das eliminatórias uma Argentina cheia daqueles campeões de 1966-67 com o Racing). Acabou sendo mesmo preciso um jogo-extra entre os co-líderes do quadrangular. Foi na neutra Santiago, a mesma cidade que serviria de palco neutro para os jogos extras que se fizeram necessários na própria Libertadores e também no Mundial.

Um detalhe não menor é que o Racing também brigava em paralelo com o bicampeonato argentino. Juan Carlos Rulli, citado na declaração de Cardoso, já destacava isso na edição pós-título: “poucos valorizaram a façanha da equipe. Jogamos a Copa sem descuidar do campeonato. Chegamos à final do Metropolitano ao mesmo tempo em que estávamos fazendo um esforço muito grande, de muito desgaste nervoso, para nos classificarmos e jogarmos a final da Copa. Não sei quantas equipes argentinas poderão repetir uma campanha assim”.

Registro da estreia: 2-0 no River

O tempo lhe daria razão. Somente o Argentinos Jrs em 1985, o River em 1986 e o Boca em 2000 e 2003 conseguiram vencer o campeonato argentino e a Libertadores em um mesmo ano. Mas somente o Argentinos ganhou ambos em disputas simultâneas; em 1986, o Millo ganhara o campeonato nacional de 1985-86 ainda no primeiro semestre, enquanto a Libertadores desenrolou-se inteiramente no segundo. O inverso se comemorou em La Bombonera, campeã no primeiro semestre das Libertadores 2000 e 2003 para então faturar o Apertura, o torneio que ocorria nos segundos semestres. Na via oposta, o Estudiantes campeão em 1970 chegara a brigar contra o rebaixamento e o Vélez em 1994 desleixou-se totalmente do Clausura a ponto de ser antepenúltimo.

As campanhas simultâneas fizeram o técnico Pizzuti em dado momento a escalar formações alternativas ora em um torneio, ora em outro, conforme o risco de eliminação em cada um ou o espaço ínfimo de datas – chegou a haver na Libertadores jogos com apenas 48 horas de intervalos, tornando necessário o uso ocasional do Monumental de Núñez pelo Racing para recuperar o gramado do seu Cilindro; o Metropolitano dividira os clubes em dois grupos como turno e returno, com líderes e vice-líderes avançando para semifinais e finais em jogo único. A campanha rendeu o gostinho de eliminar o rival Independiente na semifinal, compromisso de peso em que Pizzuti não hesitou em utilizar os titulares.

Mas, a nove dias de começar a encarar o Nacional pelas finais continentais, o Racing acabou preferindo usar uma equipe mista diante do emergente Estudiantes na decisão doméstica. E foi sacolejado por 3-0, no estádio do San Lorenzo. Era a primeira vez desde o campeonato de 1929 que um time de fora dos “cinco grandes” (Boca, River, Racing, Independiente e San Lorenzo) vencia o campeonato argentino. Mas o futuro campeão da América soube perder: a edição da El Gráfico seguinte à conquista da equipe de La Plata registrou a visita cordial de Raffo e do xerife Roberto Perfumo ao vestiário do Estudiantes campeão, cujo presidente retribuía a gentileza: “agora, nosso desejo é acompanhar moralmente o Racing, apoia-lo, lutar ao lado de seus jogadores com o pensamento, para que ganhem a Copa Libertadores”.

Já o mandatário racinguista, Santiago Saccol, ressalvava e pedia: “não creio que isto afete moralmente os jogadores do Racing para além do que uma derrota afeta habitualmente… tivemos muito desfalques… sem Rulli, sem Perfumo… Maschio estava bichado, nem ia jogar… Coco Basile se distendeu… enfim, nos ganharam muito bem… o que peço é que não castiguem muito os rapazes… a performance tem atenuantes… e precisa, mais do que nunca, do estímulo de todos nós”. Mas, inicialmente, a Academia não saiu em casa do 0-0 contra um Nacional sedento para enfim ganhar também pela primeira vez a Libertadores, após testemunhar o rival Peñarol já campeão três vezes.

Em Montevidéu, contudo, o 0-0 se repetiu e a tranquilidade passou aos argentinos. A edição pós-título registrou que o rachão “muito divertido” realizado na véspera do jogo-extra contou não apenas com Pizzuti entre os jogadores, mas também com a massagista Luis Valverde – que já saboreara a Libertadores a serviço do rival Independiente, no bi do Rojo em 1964 e 1965. Jogaram em lados adversários, Pizzuti foi marcado implacavelmente a pauladas sem cerimônia e o time de Valverde ganhou, fazendo-o até gracejar que estava disposto a ser contratado para o lugar do veteraníssimo Humberto Maschio.

Essa atmosfera era vista como “bom sinal” da camaradagem interna nas brincadeiras e na seriedade, segundo o preparador físico Rufino Ojeda, a destacar que “no ano passado, em doze meses, jogamos 40 partidas. Neste ano, em oito, completamos nessa noite 50. É evidente que o esforço tem sido maior e deve admitir-se um maior desgaste físico. Além disso, a Copa exige também um grande esforço psíquico”. Estado mental era o forte de outro ex-Independiente campeão de 1964 e 1965 a agora defender o Racing, o volante Miguel Ángel Mori, que já se dizia “tricampeão” a trinta horas do pontapé inicial decisivo.

Registros da admirável esportividade dos vices do Nacional, confraternizando com os campeões

Eles não estavam sozinhos como argentinos em Santiago. Néstor Isella, Francico Bayo, Walter Jiménez, Roberto Saporiti (ex-Atlético Mineiro e futuro assistente da seleção campeã de 1978) e Mario Griguol, todos com passado em algum dos cinco grandes e na época jogadores de times chilenos, se juntariam às comemorações nos vestiários. E houve apoio explícito de um clube local, o Magallanes, devido à similaridade de uniformes e cuja torcida era liderada pelo ex-jogador racinguista Donato Hernández.

E as felicitações se estenderam até desde os próprios derrotados: em gesto impensável para a atualidade, alguns dos vice-campeões se juntaram à celebração que os argentinos faziam em seu hotel, no edifício Crillón. Foi o caso do treinador Roberto Scarone, de Montero Castillo, de Urruzmendi e de Milton Viera, quem marcara o gol uruguaio e que terminou gargalhando com o xerife argentino Alfio Basile sobre os golpes e insultos que haviam trocado no gramado. Ele próprio dera a ideia, após jantarem próximo do Crillón: “vamos ver os rapazes do Racing? A partida já terminou, eles ganharam e merecem que os felicitemos”. Deixaram também votos de boa sorte para o Mundial Interclubes, a ser travado contra um Celtic campeão europeu, do campeonato escocês, da Copa da Escócia e da Copa da Liga Escocesa na temporada europeia de 1966-67.

A revista El Gráfico aplaudiu muito: “há taças no alto e um brinde por este futebol do Rio da Prata, disposto a brigar, trocar golpes e insultos e odiar-se durante 90 minutos de guerra futebolística, mas sempre preparado para o abraço fraterno, sem amargura nem rancor. O gesto dos rapazes uruguaios vale espiritualmente. Mas tem mais mérito ainda quando se pensa que cada um deles perdeu nesta final a possibilidade de embolsar 300 mil”, em referência ao bicho que levariam em caso de inédito título do Tricolor.

Elogios também não faltaram aos demais campeões, de atuações assim descritas:

Oscar Martín: “cumpriu sua melhor performance do ano. Sóbrio, sério, seguro. Firme na marcação. Exato nos cruzamentos. Salvou na linha dois gols feitos”. Era o capitão e já lhe dedicamos este Especial.

Alfio Basile: “a mesma presença forte, imponente, firmíssima, ganhando em todas, acima e abaixo, no fundo da defesa. O mais importante do Racing”. Já dedicamos este Especial ao técnico da Argentina na Copa 1994.

Roberto Perfumo: “confirmou sua excepcional qualidade. Teve uma só falha e foi gol. Mas resolveu tantos problemas e salvou tantas partidas, que nem conta”. O futuro ídolo cruzeirense jogava sob infiltração após fissurar um dedo do pé direito. Já dedicamos este Especial a El Mariscal e este outro também.

Rubén Díaz: “após um começo vacilante, se afirmou, foi crescendo e terminou ganhando todo o seu setor. Impecável na antecipação e forte na frente”. Já dedicamos este Especial ao assistente técnico de Basile.

Miguel Ángel Mori: “dinâmico, fervoroso, tratando de desdobrar-se permanentemente na defesa e ataque. Quando Maschio perdeu a ‘manha’, perdeu ele também”.

Racing em Medellín com o Independiente local. O quarto agachado é o antigo ídolo racinguista Corbatta. Em pé, estão Raffo, Maschio, Rodríguez, Cárdenas, Basile, Cejas, Mori, Díaz, Perfumo, Rulli e Martín

Juan Carlos Rulli: “o jogador mais parelho da Copa, junto com Perfumo, no nível de seus antecedentes. Fez sentir sua tenacidade admirável na obstrução”.

Humberto Maschio: “teve influência decisiva nos grandes momentos do Racing. Lhe faltou continuidade, mas suas ‘aparições’ foram básicas para a equipe”. Já dedicamos este Especial a quem venceria a quem também venceria a Libertadores treinando o Independiente.

Juan Carlos Cárdenas: “melhor que em Montevidéu, sem chegar ao nível de sua máxima produção. Rotacionando, criando clarões. Lhe faltou perna nos contragolpes finais”. Talismã do título mundial, El Chango faleceu neste 2022 e lhe dedicamos este Especial.

Fernando Parenti: “entrou no lugar de Cardoso para cumprir uma missão ofensiva que choca com sua índole de meio-campista. Não brigou pelos rebotes nem esteve no contragolpe”. Parenti foi um dos reservas mais utilizados, a exemplo do polivalente uruguaio Nelson Chabay ou do atacante Néstor Rambert, décadas depois o primeiro técnico juvenil de Sergio Agüero no Independiente.

Abaixo, a ficha técnica do título, intercalada com os compromissos da campanha quase campeã argentina.

PRIMEIRA FASE – GRUPO 2

3 de março: 0-0 Newell’s para 3 mil pagantes no Cilindro.

8 de março, quarta-feira, Avellaneda, Cilindro, 48 mil, 2-0. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz; Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez (Jaime Martinoli 61); Norberto Raffo, Humberto Maschio e João Cardoso. T: Juan José Pizzuti. River: Hugo Gatti, Roberto Matosas, Juan Guzmán, Aníbal Bordón e Abel Vieytez, Jorge Solari (Daniel Onega 42), Daniel Bayo e Juan Carlos Sarnari, Ermindo Onega, Oscar Más e Juan Lallana. T: Juan Carlos Lorenzo. Árbitro: Ángel Coerezza (ARG). Gols: Raffo 12, Maschio 45.

12 de março: 3-2 Quilmes para 18 mil pagantes em Quilmes. Gols racinguistas de Maschio aos 17, Martinoli aos 76 e Parenti aos 80.

15 de março, quarta-feira, La Paz, Hernando Siles, 20 mil, 0-3. Racing: Agustín Cejas (Antonio Spilinga 46), Oscar Martín, Alfio Basile (Fernando Parenti 34), Roberto Perfumo e Rubén Díaz; Nelson Chabay, Juan Carlos Rulli e Humberto Maschio; Norberto Raffo, Jaime Martinoli e João Cardoso. T: Juan José Pizzuti. 31 de Octubre: Isaac Álvarez, Roberto Fresco, Hernán Cayo, Alfredo Ávila e Jaime Salas, Fausto Larrazábal, Jaime Ballivián e Edgar Quinteros, Hugo Yépez, René Rada e Raúl Gutiérrez. T: Mario Calderón. Árbitro: Mario Zárate (PAR). Gols: Ballivián 13, Quinteros 45, Yépez 47.

19 de março: 3-0 Argentinos Jrs para 9 mil pagantes no Cilindro. Gols de Chabay aos 67, Perfumo aos 88 e Maschio aos 90.

Foto conjunta em Bogotá com o Santa Fe. O último agachado é o goleiro racinguista Luis Carrizo, reserva que acabou jogando aquela partida. Em pé, estão Martín, Rulli, Díaz, Cárdenas, Mori, Raffo, Cejas, Maschio, Perfumo, Rodríguez e Basile

26 de março, domingo, Medellín, Atanasio Girardot, 14,5 mil, 2-0. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz; Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli (Fernando Parenti 45) e Juan José Rodríguez; Norberto Raffo, Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas. T: Juan José Pizzuti. Independiente Medellín: Floreal Rodríguez, José Galeano, Héctor Echeverri, Óscar García e Mario Agudelo, Perfecto Rodríguez, Omar Devanni e Héctor Molina, Uriel Cadavid, Rodolfo Ávila e Omar Corbatta. T: Francisco Hormazábal. Árbitro: Juan Carlos Robles (CHI). Gols: Maschio 65, Raffo 86.

22 de março: 1-1 Colón para 11 mil pagantes no Cementerio de Elefantes. Gol racinguista de Raffo aos 89.

29 de março, quarta-feira, Bogotá, El Campín, 20 mil, 2-1. Racing: Luis Carrizo, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz; Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez (Néstor Rambert 45); Norberto Raffo, Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas. T: Juan José Pizzuti. Santa Fe: Pablo Centurión (Osvaldo Ayala 45), Orlando Marín, Pedro Galeano, Claudionor e Pedro Díaz, Alfonso Cañón, Hernando Piñeros (Efraín Padilla 45) e Gelson, Delio Gamboa, Waltinho e Ignacio Pérez. T: Gabriel Ochoa Uribe. Árbitro: Juan Carlos Robles (CHI). Gols: Maschio 30, Maschio 53, Gamboa 84.

3 de abril: derrota de 2-1 para o Estudiantes para 20 mil pagantes no Cilindro. Gol racinguista de Rodríguez aos 58.

5 de abril, quarta-feira, La Paz, Hernando Siles, 15 mil, 2-0. Racing: Luis Carrizo, Antonio Manilo, Nelson Chabay, Roberto Perfumo e Rubén Díaz; Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Fernando Parenti, Néstor Rambert (Juan Carlos Cárdenas 44); Norberto Raffo e João Cardoso. T: Juan José Pizzuti. Bolívar: Arturo López, Raúl Álvarez, Mario Rojas, Jorge Reyes e Carlos Di Lorenzo, Eulogio Vargas, Walter Costa e Abdúl Aramayo, Isaac Mollnedo, Osvaldo Franco e Ramiro Blacut. T: Freddy Valda. Árbitro: José Larrosa (URU). Gols: Cardoso 22, Raffo 34.

9 de abril: 4-1 Huracán para 17 mil pagantes no Ducó. Gols racinguistas de Rodríguez aos 22, Raffo aos 52, João Cardoso aos 68 e Rodríguez aos 84.

13 de abril: 2-1 Lanús para 6 mil pagantes no Cilindro. Gols racinguistas de Perfumo aos 27 e Raffo aos 89.

18 de abril, terça-feira, Buenos Aires, Monumental de Núñez, 25 mil, 5-2. Racing: Antonio Spilinga, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Fernando Parenti e Juan José Rodríguez, Humberto Maschio (Néstor Rambert 38), Jaime Martinoli e Juan Carlos Cárdenas. T: Juan José Pizzuti. Independiente Medellín: Floreal Rodríguez, Jaime Salazar, Marcelo Juárez, José Galeano e Héctor Echeverri, John Jaramillo, Rodolfo Ávila e Perfecto Rodríguez (Harvey Colonia), Omar Devanni Uriel Cadavid e Omar Corbatta. T: Francisco Hormazábal. Árbitro: Héctor Ortiz (PAR). Gols: Díaz 17, Basile 19, Martinoli 28, Devanni 67, Martinoli 72, Colonia 88, Rambert 89.

20 de abril, quinta-feira, Avellaneda, Cilindro, 35 mil, 4-1. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Humberto Maschio, Norberto Raffo, Juan Carlos Cárdenas (Juan José Rodríguez 40) e João Cardoso. T: Juan José Pizzuti. Santa Fe: Osvaldo Ayala, Orlando Marín, Pedro Galeano, Claudionor e Odymar (Ignacio Pérez 40), Pedro Díaz (expulso 43), Alfonso Cañón e Waltinho, Hernando Piñeros, Marino Klinger e Delio Gamboa. T: Gabriel Ochoa Uribe. Árbitro: José Larrosa (PAR). Gols: Cárdenas 4, Raffo 19, Cardoso 49, Gamboa 75, Raffo 88.

23 de abril: 1-0 Atlanta para 15 mil pagantes no León Kolbowski. Gol de João Cardoso aos 21 – curiosamente, o brasileiro foi expulso aos 30 por “forte infração”.

30 de abril, 2-1 Boca para 23 mil pagantes no Cilindro. Gols racinguistas de Rodríguez, aos 23 e aos 68.

O Universitario foi talvez o adversário mais complicado: o time bege foi o único a vencer em Avellaneda os campeões da América

2 de maio, terça-feira, Avellaneda, Cilindro, 10 mil, 6-0. Racing: Agustín Cejas, Antonio Manilo, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Nelson Chabay, Miguel Ángel Mori (Rodolfo Vilanoba), Fernando Parenti e Humberto Maschio, João Cardoso, Juan Carlos Cárdenas e Juan José Rodríguez. T: Juan José Pizzuti. 31 de Octubre: Isaac Álvarez, Alfredo Guzmán, Hernán Cayo, Alfredo Ávila e José Ferrufino, Jaime Salas, Fausto Larrazábal (Alfredo Soria 15) e Hugo Yépez, René Rada, Edgar Quinteros e Raúl Gutiérrez. T: Mario Calderón. Árbitro: Claudio Vicuña (CHI). Gols: Perfumo 3 (pênalti), Parenti 11, Cárdenas 13, Cárdenas 74, Maschio 78, Cárdenas 84.

4 de maio, quinta-feira, Buenos Aires, Monumental de Núñez, 10 mil, 6-0. Racing: Antonio Spilinga, Antonio Manilo, Alfio Basile (Rodolfo Vilanoba 42), Roberto Perfumo e Nelson Chabay, Juan Carlos Rulli, Fernando Parenti e Juan José Rodríguez, Néstor Rambert, Jaime Martinoli e Juan Carlos Cárdenas. T: Juan José Pizzuti. Bolívar: René Lafuente, Raúl Álvarez, Roger Wilis, Mario Rojas e Carlos Di Lorenzo, Eulogio Vargas, René Taritolay e Walter Costa, Fortunato Castillo Abdúl Aramayo e Ramiro Blacut. T: Freddy Valda. Árbitro: Claudio Vicuña (CHI). Gols: Cárdenas 14, Rambert 41, Rodríguez 53, Parenti 70, Cárdenas 79, Cárdenas 83.

7 de maio, derrota de 1-0 para o Independiente para 27 mil pagantes no Cilindro.

11 de maio, quinta-feira, Buenos Aires, Monumental de Núñez, 2 mil, 0-0. Racing: Antonio Spilinga, Oscar Martín, Nelson Chabay, Roberto Perfumo e Antonio Manilo, Juan Carlos Rulli, Fernando Parenti e Néstor Rambert (Oscar Cáceres 40), Norberto Raffo, Juan Carlos Cárdenas e João Cardoso. T: Juan José Pizzuti. River: Amadeo Carrizo, Carlos Sainz, Roberto Matosas, Juan Guzmán (Carlos Panizo 31) e Eduardo Grispo, Daniel Bayo, Juan Carlos Sarnari e Daniel Onega, Oscar Más, Juan Lallana e Luis Cubilla. T: Juan Carlos Lorenzo. Árbitro: Ángel Coerezza (ARG)

14 de maio, 0-0 Vélez para 23 mil pagantes no José Amalfitani.

21 de maio, 0-0 Newell’s para 7 mil pagantes no Coloso del Parque.

26 de maio, 1-1 Quilmes para 2 mil pagantes no Cilindro. Gol racinguista de Perfumo aos 69.

QUADRANGULAR-SEMIFINAL – GRUPO A

1º de junho, quinta-feira, Buenos Aires, Monumental de Núñez, 35 mil, 0-0. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez, Norberto Raffo (Fernando Parenti 38), Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas. T: Juan José Pizzuti. River: Amadeo Carrizo, Carlos Sainz, Carlos Panizo, Roberto Matosas e Juan Guzmán, Roberto Zwyca, Jorge Solari (Daniel Bayo 14) e Daniel Onega, Oscar Más, Luis Cubilla e José Luis Cruz. T: Juan Carlos Lorenzo. Árbitro: Aurelio Bossolino (ARG).

4 de junho, 2-0 Argentinos Jrs para 12 mil pagantes no León Kolbowski. Gols racinguistas de João Cardoso, aos 17 e aos 60. Escalação predominantemente reserva.

7 de junho, quarta-feira, Lima, Nacional, 20 mil, 2-1. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez (João Cardoso 45), Norberto Raffo, Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas. T: Juan José Pizzuti. Universitario: Rubén Correa, Luis La Fuente, Pedro González, Nicolás Fuentes e Héctor Chumpitaz, Luis Cruzado, Roberto Challe e Víctor Calatayud, Ángel Uribe, Víctor Lobatón e Enrique Casaretto. T: Marcos Calderón. Árbitro: Isidro Ramírez (PAR). Gols: Casaretto 4, Raffo 30, Raffo 36.

11 de junho, 2-1 Colón para 3 mil pagantes no Cilindro. Gols racinguistas de Parenti aos 5 e Rodríguez aos 51. Escalação predominantemente reserva.

15 de junho, quinta-feira, Avellaneda, Cilindro, 5 mil, 2-1. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez, Norberto Raffo, Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas (Fernando Parenti 38). T: Juan José Pizzuti. Universitario: Rubén Correa, Luis La Fuente, Pedro González, Nicolás Fuentes e Héctor Chumpitaz, Luis Cruzado, Roberto Challe e Víctor Calatayud, Ángel Uribe, Enrique Rodríguez e Enrique Casaretto. T: Marcos Calderón. Árbitro: Romualdo Arppi Filho (BRA). Gols: Maschio 77, Challe 85, Calatayud 88.

Antonio Spilinga, Rodolfo Vilanoba, Oscar Gómez, Lázaro Bouzas, Ernesto Wolff e Julio Peluffo; Oscar Cáceres, Fernando Parenti, João Cardoso, Luís Cláudio (dois brasileiros) e Néstor Rambert: alguns desses reservas figuraram na Libertadores

18 de junho, derrota de 1-0 para o Estudiantes no José Luis Hirschi. Escalação predominantemente reserva.

22 de junho, quinta-feira, Santiago, Nacional, 32,355 mil, 2-0. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez, Norberto Raffo, Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas (Fernando Parenti 38). T: Juan José Pizzuti. Colo-Colo: Simón Kuzmanić, Alberto Valentini, Óscar Montalva, Humberto Cruz e Óscar Claría, Orlando Aravena, Francisco Valdés e Víctor Zelada, Mario Moreno, Elson Beyruth e Pablo Astudillo. T: Pedro Morales. Árbitro: José Larrosa (PAR). Gols: Raffo 3, Raffo 70.

25 de junho, 0-0 Huracán para 7 mil pagantes no Cilindro. Time misto.

28 de junho, quarta-feira, Avellaneda, Cilindro, 5 mil, 3-1. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Rodolfo Vilanoba, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez, Norberto Raffo (Jaime Martinoli 39), Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas. T: Juan José Pizzuti. Colo-Colo: Ricardo Storch, Alberto Valentini, Óscar Montalva, Humberto Cruz e Óscar Claría (Hugo Lepe 36), Orlando Aravena, Francisco Valdés e Mario Moreno, Elson Beyruth, Jaime Bravo e Pablo Astudillo. T: Pedro Morales. Árbitro: José Larrosa (PAR). Gols: Rodríguez 20, Rodríguez 23, Beyruth 81, Rodríguez 86.

2 de julho, 2-1 Lanús para 15 mil pagantes em La Forteleza. Gols racinguistas de Díaz aos 53 e Raffo aos 66.

8 de julho, 2-2 Atlanta para 5 mil pagantes no Cilindro. Gols racinguistas de Maschio aos 33 e Basile aos 52.

12 de julho, quarta-feira, Avellaneda, Cilindro, 40 mil, 3-1. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Nelson Chabay, Fernando Parenti, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez, Norberto Raffo, Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas. T: Juan José Pizzuti. River: Hugo Gatti, Abel Vieytez, Roberto Morcillo, Roberto Matosas e Juan Guzmán, Jorge Dominichi, Daniel Bayo e Juan Lallana, Delém, Luis Cubilla e José Luis Cruz. T: José D’Amico. Árbitro: Ángel Coerezza (ARG). Gols: Rodríguez 25, Raffo 27, Cruz 30, Raffo 69.

JOGO-DESEMPATE DO QUADRANGULAR

16 de julho, 0-0 Boca para 15 mil pessoas em La Bombonera. Escalação predominantemente reserva, retratada na imagem acima. Diante da recusa do presidente boquense Alberto Jacinto Armando em adiar a partida, Pizzuti usou praticamente o time B com alguns enxertos, estreando no time adulto o futuro astro Ernesto Wolff. Jogaram juntos pelo Racing os brasileiros João Cardoso e Luís Cláudio, utilizado apenas naquela vez na temporada pelo time principal e logo negociado com o Flamengo.

18 de julho, quarta-feira, Santiago, Nacional, 50 mil, 2-1. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Nelson Chabay, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez, Norberto Raffo, Humberto Maschio e Juan Carlos Cárdenas (Fernando Parenti 45). T: Juan José Pizzuti. Universitario: Rubén Correa, Luis La Fuente, Pedro González, Nicolás Fuentes e Héctor Chumpitaz, Luis Cruzado, Roberto Challe e Víctor Calatayud, Ángel Uribe, Víctor Lobatón e Enrique Casaretto (Tomás Iwasaki 15). T: Marcos Calderón. Árbitro: Antônio Viug (BRA). Gols: Raffo 38, Calatayud 58 e Raffo 67.

FINAIS

23 de julho, 3-0 Independiente para 21 mil pessoas na Doble Visera. Gols racinguistas de Raffo aos 13, Maschio aos 44 e Raffo aos 88.

O Nacional saúda o Cilindro, em foto que destaca o goleiro argentino Rogelio Domínguez, ele próprio antigo ídolo racinguista. Já havia brilhado no Real Madrid e se aposentaria no Flamengo

1º de agosto, 1-1 Vélez para 8 mil pagantes no Cilindro. Gol racinguista de Maschio aos 41.

4 de agosto, 2-0 Independiente para 31 mil pagantes no Cilindro pela semifinal do Metropolitano. Gols racinguistas de Maschio aos 15 e Raffo aos 56.

6 de agosto, derrota de 3-0 para o Estudiantes para 60 mil pagantes no Gasómetro pela final do Metropolitano. Time misto: Antonio Spilinga, Oscar Martín, Oscar Gómez, Alfio Basile e Nelson Chabay, Fernando Parenti, Miguel Ángel Mori e Juan José Rodríguez, João Cardoso, Norberto Raffo e Humberto Maschio.

15 de agosto, terça-feira, Avellaneda, Cilindro, 55 mil, 0-0. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Juan José Rodríguez, Norberto Raffo, Humberto Maschio e Jaime Martinoli. T: Juan José Pizzuti. Nacional: Rogelio Domínguez, Emilio Álvarez, Juan Mujica, Jorge Manicera e Luis Ubiña, Julio Montero Castillo, Víctor Espárrago e Milton Viera, José Urruzmendi, Rubén Sosa e Célio. T: Roberto Scarone. Árbitro: César Orosco (PER).

25 de agosto, sexta-feira, Montevidéu, Centenario, 60 mil, 0-0. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Humberto Maschio, Norberto Raffo, Juan Carlos Cárdenas e João Cardoso. T: Juan José Pizzuti. Nacional: Rogelio Domínguez, Emilio Álvarez, Juan Mujica, Jorge Manicera e Luis Ubiña, Julio Montero Castillo, Víctor Espárrago e Milton Viera, José Urruzmendi, Rubén Sosa e Célio. T: Roberto Scarone. Árbitro: César Orosco (PER).

29 de agosto, terça-feira, Santiago, Nacional, 50 mil, 2-1. Racing: Agustín Cejas, Oscar Martín, Alfio Basile, Roberto Perfumo e Rubén Díaz, Miguel Ángel Mori, Juan Carlos Rulli e Humberto Maschio, Norberto Raffo, Juan Carlos Cárdenas e João Cardoso (Fernando Parenti 45). T: Juan José Pizzuti. Nacional: Rogelio Domínguez, Emilio Álvarez, Juan Mujica, Jorge Manicera e Luis Ubiña, Julio Montero Castillo, Víctor Espárrago e Milton Viera, José Urruzmendi, Julio Morales (Jorge Oyarbide) e Célio. T: Roberto Scarone. Árbitro: Rodolfo Pérez (PAR). Gols: Cardoso 13, Raffo 43 e Viera 79.

Abaixo, a íntegra da matéria principal da El Gráfico pós-título, assinada por Julio César Pasquato, o Juvenal – respeitando-se o tamanho e os caps locks do texto original:

O RACING NOS DEVOLVEU A COPA

A Taça Libertadores voltou à República Argentina. E foi outra vez uma equipe de Avellaneda que nos brindou essa satisfação. Em 1965 e 65, foi o Independiente. Agora é o Racing. Este Racing que tomamos como bandeira de uma revolução futebolística e que, logo de um momentâneo declínio no que tem sido a chave de seus êxitos – SUA DINÂMICA LIDANTE COM A VERTIGEM – voltou a nos brindar duas convincentes demonstrações de PERSONALIDADE FUTEBOLÍSTICA ao término de 100 horas.

O gol de João Cardoso: a marcação uruguaia se preocupou com o caído Basile enquanto o brasileiro convertia de cabeça – para sair comemorando, à esquerda

Há duas sextas-feiras, no estádio Centenário, o campeão argentino demonstrou que ninguém vai leva-lo adiante por atrevimento, passando uma borracha em uma lenda de “machos” e “frouxos”, de “touros” e “chorões”, que vinha dos anos 30… Na terça-feira anterior, em Santiago do Chile, o Racing produziu os melhores 45 minutos que temos visto nessa Copa, resolveu a partida a seu favor nesse lapso e, se bem precisou suportar um final apertado, quase de angustia, manteve com firmeza defensiva o que havia gestado com agilidade ofensiva e trouxe a taça para Avellaneda…

SUPERIORIDADE CLARA. O Racing ganhou muito bem. Sem discussão. Somou mais acertos e cometeu menos erros que seu adversário. Atacando ou defendendo, o Racing prevaleceu sempre por maior dotação de recursos, de ritmo e de matizes. Homem por homem, linha por linha, equipe por equipe, o Racing tirou vantagens.

O campeão uruguaio não alcançou a mostrar em sua formação homens da estirpe de Perfumo (em recursos), Basile (em segurança e presença), Martín (precisão de fechamentos e saída de bola), Mori (desdobramento defensivo-atacante), Maschio (cerebração clara e limpeza de execução) ou Cejas (goleiro com reflexos e domínio da área). Mujica, que foi sua melhor saída ao ataque na segunda parte (erro do Racing ao não tapar seu arranque), defensivamente foi muito frouxo e tomando a média de rendimento, perde na comparação com seu colega argentino Rubén Díaz. Célio Taveira se mostrou novamente como o mais dotado – por força de pegada, espírito de luta e tenacidade na procura – dos atacantes presentes no campo. Mas careceu de acompanhamento. De encaixe. Os bons momentos de Viera, Urruzmendi e Oyarbide não bastaram para travar uma coordenação de manobra clara e profunda com o piloto brasileiro. Ofensivamente, o Nacional se manobrou à base de esforços individuais. E então, a soma de Raffo mais Cárdenas mais Cardoso mais o desengate de Maschio ou Mori lançou melhor saldo aritmético e futebolístico que a solidão de Célio atirando-se em dois rivais de cima e chocando com um terceiro.

O golaço de Raffo: desequilibrou Mujica só com o gingado e entortou também Milton Viera antes de tocar na saída de Domínguez. A jogada começara com Díaz pela lateral-esquerda, que triangulou com Maschio e tocou a Parenti – que serviu então para Cárdenas cruzar desde a ponta-direita ao artilheiro

A descontinuidade de Maschio, com 25 minutos brilhantes, 5 de apagão, outros 10 brilhantes, 10 de ausentismo, outros 10 muito bons e os 15 finais flutuantes entre presente e ausente, marcou a curva do rendimento coletivo. À maneira de termômetro, Maschio foi dando os tons de luz e de sombra no que o Racing se moveu. Mas o importante foi que, ao conjuro dos momentos brilhantes do Bocha, todo o Racing se galvanizou, se amalgamou e se brindou como uma força brilhante. O futebol solto, vivaz, ágil, mutável, preciso e profundo que concretizou o quadro de Avellaneda nesses momentos que Maschio teve “a manha” não foi equiparado em nenhum instante por similar produção da onzena tricolor. Quando Maschio se apagou, Montero Castillo lidou à base de operações no centro do terreno, flanqueado por Viera e Espárrago e, ao final, também por Mujica. Mas essa conjunção nunca alcançou a irradiar a claridade do jogo, a riqueza conceitual que o Racing mostrou sob a batuta de Maschio. Serviu simplesmente para que o Nacional tivesse a bola (ganhando todos os rebotes), lançasse cargas e fabricasse choques na área do Racing. De um desses choques, sobreveio o único erro de Perfumo (na partida e acreditamos que na Copa), que Veira concretizou na rede. A partir desse momento, aconteceu oque acontece quase sempre que uma equipe derrotada por 2-0 se coloca a um gol de diferença. O que busca o empate cresce animicamente. O que pode ver comprometida sua vitória se faz mais cauteloso, digamos que mais receoso. Máximo nesse caso. Porque não se trava de uma partida qualquer. ERA UMA FINAL DE TAÇA. E temos visto a famosíssima Inter ESPECULAR NOVENTA MINUTOS COM UM RESULTADO para conseguir um título continental e/ou mundial. E obtido esse resultado, TEMOS CANTADO LOAS AO SEU FUTEBOL PRÁTICO E REALISTA.

TUDO A SEU TEMPO. O Racing se desenhou como equipe nesses 12 minutos finais. Mas manteve sua firmeza como DEFESA. Individualmente ou em bloco, o Nacional nunca ofereceu em suas linhas extremas a sensação de solvência, de superioridade no controle da situação, que mostrou o Racing quando foi atacado. E não falamos da retaguarda uruguaia quando se adiantaram em campo Mujica, Cococho e Ubiña, deixando um pouco mais atrás Manicera. Nessas circunstâncias, poderia aceitar-se que os contra-ataques do Racing, com muito terreno por adiante, encontrassem facilidades para progredir e chegar. Comparamos ambas as diferenças no momento em que cada uma delas foi atacada, e a do Racing tira natas vantagens. Homem por homem e em bloco.

O binômio Perfumo-Basile superou amplamente o duo Manicera-Álvarez. Os acertos do Cococho (ou as desculpas que possam esgrimir-se para salvar de críticas a gestão do gigantesco moreno, vistos os problemas que lhe criaram seus companheiros de linha) ficam muito longe da perfeita gestão de Basile saindo, esperando, cruzando, antecipando, interceptando ou “cortinando”. Entre Perfumo e Manicera, houve tanta distância como a de Buneos Aires ou Montevidéu a Santiago. Martín triunfou com amplitude frente a Ubiña, e já temos visto como o trabalho global de Díaz foi mais producente que a produção de Mujica. O cotejo Cejas-Rogelio Domínguez (hoje vs. ontem no arco e no Racing) voltou a consagrar a jovem aptidão, na alça de confiança, que mostra o goleiro do Racing.

O gol de Milton Viera, aproveitando de uma escorregada do lesionado Perfumo em lance que parecia fácil ao xerife argentino

O MELHOR DO RACING. Os 45 minutos iniciais nos brindaram o melhor do Racing na Copa. Superior ao muito bom desempenho que vimos nesse mesmo estádio um mês atrás, na luta decisiva contra o Universitario. Nessa noite, o Racing trabalhou bem, atrás e no meio campo. Teve arranque, teve sentido comunitário da progressão sobre o terreno, tocando para atrás e às laterais até encontrar o momento de meter a machadada em profundidade. Mas não alcançou a clareza de chegada que exibiu nesta vez contra o Nacional.

Talvez a atuação que mais se aproxime desta final no Chile tenha sido a de seu primeiro compromisso na Copa, quando derrotou o River em Avellaneda por 2-0. Naquela oportunidade, o Racing foi um ganhador nato e total. Mas não podemos fazer abstração das circunstâncias que rodearam uma e outra partida. Aquele era o primeiro encontrão entre um Racing armado e vital, sem a “baqueta” desses últimos cinco meses, e um River ainda traumatizado por seus velhos fracassos e seu novo binômio técnico (Lorenzo-González García). ESTA FOI UMA FINAL DE COPA.  EM TERCEIRA INSTÂNCIA, DEPOIS DE UMA DECEPCIONANTE ATUAÇÃO DO RACING EM AVELLANEDA, DEPOIS DE UM ENCORAJAMENTO COM APENAS UNS CENTAVOS DE FUTEBOL EM MONTEVIDÉU. UMA FINAL CONVERSADA, ENREDADA, DISCUTIDA, BRIGADA, FORÇADA E ÁSPERA.

Afortunadamente para o futebol e para o futuro da Copa, HOUVE MAIS FUTEBOL EM CINCO MINUTOS DESTA ÚLTIMA PARTIDA QUE NOS 180 ANTERIORES. E o protagonista destacado desse melhor futebol foi o campeão argentino.

Acreditamos, sem que isto signifique diminuir ou empalidecer o mérito dessa conquista do Racing, que a EQUIPE DE JOSÉ não chegou a render frente o Nacional em ritmo, potência, surpresa e dinâmica nem o setenta por cento do que foi sua produção habitual de setembro a novembro do ano anterior. O RACING DEU MAIS. E O RACING PODE DAR MAIS. Consideramos que DEVE DAR MAIS PARA QUANDO CHEGUE O MOMENTO DE DISPUTAR CONTRA OS ESCOCESES A COPA DO MUNDO.

No primeiro período do encontro em Santiago, o quadro alviceleste pôde definir comodamente por vários gols. Lhe faltou algo mais de potência na chegada à zone de arremate. Se o Racing houvesse enfrentado no nível de produção de 1966 o Nacional, com as vantagens que o Nacional deu na defesa, afirmamos que a partida estava PARA GOLEADA. Essa perspectiva catastrófica para o pessoal de Scarone se manteve latente na segunda parte, quando o Racing cedeu a iniciativa e ficou com o contra-ataque. Parenti, mais meio-campista que atacante nato, tirou celeridade e surpresa de contragolpe. Talvez a presença de J.J. Rodríguez, já iniciada à conta em favor do Racing e já definida a luta como partida de futebol e não como um combate de boxe ou de luta livre, houvesse dado ao Racing a precisão de toque à meia distância e a facilidade para explorar espaço vazios, que perdeu ao sair João Cardoso.

De todos os modos, o importante, o fundamental, é que a Copa tenha voltado à Argentina. E trouxe-a a equipe que melhor pôde representar neste momento a inquietude argentina, por romper moldes caducos, fórmulas vazias de vocação atacante e vitalidade ganhadora. De um quadro que, mesmo no erro, tem SIGNO E MENTALIDADE POSITIVOS.

Esportividade uruguaia ainda no gramado, com o cumprimento de Emilio “Cococho” Álvarez (jogador recordista de partidas no Nacional) a Raffo

https://twitter.com/RacingClub/status/1564342125872836608

https://twitter.com/RacingClub/status/1564245475003449344

https://twitter.com/RacingClub/status/1564387425383768065

https://twitter.com/afa/status/1564281725542211585

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

3 thoughts on “Há 55 anos, um brasileiro ajudava o Racing a vencer a Libertadores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

dezoito + 15 =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.